terça-feira, novembro 29, 2011

governo da treta

Nos países da UE, USA e em todos os outros por esse mundo fora onde se aplicaram e continuam a aplicar as receitas neoliberais, as chamadas “reformas estruturais", as consequências e os resultados destas políticas têm sido em tudo iguais, de um único figurino e de um único sentido – um agravamento sempre crescente da desigualdade na distribuição da riqueza criada, com os acréscimos de riqueza gerados ano a ano, a serem arrecadados em sua maior parte pelos detentores do capital em desfavor da parcela destinada aos trabalhadores.
Assim, por exemplo, “entre 1972 e 2007, os rendimentos médios dos EEUU cresceram mais de 15.000 dólares. Mas 10% da população mais rica absorveu 95% dessa nova riqueza enquanto apenas  5% restou para os 90% restantes da população”; e de modo semelhante assim aconteceu na Europa. Em Espanha, “segundo a Encuesta Financiera de las Familias o rácio de desigualdade entre as 25% de famílias mais ricos e mais pobres, passou de 33,3 em 2002 para 39,3 em 2005, para subir a um espectacular 50,4 no primeiro trimestre de 2009. Entre 2005 e 2009, as 25% famílias mais pobres viram diminuir o seu rendimento em 6,4% enquanto os 25% mais ricos se incrementou em 19,9%". Ou ainda “entre 1997 e 2010, os salários reais baixaram 10% e a produtividade horária aumentou em torno de 8%, o que resultou numa redução geral de 25% no custo unitário do trabalho (Fonte: Comissão da União Europeia)”.
Em Portugal, o penúltimo país com maiores desigualdades sociais da União Europeia, enquanto o PIB aumentou de 41,33% entre 1994 e 2007 o salário médio dos trabalhadores portugueses no mesmo período apenas subiu 14,32% (dados a preços constantes “pordata”).
Os portugueses não podem ir mais na balela, ultimamente tão propagandeada “de que é preciso produzir mais para se poder distribuir depois” quando dessa riqueza produzida os 10% mais ricos arrecadam 95% e deixam uns miseráveis 5% para distribuir pelos 90% restantes!
Nem tão pouco aceitarem sem revolta o empobrecimento a que nos querem conduzir e despudoradamente apresentado pelo governo como se de uma fatalidade histórica se tratasse pois, do que se trata objectivamente, é da transferência dos parcos rendimentos dos 80% da população para os 20% mais ricos, alcançada através do aumento de impostos e da redução dos salários directos e indirectos (cortes sociais).


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Mouseland

segunda-feira, novembro 28, 2011

Ovos podres e outros mimos

Enquanto milhares de portugueses saem amargurados todos os dias à procura de emprego, alguns governantes saem de casa, a meio da manhã, a caminho dos “Health Club” para zelarem do seu bem-estar físico com o natural apoio dos seus “personal trainers”. Os governados devem sentir-se gratos aos seus governantes por estes cuidarem tão bem de si próprios mesmo que tal se verifique em vésperas de fins de semana alargados ou nas manhãs de dias úteis comuns, precisamente, enquanto a esmagadora maioria dos portugueses já amargou com umas largas horas de trabalho. Mas os portugueses sempre foram, (até agora) “compreensivos” com os seus políticos. Mesmo quando saia do seu bolso (em impostos claro) os dinheiros gastos em idas e vindas semanais a Bruxelas. Os “Foz Place” deste país são o abrigo ideal para compensar os governantes e políticos do esforço de tantas correrias.
E, nestas coisas de idas e vindas, o ministro Mota Soares acaba de trocar a Vespa em que se deslocava (foi montado na Vespa que apareceu à tomada de posse), por um carro de 86.000 euros!!!, pago com o dinheiro dos nossos impostos pois claro, em tempos de “apertar o cinto”. Não passou assim de uma atitude de grosseira demagogia o aparato da sua chegada à tomada de posse. Este governo tornou-se ilegítimo por fazer o contrário do que prometeu em campanha eleitoral. Esta gente é ruim, não tem vergonha e goza com o pagode. Só deverá merecer o desprezo dos portugueses. Não será de estranhar que lhe sejam arremessados ovos podres e outros mimos em próximas aparições públicas. É o que merecem e a paciência dos portugueses está a esgotar-se.

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domingo, novembro 20, 2011

Qual o preço da “nova democracia”? Goldman Sachs conquista a Europa

A subida de Mario Monti ao cargo de primeiro-ministro italiano é notável por mais razões do que é possível adiantar.
Mediante a imposição de regras por tecnocratas não eleitos que suspenderam as regras normais da democracia, e talvez de toda a democracia. Ao colocar um alto assessor de Goldman Sachs no mais elevado cargo político de una nação ocidental, ergueram a nova dimensão o poder político de um banco de investimento que poderia muito bem pensar-se que era simplesmente tóxico.

