terça-feira, junho 26, 2012

Governantes rascas e incompetentes

Ao que parece todos têm medo dos “mercados".
Ouvimos os políticos da “situação” e os seus agentes, falarem dos perigos que poderemos vir a sofrer se não cumprirmos com a austeridade exigida pelos "ditos mercados" através do governo, da Troika e da frau Merkel. Países soberanos, por enquanto os economicamente mais débeis, como Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha e Itália, uma vez que já se ouve que a austeridade pode chegar à França e à própria Alemanha, encontram-se nas “mãos dos mercados”. Completamente subordinados, suspensos e à mercê dos ditos. Não se cansam os nossos políticos e a generalidade os políticos europeus de avisar os submissos cidadãos, que para seu bem, será bom cumprir com todos os requesitos exigidos pela austeridade, mesmo que isso arraste, como hoje se torna bem visível, os países para a destruição das suas débeis economias, para números de desemprego nunca imaginados, para a miséria e fome de grandes extractos da população.
Para toda esta élite dirigente, para todos estes sábios políticos, bem instalados na vida por sinal, a austeridade tornou-se um fim em si mesmo. Nenhum deles se arrisca a fazer previsões quanto ao futuro, nada prometem, apenas exigem sacrifícios para, ameaçam, sossegar os “mercados”.
Mas afinal, o que são os ditos “mercados” que determinam, como nunca antes acontecera, as políticas dos governos jogando com a vida de milhões de europeus?
Os ditos mercados não são mais que os bancos, as seguradoras e os fundos de pensões que especulam na “bolsa” da dívida pública dos países. No caso da união europeia, imagine-se, os bancos europeus detêm mais de 90% da dívida pública dos países europeus. O caricato da situação reside assim, no facto de serem as instituições financeiras que residem e têm a porta aberta nos próprios países europeus, as responsáveis pelas decisões de austeridade que vêm sendo impostas aos seus próprios países. Constata-se deste modo, que os governantes da UE, ao invés de controlarem e disciplinarem as instituições financeiras dos seus próprios países, deixam-se de modo submisso, ou melhor de forma planeada e conjugada, controlar por elas e agir em seu benefício contra os interesses e direitos legítimos dos seus povos.
Os líderes europeus poderiam facilmente colocar um travão à ganância e à especulação das instituições financeiras europeias, encontrassem-se eles ao serviço das populações e não ao serviço dos interesses financeiros privados, directamente como acontece na Itália, ou indirectamente como acontece nos restantes países.
Esta onda neoliberal que assaltou a UE e tem como serventuários os actuais governantes europeus, é amiga do estado mínimo e da auto-regulação dos mercados, e inimiga da regulação pelos Estados e inimiga dos estados sociais. Depois dos USA terem injectado triliões de dólares nos bancos e a UE ter injectado, de igual modo, mais de um trilião na banca europeia, torna-se absurdo afirmar, que os mercados se auto regulam.
O capitalismo neoliberal chegou a um beco sem saída. Agudizaram-se as suas contradições internas que se manifestam na contradição entre as instituições financeiras privadas e o capitalismo produtivo. Entre o capitalismo financeiro e o capitalismo produtivo. E a única alternativa viável para o capitalismo será subordinar o capitalismo financeiro ao capitalismo produtivo. Mas, não se espere que serão os actuais líderes europeus neoliberais os actores desta mudança. Não, e por essa razão só poderemos esperar nos tempos mais próximos, mais degradação económica, mais desemprego e uma vida cada vez mais difícil para os povos europeus.
Não se perspectivam assim mudanças a curto prazo com estes governantes rascas e incompetentes.

