domingo, outubro 30, 2011

républica dos "bananas"

Para a Cimeira Ibero-Americana, que decorre no Paraguai, Aníbal Cavaco Silva arrasta atrás dele um séquito de 23, no qual se incluem mordomo e médico pessoal. O mesmo Presidente, que se eternizou na célebre frase "Ninguém está imune aos sacrifícios", já tinha suscitado consternação aquando da visita aos Açores em Setembro, por se ter feito acompanhar de uma comitiva de 30 pessoas, entre as quais estavam o chefe da casa civil e sua esposa, quatro assessores, dois consultores, um médico pessoal, uma enfermeira, dois bagageiros, dois fotógrafos oficiais, um mordomo e 12 agentes de segurança. Já recentemente Cavaco Silva recebeu as credenciais de seis embaixadores tendo cada um sido acompanhado por 60 cavalos e charanga da GNR.
É o que dá ser-se Rei de uma Republica. A Presidência receber por ano mais de 14 milhões de euros, o dobro do orçamento da Casa Real Espanhola.
(Retirado imagem e texto do Wehavekaosingarden)

A nova Líbia "democrática"

sábado, outubro 29, 2011

economia de subsistência...ou solidária

Há por aí quem fale já em retornar á economia de subsistência...ou solidária...

entretanto o pequeno agricultor...não sabe o que fazer...não consegue comer os nabos todos...a batata sai-lhe mais cara do que ir comprá-la ao Continente...não pode vender uma galinha...nem um cabrito...nem as couves lá no mercado á Quarta-feira sem guia de transporte... tem de ter aterro sanitário...seguro contra insectos e maus cheiros nas redondezas... rede de protecção da gripe das aves...contabilidade organizada ...avença com veterinário...e linha de crédito aprovada...

....quanto a conservação dos ovos o melhor é contratar empresa de frio e desinfecção.... por que se não aí vem a ASAE...com os regulamentos todos da UE.....debaixo do braço...

...isto faz-me lembrar o endividado paisano campónio... que um dia é convidado a jantar com o Senhor Conde...

...só tem um resultado...ou sai pobre de espírito ou revolucionário...
(Anónimo disse)

quinta-feira, outubro 27, 2011

ASSIM SE FARÁ, AMEN



quarta-feira, outubro 26, 2011

Que estratégia para o desenvolvimento?

OS PAÍSES DA U.E. COM SALÁRIOS MAIS ELEVADO SÃO OS MAIS COMPETITIVOS
A análise empírica prova, contrariamente ao discurso oficial dominante nos media, que os países mais competitivos da União Europeia são precisamente os que têm salários mais elevados. Os dados oficiais do quadro seguinte provam isso:

OS PAISES DA UE COM MELHOR DISTRIBUIÇÃO DO RENDIMENTO SÃO OS MAIS COMPETIVOS
Tal como se constatou em relação aos salários, também em relação à repartição do rendimento a experiência empírica revela que existe uma clara correlação positiva entre competitividade e distribuição do rendimento a nível da UE. Efectivamente como mostram os dados do quadro seguinte, uma elevada competitividade está associada a uma melhor repartição do rendimento.




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terça-feira, outubro 25, 2011

Porque não?