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sexta-feira, novembro 18, 2011

Os rapazes do Goldman Sachs voltam à cena do crime

Que une a Mario Draghi, Lucas Papademus e Mario Monti, hoje as actuais cabeças do BCE, Grecia e Italia? Nada menos que o seu passado no Goldman Sachs no turvo período do início da moeda única europeia. Estas três personagens voltam à cena do crime o que para Angela Merkel, a única líder da UE, não constitui problema. No actual transe em que vive a UE requerem-se governos de tecnocratas, distanciados da política… e também da democracia.

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Os bancos europeus atacam a zona euro

O pior cenário está prestes a ocorrer: os bancos europeus estão a livrar-se à força da dívida soberana dos países da zona euro considerados “em perigo”, arriscando-se a precipitar a moeda única no abismo. Este movimento, que começou no final de julho, acelera-se e atinge agora a dívida da França, que já não é considerada um ativo totalmente seguro.
Assim, o BNP-Paribas reduziu a sua exposição às dívidas da zona euro em perto de 21%, desfazendo-se de 10 mil milhões de euros durante o último trimestre, dos quais 8,3 mil milhões de dívidas italianas. O Crédit Agricole foi um pouco mais longe, diminuindo a sua exposição em 27%: num mês, vendeu mais de mil milhões de bónus do tesouro italiano e 850 milhões de dívidas espanholas. Desde o dia 1 de julho, o banco fez passar a sua exposição de 10,717 mil milhões nos cinco países periféricos para 7,285 mil milhões. Da mesma forma, o Societé Générale vendeu 650 milhões de dívidas italianas, 400 milhões de dívidas espanholas, etc.
Este salve-se quem puder generalizado foi lançado pelos bancos alemães. Assim, o Deutsche Bank, no fim do mês de julho, livrou-se de 8 mil milhões de dívidas italianas, o que desencadeou a descida aos infernos da península. Porque este movimento auto alimenta-se: cada venda no mercado secundário faz baixar o valor das obrigações do Estado (e portanto aumentar as taxas de juros). O que empurra os outros atores dos mercados a segui-los. E, de aproximação em aproximação, cresce o pânico, todos a quererem desembaraçar-se de ativos considerados frágeis, mesmo que isso seja totalmente irracional.
O pior é que esta desconfiança em relação à zona euro é alimentada no essencial por atores do mercado europeu, bancos, seguradoras, fundos de pensão, etc., e não por estabelecimentos não-europeus.
Jean Quatremer (ler texto completo aqui)

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quinta-feira, novembro 17, 2011

De 1994 a 2007, PIB sobe 41,33% enquanto o salário médio sobe apenas 14,32%

Uma das falácias mais apregoadas nestes últimos tempos nos média, por politólogos, governantes e outros comentadores do “sistema”, é a de que todos os portugueses têm vivido acima das suas possibilidades e gasto nos últimos anos à tripa forra.
Com o ardiloso intuito de inculcar em todos este sentimento de culpa e assim levar à resignação a esmagadora maioria dos portugueses – os 20% que vivem abaixo do limiar da pobreza, os desempregados, os pensionistas e trabalhadores com baixas pensões e salários (a média mensal do salário dos trabalhadores era em 2009 de 880 euros e a pensão média de apenas 397 euros, muito perto do limiar da pobreza que é de 354 euros), esta gente não tem vergonha de acusar tão cinicamente 85% da população que viveu sempre em dificuldades económicas e que agora vê reduzir ainda mais e tão drasticamente os seus miseráveis e modestos rendimentos.
Cinicamente, porque sabem que a sua preocupação visa simplesmente proteger a manutenção e a ampliação da riqueza e privilégios de uma minoria, estes sim, responsáveis pela crise que nos atormenta. Repare-se que o aumento do salário médio dos trabalhadores portugueses de 1994 a 2007 (719 euros e 822 euros) foi de apenas 14,32%. Contudo, a riqueza nacional, o Produto Interno Bruto, PIB, sofreu um aumento entre esses mesmos anos (122.165.280 euros e 172.639.598 euros) de 41,33%. Verifica-se assim, que neste período, existiu um decréscimo dos salários e pensões dos trabalhadores face à riqueza produzida, o que nos reporta para uma outra questão.
Se a desigualdade de rendimentos não se tivesse agravado para os trabalhadores e mantivesse a mesma proporção de distribuição de rendimentos que tinham em 1994, a população não se teriam endividado e recorrido tanto ao crédito (para compra de casa própria sobretudo) atitude que agora tanto se critica e diaboliza. No aumento da desigualdade social verificada, fruto das políticas dos governos, porque a estes compete disciplinar através da regulação e acção fiscal a distribuição da riqueza produzida, reside em última instância o problema da Dívida do país, externa e interna. Culpar 85% da população, pelos resultados de uma desregulação do capital financeiro e limitação da acção fiscal sobre o capital, que objectiva e assumidamente foi prática dos últimos governos (as chamadas “reformas para a modernidade”) é, seguramente, um desplante colossal.

