quinta-feira, setembro 04, 2014

Estamos a ser colonizados

Segundo os dados revelados pelo Eurostat e divulgados esta terça-feira pelo Jornal de Notícias, 29,8% dos jovens portugueses entre os 20 e os 24 anos está em risco de pobreza. Um número que disparou na última década: em 2004, eram 22,8% na mesma situação.
Estamos mais pobres, com os serviços sociais mais caros e degradados, com gastos de dívida pública insuportáveis (em 2002 pagámos 3.917 milhões de euros em juros quando hoje, em 2013, pagámos o dobro, 7.813 milhões de euros), com crescimentos económicos negativos (2009, 2011, 2012 e 2013), com a sangria dos jovens que emigram.
A crise financeira veio apenas mostrar às claras a regressão económica em que o país vivia. Na verdade, o período correspondente à participação de Portugal na UEM (desde 1 de Janeiro de 1999 e com a mudança do escudo para euros em 1 de Janeiro de 2002) caracterizou-se pela estagnação da actividade económica: o produto cresceu a uma taxa média anual de 1,2% e sempre a uma taxa anual inferior a 2,4%.
Quando ainda pensávamos pela nossa cabeça, longe do euro, entre 1986 e 1991, a economia portuguesa crescia a uma taxa anual média real de 5,4%.
  A partir de 1999, com a entrada de Portugal na UEM, deixámos de ser senhores do nosso destino. Obedecíamos (os nossos governantes) alegremente ao que nos mandavam fazer e tínhamos até orgulho em sermos “bons alunos”. Foi assim que destruímos a nossa frota de pesca, os sectores mais importantes da nossa indústria, a nossa agricultura enquanto ao mesmo tempo íamos vendendo ao desbarato o nosso património.
Deixámos de pensar e agir em defesa dos nossos interesses, deixámos que os outros, os senhores ricos dos países europeus mais fortes economicamente, pensassem por nós. Como se os interesses deles fossem comuns aos nossos. Como se a UE fosse um paraíso de uma irmandade fraterna, quando ao contrário, os países que a dominam política e economicamente apenas visam manter e aprofundar tal domínio com total desprezo com os problemas sociais sofridos pelos países dominados. E a nossa classe política, a troco de um tacho em Bruxelas, prestou-se a receber e a cumprir as ordens vindas de Bruxelas com igual desprezo para com o seu povo.
Hoje estamos metidos num buraco, com a corda na garganta, à mercê dos senhores mandantes de Bruxelas. Estamos a ser colonizados. E não se vislumbra uma saída para tão humilhante situação. O próprio Presidente da Republica, aceitando um tal destino para o povo do seu país, apregoa-nos que teremos que suportar tal escravidão para além de 2020.
Enquanto não tivermos a coragem de romper com o euro e restaurar a nossa soberania.