segunda-feira, junho 25, 2012

A receita de dona Angela

De acordo com dona Angela Merkel – a pronúncia recomendada é ‘Anguela’, dura como a sua alma – austeridade significa o Estado cortar tudo, e que se dane a gentalha. Ao sabor de sua convicção, a União Europeia tem aplicado a receita por tudo que é canto.
Os resultados, a gente começa a conhecer: os bancos são e serão salvos, as pessoas que se arrumem. Penso nisso tudo quando leio sobre o que está acontecendo na Grécia, em Portugal, na Irlanda, na Espanha, e que daqui a um suspiro vai acontecer na Itália.
É mais ou menos o que durante décadas aconteceu aqui, na América Latina: um bando de sabichões disfarçados de sábios dizem o que deve ser feito, e ponto final. As consequências de suas sapiências são pagas pela ralé, pela gentalha, por isso que nas estatísticas merece o nome de população, e nos discursos, o nome de povo.
A radical receita dos neoliberais, entronizada por dona Angela e seus pares, se impôs. E, com ela, se impôs o fim do futuro de gerações de europeus.
Estão todos – em Portugal, na Grécia, na Irlanda, na Espanha – entre a angústia e o desamparo. O futuro foi-se embora.
Os bancos estão sendo salvos. Resta saber para quem.
Eric Nepomuceno
 (Ler texto completo em cartamaior)

quarta-feira, junho 20, 2012

Acentuado empobrecimento

O PIB per capita em Portugal caiu 3 pontos percentuais de 2010 para 2011, situando-se agora nos 77% da média da UE27. Três pontos num ano é uma queda brutal. Os portugueses encontram-se cada vez mais pobres.
É o reflexo do “ajustamento”, o novo sinónimo de empobrecimento dado peros nossos governantes, imposto pela Banca e corporações europeias e meticulosamente executado pelos seus comparsas líderes políticos europeus.

terça-feira, junho 19, 2012

O CONTÁGIO QUE TORNA TUDO EFÉMERO

Bancos alemães e franceses têm 730 mil milhões de euros encravados no casco pendente do Titânic espanhol e italiano. Querem sair. Para ficar exigem juros impossíveis que antecipam o afundanço da embarcação. A Espanha deve mais de 750 mil milhões aos credores internacionais. Um naufrágio italiano significaria um calote de 930 mil milhões de euros na banca global. A Grécia com todo o mal-estar que causa é café pequeno perto desse rombo em transatlânticos gigantes.
Ao contrário do que diz a religião neoliberal, não há salvação individual no naufrágio sistémico das finanças globais. Se o devedor adorna, o credor se afoga. Segundo os dados do Banco Internacional de Compensações (BIS), uma espécie de caixa de liquidação das transacções globais, se o euro submerge, os bancos dos EUA perderão 430 mil milhões de euros em empréstimos. Parece pouco. Mas o revés será infinitamente maior --e o impacto muito pior que a quebra do Lehman Brothers, em 2008.
Essa é a lógica bruta que move a fuga sem lealdades no interior do Titânic europeu nas últimas horas. Compreende-se assim porque vitórias tão ansiadas na véspera, como a da direita na Grécia, se dissolvem na manhã seguinte, em novas golfadas de um contágio que torna tudo efémero.
Saul Leblon (Ler mais em cartamaior)

segunda-feira, junho 18, 2012

O grande crash financeiro de 1929; nada se aprendeu sobre a insensatez e a ganância humanas

Este novo documentário sobre a crise financeira de 1929 ajuda-nos a compreender muitos dos eventos que culminaram na actual crise financeira global. A cultura de crédito, a dívida maciça e o jogo de casino da Banca em 1929 marcou a maior crise financeira da história. No entanto, pela arrogância e falta de jeito humano, tudo aquilo foi repetido com a crise que começou em 2007.
Este documentário é farto de detalhes rigorosos sobre as causas da crise de 1929 e dá conta da nobre tarefa de Franklin Delano Roosevelt quando ele se compromete a regular o sistema financeiro e a evitar que os bancos especulem com o dinheiro que não lhes pertence, dado que isto é a origem da crise. Aqui vemos Roosevelt a pronunciar a frase: Nada há a temer, excepto o medo, assegurando que imporá um controlo rigoroso à banca, ao crédito e ao investimento bancários.
Todas estas tarefas nobres, sem dúvida, duraram até a década de 70, quando se impuseram as ideias neoliberais de Milton Friedman e deu vida à desregulamentação total dos mercados. Desde então, um a um, foram caindo os pilares sólidos erguidos por Roosevelt, e com motosserra derrubou-se o e criaram-se as finanças tóxicas que mergulharam o mundo na actual crise global. Este trabalho de destruição tem sido um verdadeiro caminho suicida que levou à Grande Depressão 2, que ainda se encontra em suas fases iniciais.
Este documentário deixa claro que nada se aprendeu e que as lições de 1929 foram logo esquecidas pela insensatez e ganância humanas.