Porque não aumentamos a dívida pública e deixamos cair a banca?
Grande parte da preocupação pela dívida pública visa apenas criar alarme e obrigar os países a aplicarem os draconianos planos de austeridade que, como está mais que demostrado, enterram mais a economia real. O que se pretende ocultar, é que o problema da dívida não foi dos governos senão da banca e das instituições privadas.
Para cúmulo, grande parte do endividamento público gerado a partir de 2007 deve-se, justamente, aos esforços dos governos para resgatar uma banca vítima da sua própria mordaça: a alavancagem.
Os problemas da economia não têm nada a ver com a dívida pública senão expressamente com a dívida privada. E, é justamente o sector privado aquele que pressiona, através das agencias de qualificação, por um pronto resgate, o que quer dizer, injectar muito dinheiro que os contribuintes deverão pagar nas próximas décadas. Exige-se um mínimo de dois bilhões de euros para resgatar a banca europeia, enquanto se obrigam os países a aplicar massivos estrangulamentos orçamentais a sectores chave da economia como a saúde, a segurança e a educação.
Este dinheiro público que se injecta no sector privado não vai para a criação de escolas ou hospitais. Destina-se expressa e exclusivamente a tapar os buracos de um sistema financeiro que está prestes a ruir, produto da fraude massiva no período expansivo. É, portanto, um dinheiro destinado a desaparecer no grande buraco negro das finanças sem que gere nenhum impulso revitalizador na economia.
Criou-se o mito de que sem o sistema financeiro nada pode funcionar. Crê-se que é a profunda interconexão do sistema financeiro o que facilita a vida na Terra e que sem uma banca funcionando as 24 horas do dia voltaríamos à idade da pedra. Isto é falso.
Se Goldman Sachs, JP Morgan, Deutsche Bank ou Credit Suisse, desaparecessem da face da Terra tudo seguiria exactamente na mesma. Ao contrário, se fecharem as escolas, os hospitais, os poços de petróleo ou os laboratórios, aí sim, ocorreria algo de grave. A riqueza real mede-se pela capacidade produtiva de una economia e não pela capacidade de fazer fraudes financeiras.
(Ler texto completo no BLOGSALMÓN)

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As implicações incómodas do pleito argentino

Em 2003, quando começou o ciclo Kirchner, a Argentina era uma espécie de Grécia da América do Sul. Desacreditada aos olhos de seu próprio povo, balançava como um 'joão bobo' nas mãos do capital especulativo interno e externo. Nestor Kirchner herdou uma taxa de pobreza produzida pelo extremismo neoliberal que afetava 60% dos 37 milhões de argentinos.
A dívida de US$ 145 bilhões, impagável, corroía seu sistema financeiro. Fruto mais do desespero do que de uma estratégia, a moratória de 2001 colapsava os mecanismos de crédito e financiamento, sem os quais nenhuma economia funciona. Os credores sobrevoavam a nação argentina à espera do melhor momento para arrancar os seus olhos. E o que lhe restasse ainda da carne. O cerco contra o país era brutal.
A mídia, aliada dos interesses plutocráticos locais e forâneos, interditava o debate de qualquer alternativa fora da rendição. Poucos listavam-se entre os aliados.
Mesmo no Brasil, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, impunha distância sanitária entre Kirchner e Lula, em sintonia com a pressão internacional. Para se ter a dimensão do cerco vivido então pela Casa Rosada, basta conferir o que a liderança do euro, os banqueiros e o FMI fazem hoje com Atenas e Papandreu.
A diferença é que Nestor Kirchner não se dobrou: impôs um desconto de 70% da dívida aos credores; destinou a receita crescente a programas sociais e de fomento. A taxa de pobreza recuou a 10% da população. A economia argentina foi a que mais cresceu no hemisfério ocidental na última década. As circunstâncias desse braço de ferro são espertamente omitidas pela crítica conservadora, que hoje desdenha da vitória esmagadora de Cristina, atribuindo-a a um fogo fátuo feito de populismo insustentável, inflação maquiada e boom passageiro de commodities.
Mark Weisbrot , do CEPR, critica a frivolidade desse enfoque. No fundo, sugere, trata-se de uma auto-defesa conservadora contra as implicações políticas do sucesso argentino, face à catastrófica safra de desastres colhidos na Grécia, Espanha, Portugal e outros, ora submetidos ao purgante ortodoxo que Nestor, Cristina e seus eleitores desmoralizaram.

Postado por Saul Leblon, no cartamaior

(Cristina Kirchner, ganhou as eleições presidenciais argentinas no último domingo com a maior percentagem desde 1983)

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segunda-feira, outubro 24, 2011

OH!?...DIABO...


