quarta-feira, março 15, 2006

O Senhor Contente


Sócrates não cabe em si de satisfação pelos “sinais favoráveis” que diz vislumbrar na economia do País. Como “Mestre Sala” do grande desfile de sucessos económicos nacionais, com que vai entretendo o Zé contribuinte, anuncia a cada hora, mais um “sinal favorável”. Ele é o plano, que já foi choque tecnológico, ele é o Bill Gates, o MIT, a OTA, o TGV, os novos investimentos, as Opas e Contra-Opas, ele são os fabulosos lucros dos bancos, PT, EDP, Galp, etc, etc.
Para o primeiro-ministro tudo isto são “sinais favoráveis” da economia. Como se a economia real portuguesa girasse à volta de anúncios de intenções, ou de projectos megalómanos, que apenas ou sobretudo favorecem super-empresas estrangeiras, ou de mudanças de capital entre empresas, que não geram nada de novo a não ser uma diminuição de concorrência, ou ainda dos super lucros das grandes empresas que exploram as telecomunicações, ao transportes e carburantes, a energia e os créditos.
No ano em que estas empresas apresentam os maiores lucros de sempre, é precisamente o ano em que Portugal apresenta o mais baixo crescimento económico de sempre, de apenas 0,3% do PIB. O que levaria a parar para pensar, creio bem, um qualquer primeiro-ministro mais preocupado no País do que na sua própria imagem.
A economia nacional gira sobretudo em volta das pequenas e médias empresas, o seu estado é o reflexo do estado da nossa economia.
Todos sabemos como elas se encontram sufocadas economicamente. A factura que liquidam da energia, telecomunicações, transportes e carburantes são cada vez mais pesadas para a sua vivência diária. E quando necessitam de crédito conhecem bem os seus custos. Enquanto meia dúzia de grandes empresas engordam de modo absurdo, as pequenas e médias empresas desesperam lutando pela sobrevivência. A preocupação maior do governo deveria residir em medidas que provocassem a motivação de todas estas empresas, através de benefícios fiscais, apoio técnico, redução de impostos, promoção de produtos sobretudo no estrangeiro e redução das suas despesas de exploração regulando com eficácia o preço da energia, telecomunicações, créditos e carburantes.
Não compreende Sócrates, que a razão do desenvolvimento se encontra nas nossas pequenas e médias empresas espalhadas pelo País, e que da sua pujança e força advirá o nosso crescimento económico sustentado.
Infelizmente a continuar por este rumo a economia nacional jamais convergirá com a UE e aproximar-se-á, cada vez mais das economias típicas dos países subdesenvolvidos, dos países do terceiro mundo.

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