"Congresso da Administração Pública"

Programadamente, o governo, sai-se com “estudos de encomenda” de apoio a medidas que deseja introduzir.
Desta vez, antecedendo o chamado “Congresso da Administração Pública”, faz divulgar um “estudo” (sondagem a 300 pessoas), onde à cabeça aparece o pressuposto que se pretendia – a melhor qualidade e eficiência do sector privado face ao sector público.
Estou farto, confesso, de contribuir para este peditório. De uma vez por todas apresentem aos portugueses afinal, o que querem ou não querem privatizar. Se todos os sectores ou só alguns e quais. Se querem Tribunais privatizados ou não (o que dava um jeitão sem dúvida para certos sectores políticos em processos que por aí correm); se querem privatizar as Forças Armadas; os balcões das Finanças; a PSP e a GNR; na Educação já temos a Lusófona, a Lusíada e até há pouco tempo a Independente, colégios primários e secundários; nos Hospitais já existem de há muito hospitais privados; enfim, digam-nos de uma vez por todas o que pretendem.

Esta história da discussão estéril entre o sector público e privado, alimentada e fomentada pelos sucessivos governos, funciona mais como álibi à deficiente e irracional gestão da Administração Pública, de que os governos são os únicos responsáveis e se têm mostrado incapazes de gerir com a eficiência e a eficácia que se impõe e deseja, do que uma qualquer proposta séria e fundamentada de gestão dos serviços públicos

No momento em que aparecem algumas “vozes do sistema” a interrogarem-se quanto à eficácia do PRACE, surge novamente, como que numa fuga para a frente, o tema do publico/privado. Desde o início da apresentação do PRACE que denunciámos a irracionalidade e a eficácia dos seus propósitos (Posts de 31/03, 28/06, 02/11 e 06/11 de 2006). A aplicação do PRACE não se vai traduzir numa redução de funcionários e de despesa, nem irá eliminar as disfuncionalidades, falta de equidade e a irracionalidade existente na Administração Pública e que conduzem à sua má qualidade. Vejamos o que sairá de mais este inócuo congresso promovido pelo governo.