(Emma Gascó)

Será que ouvi bem...???!!... o porta voz declarou que o subsídio de alojamento de mil e tal euros/mês que o Sr. Ministro recebe, está de acordo com a Lei porque .....embora tenha uma casa em Lisboa a sua residência permanente é em......não sei onde lá pró Norte...)

Oh!?...Diabo ....atão e os funcionários públicos e reformados também não recebem os subsídios de Natal e de Férias...de acordo com a Lei..???
(comentário colocado Post anterior)

domingo, outubro 23, 2011

a dimensão da mentira

PERCENTAGEM DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA POPULAÇÃO ACTIVA
(Eurostadt 2004).


Suécia - - - - - 33,3%

Dinamarca - - -30,4%

Bélgica - - - - - 28,8%

Reino Unido - - 27,4%

Finlândia - - - -26,4%

Holanda - - - - -25,9%

França - - - - - 24,6%

Alemanha - - - 24,0%

Hungria - - - - -22,0%

Eslováquia - - -21,4%

Áustria - - - - - 20,9%

Grécia - - - - - 20,6%

Irlanda - - - - - 20,6%

Polónia - - - - -19,8%

Itália - - - - - - 19,2%

Rep. Checa - --19,2%

Portugal - - ---17,9%

Espanha - - - --17,2%

Luxemburgo - -16,0%

terça-feira, outubro 18, 2011

falso alarmismo

Depois de conhecidas as mais gravosas medidas da proposta de orçamento de Estado para 2012, temos assistido a uma autêntica intoxicação da opinião pública, a um verdadeiro terrorismo informativo por parte dos comunicadores oficiosos do “sistema” (economistas, politólogos e outros) nos meios de comunicação social, no propósito de levar o cidadão comum a aceitar passivamente a carga que lhe querem colocar em cima, como de uma fatalidade sem qualquer solução se tratasse, todas as medidas que irão tornar a sua e a vida de suas famílias, mais miserável ainda.
Um dos mais falsos e falaciosos argumentos divulgados, consiste em apresentar o valor alcançado pela despesa total da Administração Pública como um valor astronómico, inadmissível, insustentável. Contudo, Portugal apresenta um valor para a despesa total da Administração Pública perfeitamente normal e dentro da média da União Europeia, como se pode confirmar pelos dados extraídos do eurostat. Não é assim de pessoas sérias, o alarmismo lançado nos média por esta gente.

Despesa Total da Administração Pública em %PIB
Anos................ 2010.........2009........2008
EU 16 ...............50,6......... 51,0..........47,0
EU 27 ...............50,5..........51,1......... 47,1
França ...............56,2 .........56,2 .........52,8
Dinamarca ........58,5 .........58,4 .........52,9
Finlandia ..........55,3 .........56,5 .........49,6
Portugal ...........50,7.......... 49,8 .........44,7

Corruptos, incompetentes e mentirosos

É preciso descaramento.
Aos funcionários públicos e aposentados impõe-se um corte nos rendimentos da ordem dos 25% (redução dos salários em 5% e eliminação dos subsídios de Natal e de férias), enquanto os políticos com pensões vitalícias são poupados desta “austeridade”.
Há 398 políticos a quem são pagas pensões vitalícias. Por ano, cada um recebe, em média, 25 060 euros, o que dá uma média mensal de 2088 euros durante 12 meses.
Em 2011, as reformas pagas aos políticos para toda a vida custaram ao erário público 9,1 milhões de euros, num aumento de 4,3 por cento.
A acumulação da subvenção mensal vitalícia com a pensão de reforma, é permitida pelas leis 4/85 e 26/95.

