terça-feira, maio 27, 2014

Operação de cosmética do PS ?

Prepara-se o PS para “mudar de fatiota”. José Seguro levou os socialistas a uma vitória nas Europeias, que pela diferença de votos com os grandes derrotados - os partidos que apoiam o governo, é uma vitória muito modesta que motivou naturalmente e de imediato a inquietação dos mais destacados líderes socialistas.
António Costa parece estar disposto a avançar para a liderança do partido. É convicção dos socialistas que Seguro não terá o “carisma” de Costa e que com ele dificilmente o PS obterá uma vitória clara nas próximas legislativas. Consideram que Costa tem mais peso político e dará mais confiança ao eleitorado nas próximas eleições.
Não parece contudo que com Costa o PS altere a sua política e a obediência que tem mantido com as políticas vindas da União Europeia. Não deverá colocar em causa o “tratado orçamental” ou outras medidas de austeridade a ele associadas, nem tão pouco a exigência de uma “renegociação da dívida pública”. Mas estas serão questões que em breve conheceremos mantendo-se a determinação de Costa em avançar para secretário-geral do PS. Contudo, apostamos que quanto ao conteúdo das políticas do PS não haverá grandes diferenças entre Seguro e Costa. Tratar-se-á mais de uma “operação de cosmética” que de uma verdadeira mudança alternativa de políticas do PS.
  A confirmar-se esta nossa convicção, nem Costa nem Seguro serão capazes de alcançar para o PS uma vitória significativa nas próximas legislativas.
Os socialistas, a social-democracia europeia parece não ter ainda compreendido bem o alcance das mudanças anti-sociais impostas pelo neoliberalismo que se estão a verificar na Europa e que são rejeitadas pela esmagadora maioria da população. Na evolução capitalista das últimas décadas, verificou-se um domínio cada vez maior do capital financeiro sobre o capital produtivo. O controlo do capital financeiro sobre as sociedades tornou-se avassalador e dominante. E está em marcha a imposição à sociedade de novos valores, de novas relações sociais, de nova distribuição da riqueza, de novas “reformas”, todas de um único sentido e do mesmo cariz anti-social, retirar rendimentos aos trabalhadores, ao pequeno comércio e aos pequenos empresários e entregá-lo de mão beijada ao grande capital, aos “mercados”, isto é aos donos dos bancos e seguradoras, aos donos dos monopólios e grandes empresas, aos gestores destas empresas e aos líderes políticos que satisfazem os seus interesses.
E tudo isto está em marcha porque esta minoria de super-ricos souberam aproveitar o momento de desorientação geral provocada pela crise financeira internacional. Contudo, passados estes momentos, em democracia será impossível manterem e continuarem com as suas ambições desmedidas de ganancia sem a revolta dos cidadãos. O que já se começou a desenhar nestas eleições europeias.
O PS senão romper com estas políticas neoliberais, com estas “reformas”, com esta “economia que mata”, como diz o Papa Francisco, arrisca-se a ter nas próximas eleições legislativas um resultado medíocre, semelhante ao que Hollande teve em França, ao que o PS espanhol ou grego tiveram agora. Com Costa ou com Seguro, é indiferente.

segunda-feira, maio 26, 2014

Kalvellido