sexta-feira, junho 08, 2012

A crise dos bancos e a batalha final da zona do euro

O sistema bancário europeu está curvando sob o peso da crise da zona do euro. O olhar está centrado nos bancos espanhóis e no caso particular do Bankia, que tem 10% dos depósitos e precisa de um resgate de mais de 20 bilhões de euros, mas a realidade é que esta semana a agência Moody baixou a classificação de seis grandes bancos alemães e França, Bélgica e Luxemburgo acertaram garantias estatais entre 10 e 55 bilhões de euros para salvar o banco Dexia do naufrágio. Em meio a este panorama, a Comissão Europeia impulsiona uma união bancária que centraliza a supervisão, intervenção e garantias do sistema, evitando que seja o Estado – o contribuinte – que termine resgatando esse “samba cheio de ilusões” que é o cassino financeiro internacional. O problema é: Há tempo?
A União Europeia vem empurrando a situação com a barriga há meses e mesmo anos. A queda do Lehman Brothers em setembro de 2008 se resolveu com massivas injeções de capital para alavancar o sistema bancário e programas de estímulo para evitar uma depressão ao estilo do crack de 1929. A segunda fase de crise foi a debacle da dívida soberana que começou com a Grécia no início de 2010 e que arrastou outros dois países - Irlanda e Portugal – que evitaram a moratória ao altíssimo custo de um resgate da Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia).
A dívida soberana é filha do estouro de 2008 e do triplo buraco que produziu nas contas estatais pelo resgate feito aos bancos, pelos programas de estimulo econômico e pela queda da arrecadação causada pela recessão. A Espanha, que não tinha déficit fiscal, passou a tê-lo. Um impacto similar pode ser visto no resto dos países da União Europeia. Mas o buraco principal permanece sendo o dos bancos. Em novembro de 2011, o Banco Central Europeu (BCE) comprometeu um trilhão de euros em empréstimos com baixíssimas taxas de juros e três anos de prazo para salvar os bancos privados. A soma é quase três vezes o PIB de um país como a Argentina, mas não basta. Esta semana, 96 bancos pediram 119 bilhões de euros ao BCE, um claro salto em relação aos 51 bilhões solicitados por 87 bancos na semana passada. E não é o único salva-vidas à mão. Três dos mais importantes bancos de Portugal vão receber 6,6 bilhões de euros dos 78 bilhões que o país acordou com a Troika.
Com a economia da zona do euro a um passo de sua segunda recessão – só evitada até agora pela Alemanha – as perspectivas de uma reativação do setor bancário são mínimas para este ano. Os dados divulgados esta semana sobre as quatro principais economias do euro mostram que a doença está alcançando a própria Alemanha que mostrou em abril sua pior queda de atividade em mais de dois anos. No rebaixamento que fez da nota de sete bancos alemães, a agência Moody assinalou que eles têm uma exposição combinada três vezes maior que seus recursos em caixa.
Segundo a Moody, os bancos alemães ficaram fortemente expostos aos investimentos nos setores imobiliário e naval acumulados durante a bolha e apresentam uma grande vulnerabilidade em relação aos países do sul europeu.
O fantasma de uma reestruturação da dívida bancária de um ou vários países europeus não está muito longe. A eleição na Grécia, dia 17 de junho, a cúpula do G20 no México, dias 18 e 19, a cúpula anual europeia no fim do mês e as manifestações de rua que podem ocorrer no meio disso são o pano de fundo político-diplomático-social da tormenta. Segundo o Financial Times afirmou nesta quinta, a UE estuda um resgate da Espanha com condições extremamente leves, o que seria um grande alívio para o governo conservador de Mariano Rajoy, mas que cairia como uma bomba nos três países regatados com planos de austeridade draconianos: Grécia, Portugal e Irlanda.
Errikos Finalis, membro do Secretariado Executivo da Syriza, a coalizão de esquerda grega que rechaça o ajuste e tem grandes possibilidades de triunfar nas eleições, disse à Carta Maior que seu país não fez mais do que resgatar os bancos. “O dinheiro que a Troika nos empresta fica literalmente dois dias na Grécia. Não serve nem para pagar salários públicos ou aposentadorias. Paga os bancos, o FMI e os juros da dívida contraída”, assinalou Finalis.
A grande pergunta é o que pode ocorrer se essa cadeia for rompida. No momento, a solução tem sido sustentar o edifício com alfinetes. Os remédios paliativos sempre aparecem no último momento para evitar um súbito naufrágio. Enquanto a crise se chamava Grécia, Portugal ou Irlanda essa política servia para ir empurrando o problema. A Espanha é o limite. O ministro de Finanças da Espanha, Louis de Guindos, disse mês passado que a batalha final do euro será em seu país. Ninguém sabe o resultado do combate, mas, segundo o editorial desta quinta do Financial Times, “não resta dúvida de que o último round está cada vez mais próximo”.