Por outro lado, não deixa de ser curioso, as manobras dos políticos para esconderem os nomes dos beneficiários.
“A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), cujo presidente é eleito pelos deputados, considera que a subvenção vitalícia não é uma informação pública. Por isso, a Assembleia da República, que até há pouco tempo divulgava os nomes dos beneficiários dessa regalia, está agora impedida de o fazer. A decisão da CNPD, não protege só os beneficiários da pensão vitalícia: os nomes dos políticos que solicitem a atribuição do subsídio de reintegração também não podem ser divulgados. E o montante do subsídio não pode também ser público. A Assembleia da República, é categórica: "Relativamente à indicação nominal dos senhores ex-deputados que solicitaram quer a subvenção mensal vitalícia quer o subsídio de reintegração a Comissão Nacional de Protecção de Dados, na sua deliberação nº 14/2011, considera que as informações respeitantes a esta matéria são dados pessoais e não públicos".

segunda-feira, outubro 17, 2011

porque não te calas?

Ninguém sabe em que estudo se baseou Passos Coelho para afirmar que os vencimentos da Função Pública são maiores que os do sector privado. O mais provável é que não se baseou em nenhum estudo mas apenas na ideia muito disseminada e generalizada de que os funcionários públicos são bem pagos.
Ora, acontece que existe um estudo no Ministério das Finanças, encomendado em 2006 pelo anterior ministro Teixeira dos Santos, estudo executado pela Capgemini, uma das cinco maiores empresas mundiais de consultoria, e que contraria a errada ideia de que os funcionários públicos são bem pagos em relação aos trabalhadores do privado.
Este estudo foi “escondido” pelo anterior governo durante meses.
(Em 10.11.2006, publicamos um post sobre o assunto)

20 EXEMPLOS DO ESTUDO

- Director-Geral: -77%
- GESTOR DE RH: -8%
- DIRECTOR DE SERVIÇOS: -61%
- CHEFE DE DIVISÃO: -28%
- ANALISTA INFORMÁTICO: -12%
- CONSULTOR JURÍDICO: -5%
- ENGENHEIRO: -37%
- TÉC. APOIO À GESTÃO:-3%
- ENG. DE SISTEMAS: -1,5%
- ENFERMEIRO: -10%
- ANALISTA DE LABORATÓRIO: -48%
- TÉCNICO COM FORMAÇÃO PROF. ESPECIALIZADA: -29%
- ASSISTENTE ADMINISTRATIVO: -29%
- TESOUREIRO: -36%
- FUNCIONÁRIO DE LIMPEZA: -13%
- MOTORISTA DE LIGEIROS: -33%
- COZINHEIRO: -33%
- CANALIZADOR: -7%
- ELECTRICISTA: -17%
- MECÂNICO: -38%

