a ministra e o ensino
Não há dia que passe sem que a ministra da Educação nos surpreenda com uma nova “medida”, saída dos “laboratórios” do seu ministério. Medidas lançadas avulso, sem discussão prévia com os agentes da educação, professores, associações de pais, municípios, sociedade civil, etc.
Mais parece, que tais anúncios se destinam a cumprir um calendário mediático, sem o propósito sério de procurar cativar e neles empenhar todos os responsáveis pelo ensino e pela educação nele intervenientes. Procura-se o show-off da surpresa, e os ecos das primeiras páginas da comunicação social, sem a mínima preocupação em estudar as aplicações práticas de tão desencontradas medidas.
A ministra, a continuar assim, perderá em breve qualquer credibilidade, que alguns, por bondade, nela depositam ainda. É uma actuação infeliz da condução do ministério, que traduz não uma preocupação efectiva com os problemas da Educação, mas antes um intuito de imediatismo fácil, pedante e superficial.
E Sócrates, como mestre-sala desta política de show-off, não deixa de aparecer ao lado da sua ministra, todos os dias e em todas as ocasiões.
Deveria debruçar-se a ministra, com humildade, em estudar profundamente o ensino em Portugal, com todos os agentes intervenientes, sem complexos, analisando os resultados da aplicação das reformas anteriormente experimentadas, de forma global, ensino básico, secundário e universitário, estabelecer conexões entre eles e avançar para uma reforma global que a industria, a economia e o País precisa.
Mas, enveredando por esta política de vaidades, apenas se poderá esperar um agravamento, maior ainda, do ensino em Portugal.
Ao longo das últimas dezenas de anos, as politicas do Ministério da Educação, gerido pelos vários governos, manifestaram um total amadorismo, com sucessivos ensaios de “reforma”, cada um deles mais absurdo que o antecedente, mas possuindo todos como vector comum, a indigência, o arrivismo e o mais completo desajuste com a realidade.
Insistem as políticas educativas em tratar por igual o que é desigual. Nem todos os alunos possuem as mesmas capacidades intelectuais. Há que perder complexos e assumir de vez a existência destas desigualdades, que derivam mais das características pessoais de cada aluno do que do meio de onde provêm (como as velhas politicas materialistas pretendiam fazer crer). Assim, faria todo o sentido a existência de um ensino diversificado a partir do sexto ano. Um ensino mais teórico e científico para alguns, um ensino mais prático para outros. E seria a escola a proceder a esta separação. Seguramente que o abandono escolar seria muito mais reduzido sem a exigência aos alunos com menores capacidades para aprendizagens científicas e teóricas a frequência de aulas que em nada os despertam ou motivam. Continuar-se com esta massificação da aprendizagem é que não ajuda nem favorece ninguém.
4 Comments:
É só vento...!
Então não é sabido que as reformas são anunciadas à velocidade das Consultoras?: têm lá um manual e vai disto.
Querem lá saber dos resultados. O que é preciso é pôr cá fora a Reforma A. Reforma B, Reforma C, de preferência em Pawor Point, lá no anfiteatro do Ministério e....depois... é o que se vê...ou melhor quando se vê já todos foram embora
O melhor é apontar na sebenta...
" Ar condicionado numa sala de aula numa escola portuguesa"
Meu caro Blogger
Você está cheio de razão, mas nunca esqueça que estamos neste rectângulo e que os socialistas têm uns tiques que não levam a lado nenhum. São uma espécie de ditadura com toques de complexos de nem se sabe do quê
Mas pelos outros partidos centrais a coisa também não é muito famosa....nesse aspecto que anda muito próxima dos sucias, só que normalmente caem mais para a direita.
Quando há que ser realista, remar sem complexos a favor das necessidades das populações mas com profissionalismo e seriedade.
Sabe que cada vez gosto mais de ler coisas com trinta e mais anos.
Há um mal de raiz na nossa terra: a preguiça; por isso è que temos de fazer tudo num instante: às vezes coisas que demoram séculos. como por exemplo a educação. Temos nós talento nas artes, na música, na literatura, na compostura social com espírito de entreajuda e do bem comum ?
Dirão já dois ou três que naturalmente que sim nem poderia ser de outro modo. Mas em geral estes esquecem que são só dois ou três e mesmo assim vivem nas suas rodomas e descer ao País só para observar os indígenas no Gerês ou na Serra da Estrela.
Agora até já só se diz o País profundo....o Alentejo profundo..., como se se tratasse de áreas de criação de raças autóctones para observação turística.
A educação demora séculos. e nós ainda hoje não sabemos o qúe é isso.
Foi aliás, palavra banida.
É ver nas escolas.
Estória real na semana passada numa escola pública, zona de Lisboa:
A Professora ( que não viu a reportagem ou não anda cá neste Mundo...):
"...Vá meninos, agora que se aproximam as avaliaões de final de ano vamos a ver se fazem um último esforço para terem bons resultados...
Uma aluna lá no meio dos outros alunos:
Ó Sôtora!.... quem tem de ter cuidado é a Sôtora...que vai ser avaliada...."
E viva a República!
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