domingo, junho 03, 2012

Passos Coelho e a frau Merkel


Portugal tornou-se num obediente protectorado alemão. Passos Coelho não tem consciência do lamentável papel que vem fazendo com a sua cega obediência à Troika, isto é, à Finança e às Corporações alemãs.
Porque é a Alemanha que impõe as medidas de austeridade aos países da Eurozona. E, quando a prática já demonstrou a ineficácia, em termos de crescimento económico, de tais medidas, Merkel não se desvia um milímetro dos caminhos que teimosamente adoptou. Merkel sabe que o acentuar da pobreza dos países da Eurozona, originada por tais medidas, traduzem-se no reforço da riqueza da Alemanha. Enquanto os países em dificuldades orçamentais assistem à subida dos juros das suas dívidas soberanas (em Espanha está nos 6,5%) vendo-se obrigados a pagarem cada vez mais caro pelo financiamento das suas economias, a Alemanha, precisamente ao contrário, assiste com satisfação à descida dos juros da sua dívida soberana, a ponto de se terem tornado negativos (tomando em conta o valor da inflação) obtendo financiamento a custo zero.
O edifício do euro foi desenhado, hoje não restam dúvidas, não para uma cooperação solidária entre países e a elevação social e económica dos seus povos, mas para a satisfação dos interesses financeiros e económicos da Finança e das Corporações dos países mais poderosos da União, tendo à cabeça a Alemanha. Merkel não quer os chamados “eurobonds” porque os juros do financiamento da sua economia não seriam zero, como agora, mas da ordem dos 2 ou 3%.
Pouco importa que os países se afundem cada vez mais, que a pobreza alastre nos seus povos, que as condições de vida dos cidadãos regridam décadas, desde que a Alemanha continue ganhando com tudo isto. Manter e reforçar este “statu quo” é o papel que joga a austeridade imposta aos países “colonizados” pela frau Merkel.
Passos Coelho, sem qualquer cultura humanista, mostra-se um joguete, uma marionete, nas mãos destes poderosos interesses. Miserabiliza o seu povo para agradar a Merkel e à Troika, sem dar-se conta da verdadeira traição que faz ao seu país e ao seu povo. Mais parecendo um agente defensor dos interesses da Finança e Corporações alemãs do que um representante eleito pelos cidadãos portugueses para defender os seus legítimos interesses e direitos constitucionais.