sábado, outubro 15, 2011

MANIFESTO POR UMA NOVA DEMOCRACIA



MANIFESTO

O que se tornou dominante, o que realmente caracteriza a economia de hoje, são os monopólios, as oligarquias financeiras e a especulação financeira. Não existe mais mercado e muito menos mercado livre. O monopólio é, por natureza, a própria negação do mercado. O neoliberalismo é a doutrina económica que compartimenta este supremo desenvolvimento capitalista. Não deixa portanto de constituir uma falácia, os apelos dos neoliberais, para que “deixem funcionar o mercado”; para que o Estado dê liberdade ao “natural” desenvolvimento do mercado que ele, como “mão invisível”, se regulará por si próprio. O que na verdade os neoliberais reclamam, é uma total liberdade, não para o mercado produtivo que já não existe como forma dominante, mas para os "negócios" das oligarquias financeiras, para a desregulação financeira, para a circulação livre de capitais, para a especulação financeira, para o mercado financeiro. O traço dominante, fundamental, da economia de hoje é, seguramente, a especulação financeira, o capitalismo financeiro.
Retiram-se recursos da área dos investimentos produtivos para serem transferidos para a especulação financeira. Com isto, diminui-se a criação de riqueza, o crescimento económico (1), e amplia-se o desemprego. Com a globalização, o Estado torna-se cada vez mais impotente na regulação da redistribuição da riqueza. Regrediu-se nas políticas de redistribuição dos rendimentos (2) e regressámos a um capitalismo selvagem, cruel e desprovido de qualquer sentido ético. A crise financeira que abala o mundo e a crise económica e social que se lhe seguiu, é apenas o corolário de uma economia subjugada à especulação financeira, ao capital financeiro. E como não há, boa ou má especulação financeira, não haverá receitas capazes de terminar com as crises financeiras geradas por ela. Podem os líderes mundiais invocar a falta de regulação como justificação para a actual crise. Não parecem contudo muito convencidos do que afirmam, mas serve de consolo e dá para enjeitarem responsabilidades. Confusos, viram o mundo “glorioso” em que se empenharam a construir nestas três últimas décadas, ruir de um ápice, sem compreenderem bem como. E, parecem não vislumbrar ainda soluções satisfatórias. Parecem não compreender que só exterminando a especulação financeira, extinguindo os off-shores, limitando drasticamente a circulação de capitais e os mercados de capitais, com a imposição por parte do Estado na fixação dos preços dos monopólio e a nacionalização dos sectores estratégicos dominantes da economia, poder-se-á inverter o caminho de uma nova crise mais profunda ainda seguramente. Com uma nova filosofia, uma nova ideologia, uma nova Democracia, que advogue a Democracia Participativa. Uma nova forma de organização social que assegure o controlo social permanente sobre o Estado e as Empresas.

Em Portugal, a degradação e a corrupção a que chegou o sistema político desta III República, o seu bloqueamento e a manifesta incapacidade de se auto reformar, leva qualquer cidadão a admitir, a desejar, uma profunda mudança não necessariamente do regime constitucional em que vivemos mas do “sistema” político corrupto institucional erguido pela nossa classe politica ao longo dos últimos anos.
Os partidos transformaram-se em máquinas eleitorais, em partidos de notáveis, de uma nova aristocracia sufragada pelas televisões e sondagens. Neles preside uma lógica aparelhistica, oligárquica de perpetuação política da elite que dirige o partido e o representa no Parlamento. Os partidos esvaziaram-se ideologicamente e assim deixaram de representar os interesses dos cidadãos para passarem a representar somente os interesses das suas clientelas partidárias. A profissionalização dos políticos, a mediocridade no seu recrutamento, a corrupção e o tráfico de influências são a realidade dos dias de hoje. Temos um Estado de partidos, redutor e totalitário quanto à representação dos interesses plurais da sociedade. Temos uma Democracia usurpada por estas elites, com responsabilidades de tomar decisões em nome do Povo, e que o atraiçoam logo que alcançam o poder ao romperem com todas as promessas eleitorais sem que daí advenha a revogação dos seus mandatos.
O falhanço do neoliberalismo económico, do capitalismo selvagem, do mercado sem regras nem controlo, do mercado que se rege por si próprio, do menos Estado, do cidadão considerado não como um ser multifacetado, de múltiplas necessidades, éticas, culturais, sociais, mas tão só como simples consumidor. Numa vivência onde conceitos como a solidariedade, fraternidade, abnegação, tolerância, benevolência, são considerados nefastos, caducos, perturbadores e prejudiciais ao funcionamento normal da sociedade, o mesmo é dizer, ao funcionamento normal do mercado. Para os neoliberais, o Homem é apenas corpo, não é alma, é consumidor e isso basta.