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quarta-feira, novembro 16, 2011

Trabalhadores da função pública com salários menores aos do sector privado.

Nada melhor que os números para aferir da veracidade das coisas. Baseado num estudo com resultados muito convenientes para o governo, emanado do banco de Portugal e executado por dois jovens economistas, o governo pretende justificar o corte real de cerca de 14% do salário dos trabalhadores da função pública. Mesmo que este estudo esteja desautorizado por um outro estudo, encomendado por Teixeira dos Santos à www.capgemini.com, e que nunca foi dado a conhecer por chegar a conclusões diferentes das esperadas pelo ministro. Certamente que dos dois estudos, merecerá maior crédito o estudo da “capgemini”, que o estudo dos dois jovens economistas ansiosos seguramente por mostrar trabalho a gosto das autoridades.
Mas, não é preciso ir muito longe para demonstrar que é uma grande falácia, uma grande mentira, afirmar-se que os salários da função pública são superiores aos do privado.
O salário médio mensal dos trabalhadores da função pública era, em 1995, de 603 euros, enquanto o salário médio mensal dos trabalhadores do sector privado nesse mesmo ano era de 706 euros.
Em 2009, temos que o salário médio mensal dos trabalhadores da Função pública era de 867 euros enquanto o salário médio mensal dos trabalhadores do sector privado era de 880 euros.
Temos assim, quer em 1995, quer em 2009, o salário médio mensal dos trabalhadores da função pública é inferior ao dos trabalhadores do sector privado. Menos 103 euros em 1995 e menos 13 euros em 2009.

Fale-se verdade, sejam competentes, e deixem-se de "habilidades" manhosas.
(dados a preços constantes obtidos na “www.pordata.pt”)

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segunda-feira, novembro 14, 2011

A quem serve o euro?


Na verdade não se trata de salvar o povo, senão de salvar o euro, como se isto fosse equivalente. Porquê tanto interesse? E de quem? Porque dez dos vinte e sete membros da UE vivem sem euro e algumas das suas economias (Reino Unido, Suécia, Polónia) são muito mais sólidas que a média da União. Defender o euro até ao último grego é a primeira linha de defesa para una moeda que está condenada porque expressa economias divergentes e não tem um estado que a proteja.
A defesa franco-germana do euro tem outras explicações par além da historia de terror que nos contam sobre a catástrofe financeira que isso implicaria com efeitos devastadores no nosso quotidiano como se a vida dependesse da bolsa. A primeira razão é óbvia: salvar os bancos, sobretudo os alemães e franceses.
Ou seja, trata-se de salvar a uns bancos concretos e, em termos mais amplos, evitar uma nova crise do sistema financeiro. Se quebram países para não quebrar bancos. Mas porque se faz assim? Ao fim e ao cabo, os Merkozy não são empregados da banca!
É a Alemanha quem realmente necessita que o euro seja a moeda europeia e que os seus sócios não a possam desvalorizar. Porque o modelo de crescimento alemão é em realidade o chinês: crescer mediante exportações favorecidas por uma moeda subvalorizada e redução de salários (redução de 2% em termos reais no último quinquénio). Se houvesse um euro-marco forte, a Alemanha perderia mercados na Europa e competitividade relativamente às exportações espanholas e italianas.
Manuel Castells, sociólogo internacionalmente reconhecido, é catedrático de sociologia na UOC de Barcelona.