Surpresos com a crise económica, com a crise do neoliberalismo que irrompeu no mundo, sem compreenderem os seus fundamentos, os líderes europeus, a elite oligárquica europeia e americana, ensaiam múltiplas iniciativas económicas na esperança de que alguma resulte, na esperança de que tudo retome ao “normal funcionamento” anterior. Naturalmente que todas estas iniciativas podem atrasar momentaneamente o “natural” percurso da economia mas, no fundo, o que se deseja, é manter a mesma lógica económica, o que se pretende é a perpetuação das politicas neoliberais. E, como resultado, a mais curto ou médio prazo, teremos um contínuo decréscimo do crescimento económico e um agravamento das desigualdades sociais com uma nova e mais profunda crise.
Só uma nova doutrina, uma nova filosofia, poderá inverter o rumo deste desenvolvimento capitalista neoliberal. Uma nova ideologia – uma nova Democracia – que encerre em si, que incorpore, o princípio da unidade dialéctica entre o ser individual e o ser social, tendo como expressão a democracia política, com a vontade política dos cidadãos expressa em eleições democráticas e que assegure uma empenhada, permanente e continuada participação do cidadão na vida pública. Em que o acto eleitoral seja o corolário de uma participação activa, diária, continuada do cidadão na gestão política da sociedade. Os eleitos são cidadãos temporariamente representantes, delegados das populações e a cada momento intérpretes das suas vontades. Uma nova forma de organização social que assegure o controlo social permanente sobre o Estado e as empresas. Uma nova forma de organização social, tendo como um dos seus objectivos a valorização da democracia participativa.
A democracia não é apenas uma forma de governo, uma modalidade de Estado, um regime político, uma forma de vida. É um direito da Humanidade (dos povos e dos cidadãos). Democracia e participação se exigem. Não há democracia sem participação, sem povo. O regime será tanto mais democrático quanto mais tenha desobstruído canais, obstáculos, óbices, à livre e directa manifestação da vontade do cidadão.
Nesta nova Democracia, o velho Estado de carácter tutelar, administrativo e burocrático dará lugar a um novo Estado com a maior descentralização de competências, conferindo às associações sociais, às organizações de trabalhadores, uma intervenção activa nos processos de organização da produção de modo a permitir a maior inovação e competitividade das empresas e instituições.
Assegurar-se-á o controlo social dos sectores económicos estratégicos - Banca, Energia, Água, Vias de Comunicação e Telecomunicações. Procurar-se-á assim, assegurar o controlo social permanente sobre o Estado e as Empresas mediado pelo interesse público.
E assim, promover-se-á uma efectiva liberdade, uma efectiva igualdade de oportunidades e uma efectiva participação do poder e repartição justa da riqueza produzida.

(1) Segundo o relatório da Unctad (United Nations Conference on Trade and Development) de 1997, o crescimento mundial, reduziu-se de cerca de 4% ao ano nos anos 70, para cerca de 3% nos anos 80, e 2% nos anos 90.
(2)“A parcela de riqueza que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta” (Relatório da UE)

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quinta-feira, outubro 13, 2011

Corruptos e incompetentes

Já lá vão uns anos. Desde 2006, temos alertado neste Blog para o descalabro orçamental e económico que o país sofre com a continuidade das governações, com a continuidade e apuramento do sistema corrupto institucional erguido ao longo dos últimos anos pela nossa classe política. Só os muito desatentos poderão ter acreditado na bondade do discurso dos governantes e num rumo diferente do que o país agora enfrenta. À crise internacional acresce a crise nacional motivada pela corrupção do sistema político nacional. Em vários Posts neste Blog, ao longo dos últimos cinco anos, tentámos demonstrar ser o sistema corrupto institucional responsável pelo desbaratar anual de um montante equivalente a cerca de 10% do PIB. As medidas anunciadas agora por Passos Coelho, são apenas um passo mais para o abismo que nos espera. Medidas que recaem sobre os rendimentos dos mesmos de sempre – a generalidade da população portuguesa.
Se na verdade, o dramatismo que Passos Coelho colocou, em sua comunicação ao país, é assim tão grande que ameaça, como afirmou, não haver dinheiro para salários nem pensões, porque razão se mantêm despesas tão avultadas como a ligação ferroviária Lisboa-Madrid a alta velocidade? Porque não o anúncio da redução dos vencimentos dos ministros, deputados e gestores públicos em 25%? Porque não a eliminação da frota de carros de luxo dos ministérios? Porque não a redução a um mínimo indispensável das viagens ministeriais e presidenciais? Porque não a eliminação dos cargos dos representantes da Republica nas regiões autónomas? Porque não a redução para metade do número de deputados? Porque não a eliminação do Tribunal Constitucional? Porque não a eliminação das empresas municipais nascidas depois de 1995 e os seus serviços integrados (como se encontravam) nos serviços camarários? Porque não a eliminação de todos os órgãos do Estado criados depois de 1995 e os seus serviços integrados nas respectivas direcções gerais? Porque não acabar com todo este parasitismo? Porque não a eliminação da acumulação de pensões milionárias? Porque não a redução das pensões milionárias obtidas em empresas públicas com tempos de serviço de apenas alguns anos?
Não foram estas as medidas anunciadas por Passos Coelho. Como todos os outros primeiros-ministros que o antecederam, mantém os privilégios da classe política e sacrifica a população.