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domingo, novembro 13, 2011

sábado, novembro 12, 2011

"grandes homens de negócios"

“Na produção, não é a produção em si mesma que lhe interessa, mas a operação financeira a que pode dar lugar; na finança, a administração regular dos seus capitais não lhe interessa demasiado, mas sim a multiplicação graças a acrobacias contra os interesses alheios. O seu campo de acção está fora da produção organizada de qualquer riqueza e fora da normal circulação dos capitais em dinheiro; ele não conhece nem os direitos do trabalho, nem as exigências da moral, nem as leis da humanidade. Se funda sociedades, é para usufruir dos seus bens e passá-los a outros; se obtém uma concessão gratuita, é para a revender já como um valor; se se apodera de uma empresa, é para que esta suporte os prejuízos que outras o fizeram sofrer. Para chegar a isso, o plutocrata age no meio económico e no meio político usando sempre o mesmo processo: a corrupção. Estes indivíduos, a quem alguns chamam também grandes homens de negócios, vivem precisamente de três características dos nossos dias: instabilidade das condições económicas, falta de organização da economia nacional, corrupção política." (...)
Oliveira Salazar

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sexta-feira, novembro 11, 2011

De que século fala Marx?

“O sistema de crédito, cujo eixo são os supostos bancos nacionais e os grandes prestamistas de dinheiro e agiotas que pululam em torno deles, confere a esta classe parasitária um poder fabuloso que lhe permite, não só dizimar periodicamente os capitalistas industriais como imiscuir-se do modo mais perigoso na verdadeira produção, de que este bando não sabe absolutamente nada e com a qual nada tem a ver. As leis de 1844 e 1845 provam o crescente poder destes bandoleiros, a que se aliam os financeiros e os especuladores bolsistas”
Karl Marx

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quinta-feira, novembro 10, 2011

COMEÇA O CICLO DOS GOVERNOS DE UNIÃO NACIONAL

Quando o poder coercitivo da lógica de mercado se torna incomodamente visível, e já não é mais possível evitar que a crise escape aos controles sem assumir claramente a dominação sobre a sociedade, ressurge automaticamente a bandeira da “união nacional”. É ela que ocupa o vácuo político escavado pelos mercados na Grécia e na Itália neste momento. Epicentros da crise global do neoliberalismo, o esfarelamento dos dois Estados, um pobre e um rico, demonstra que não se vive um problema de “periferias” disfuncionais. O que se desboroa é o sistema instituído a partir da desregulação absoluta concedida pelos liberais ao capital financeiro nos últimos 30 anos. Quando o soalho range no palácio e o caos ruge na rua é a hora da renovação. O terno e a faixa estão prontos, cortados e alinhavados pelos alfaiates das finanças. Busca-se o manequim para o remate final. De preferência, um burocrata elástico, “apolítico”, afeito à arte de rechear o abismo com vento, mas duro o suficiente para barrar novas eleições, legitimar a repressão às ruas e assegurar a aplicação do programa necessário à solvência das dívidas contraídas junto à banca e aos rentistas. Enfim, um genuíno rosto da crise para renovar a cena num momento em que os protagonistas verdadeiros começam a se expor demasiado entre a sombra e a luz. Começou o ciclo dos governos de união nacional. Sob o comando das finanças e o açoite dos mercados.

quarta-feira, novembro 09, 2011

O euro, o escudo e a revolta

Nunca como agora a natureza da União Europeia se tornou tão transparente. A imagem, vendida até à exaustão pelos líderes europeus, de uma UE amiga e solidária, não passou nem passa afinal, de uma grande mentira. Compreende-se agora com maior facilidade e clareza, a razão por que os mais ricos e poderosos países da Europa se mostraram os mais entusiastas na criação da UE – encontrar caminho livre à expansão das suas fortes economias.
O que, ainda não há muitas décadas atrás, apenas era alcançado através da força dos exércitos com ocupação militar dos territórios das nações vencidas, é hoje conseguido, sem guerras e com a estupida anuência dos governantes dos países dominados, através de acordos e tratados, formalmente iguais para todos mas profundamente desiguais em sua essência.
Portugal, tornou-se assim presa fácil das fortes economias da França e da Alemanha, com os seus governantes assistindo irresponsavelmente à destruição acelerada da sua agricultura e industria, ao ponto de hoje o país se tornar dependente em cerca de 60% das suas necessidades alimentares e industriais.
Tinham até, ontem como hoje, orgulho em se mostrar “bons alunos”, ao obedecer cegamente às imposições da comissão europeia. Pagava-se para arrancar os nossos vinhedos e olivais, para destruir a nossa frota de pesca e parque industrial. Em troca, cresciam como nunca as importações e oferecia-se dinheiro e crédito barato.
Portugal tinha perdido, e no primeiro dia em que acedeu ao euro, a sua independência económica. Tinha perdido a única e mais poderosa arma da sua independência económica – o escudo. A partir desse momento encontrava-se subjugado aos interesses económicos e financeiros dos mais poderosos países da UE.
A União Europeia serve apenas os interesses económicos dos seus países mais poderosos. Serviu apenas para destruir e desestruturar as economias dos países mais débeis. E, por mais paradoxo que possa parecer, a nossa permanência na UE acabou por inviabilizar de facto o desenvolvimento racional e equilibrado da nossa economia.
A competição económica entre os países da UE nunca se mostrou tão declarada como agora. Como também nunca se mostrou tão manifesta a falta de solidariedade entre eles. Querem o dinheiro de volta que tão odiosamente nos emprestaram. No mais curto prazo. Pouco lhes importa que tal imposição atire o povo para a miséria e arruíne mais ainda a nossa economia. Os nossos governantes, seus comparsas, prestam-se igualmente ao mais odioso papel - conduzir o seu próprio povo ao incontornável precipício.
Com um governo ilegítimo, só resta ao povo manifestar mais do que a sua indignação - a sua revolta. Manifestando-se em massa junto à Assembleia da Republica e esperando a compreensão e o apoio das forças militarizadas, tal como advogou o capitão de Abril, Vasco Lourenço.