segunda-feira, outubro 03, 2011

REVOLTA E INDIGNAÇÃO

Ninguém minimamente informado e em seu juízo poderá acreditar, que as políticas neoliberais de desregulação do capital financeiro, de minimização do Estado, de privatizações das empresas estatais dos sectores estratégicos, de redução das funções sociais do Estado (Saúde, Educação, Segurança Social), de estagnação ou redução de salários, de limitação do poder negocial dos trabalhadores (leis laborais), de enfraquecimento dos Sindicatos e de tudo o mais que compõe a cartilha neoliberal num vasto leque de “reformas” que Passos Coelho e a Troyca estão a impor aos cidadãos portugueses, poderão retirar o país do atoleiro em que se encontra. Pela simples razão de que foram precisamente estas “reformas” (introduzidas em finais da década de 70) que conduziram a UE e os US à situação de crise orçamental, financeira, económica e social em que se encontram.
Verificarmos entretanto não terem os estados neoliberais europeus e os seus lideres, por mais reuniões que façam, uma resposta credível, racional e eficaz de combate à crise que se vive na UE. O absurdo e trágico ao mesmo tempo, é estarmos a assistir a uma resposta que não é outra coisa senão uma dose maciça e acelerada de iguais políticas que conduziram precisamente à crise que a UE atravessa. O super estado neoliberal UE torna-se assim incapaz de ultrapassar a crise resultante das suas próprias “reformas”políticas impostas nas últimas duas décadas.
Apoio à Banca e Austeridade para as populações, são as fórmulas encontradas pelas elites neoliberais para sair da crise. Como se previa o tempo está a demonstrar que as políticas de austeridade impostas aos cidadãos europeus, ao contrário, apenas acentuam e agravam os problemas dos países em maiores dificuldades. Quanto ao apoio à Banca além de imoral é injusto. Premeiam-se os principais causadores da crise e obrigam-se os cidadãos a suportar tais apoios. Quando o BCE empresta dinheiro aos bancos a 1,25% e nega tais empréstimos aos países, obrigando-os a recorrerem aos mercados, (isto é, aos mesmos bancos a quem foram feitos os empréstimos pelo BCE), a juros de 4%, 5% ou 6%, (dinheiro que os países recolhem dos impostos cobrados às populações), o que se verifica com tal manobra é, despudoradamente, sacar dinheiro das populações para o entregar de mão beijada aos bancos. (Assim, por exemplo, se o BCE emprestasse aos países com juros iguais aos dos empréstimos aos bancos, a Grécia pagaria de juros anuais em vez dos actuais 15.900 milhões de euros apenas 1.700 milhões, o que lhe permitia seguramente uma capacidade efectiva para ultrapassar a crise).

Sobre isto, não se ouve uma única palavra dos governantes. Nem dos politólogos, economistas e comentadores que enxameiam as televisões; todos num único propósito – manipular e mentalizar as populações para a aceitação passiva da austeridade que sobra elas recaem. Como se a crise fosse uma fatalidade e não uma causa objectiva da actuação dos homens ricos e poderosos deste mundo.

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