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terça-feira, novembro 08, 2011

A Europa assiste neste momento, com a anuência catatónica dos partidos e da média, o poder auto-atribuído dos mercados financeiros nomear e demitir governos, impondo-lhes metas e políticas que reduzem o Estado, a economia e a sociedade a meros dentes da engrenagem reprodutora do capital a juro.

O grande dilema europeu: deixar que a Grécia abandone o euro ou criar dois euros?

A crise política na Grécia confirma una vez mais que a situação económica do país é mais complicada do que pode parecer e a anulação de uma parte da dívida não soluciona todos os problemas. Ainda que se suprimisse 100% da dívida (340 mil milhões de euros), a Grécia enfrentaria um futuro muito incerto ao ter a sua economia paralisada e amarrada ao euro. E, enquanto a Europa busca como safar-se da Grécia sem destruir a zona euro; a Grécia procura livrar-se da Europa sem que isto implique a sua ruina. Enquanto caem governos, as empresas vão falindo e aumenta o sofrimento humano, a situação segue adiante.
Como pode conciliar-se então, o facto de um país com uma economia tão déil, se permita ao luxo de ter uma moeda tão forte como o euro?
(Ler em Jaqueaoneoliberalismo)

quinta-feira, novembro 03, 2011

e depois...fica tudo na mesma?

Um candidato a primeiro-ministro que promete em campanha eleitoral precisamente o contrário do que coloca em prática, e de forma tão radical, logo que chega ao governo, não tem legitimidade democrática para governar. Deveria demitir-se ou ser demitido.
A democracia exige seriedade e num acto eleitoral existe um compromisso entre as promessas do candidato e o eleitorado. O rompimento desse compromisso deveria levar à demissão imediata do candidato eleito. Só deste modo seria respeitado o voto do cidadão eleitor. A não ser assim, teremos que qualquer trapaceiro, qualquer vigarista, qualquer aldrabão mais habilidoso nas suas mentiras e trapaças, poderá alcançar com facilidade a chefia do governo.
Faz algum sentido que um candidato a primeiro-ministro minta tão descaradamente, contradizendo tudo o que afirmou em campanha eleitoral e depois fique tudo na mesma?

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quarta-feira, novembro 02, 2011

Dias de extraordinária transparência

A convivência nunca harmoniosa entre democracia e capitalismo avança para um estágio de antagonismo aberto na crise das finanças desreguladas. As marcas se sucedem a desmentir os teóricos da endogamia entre produção de mercadoria e de cidadania; entre livres mercados e liberdade humana. A estaca desta 3ª feira espetou um ponto de contradição indissimulável quando o primeiro- ministro Yorgos Papandreu acenou com uma consulta popular sobre planos de ajuste ortodoxo, até agora sancionados à revelia da sociedade grega. Pânico: o poder coercitivo invisível das finanças explicitou então os limites de uma lógica incompatível com a soberania democrática. Coube ao vice-chanceler alemão, Guido Westerwelle, verbalizar a extraordinária transparência dos dias que correm: "O plano de resgate europeu para a Grécia não admite discussão", sentenciou herr Westerwelle, nesta 4ª feira.
Emparedada entre o imobilismo da esquerda e a supremacia das finanças desreguladas, a democracia viu-se reduzida a uma liberdade desprovida de conteúdo económico e social. O curto-circuito causado pelo gesto de Papandreu ilustra - a exemplo do que têm demonstrado as ruas - a distância que precisa ser vencida para que a coacção económica não se sobreponha mais ao efectivo poder democrático.

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