terça-feira, fevereiro 06, 2007

superlucros e baixos salários


O Millennium BCP arrecadou lucros de 735,5 milhões de euros em 2006.
Haverá quem não se incomode com tal facto, adiantando mesmo que será sempre bom que uma empresa portuguesa apresente lucros, constituindo tal cenário sinal e factor de desenvolvimento.
Ora esta afirmação não se poderá considerar correcta se assim formulada. Será seguramente factor de desenvolvimento nacional quando as empresas do País, no seu todo ou em sua grande maioria, apresentarem uma evolução económica que lhes permita arrecadar lucros razoáveis, abaixo mesmo da proporção em que o Millenium o faz. Acontece que não é este o caso presente, bem pelo contrário. Haverá meia dúzia de grandes empresas, os Bancos, a PT, a EDP, as Gasolineiras, a Brisa e poucas mais que arrecadam super lucros mas, a grande maioria das empresas portuguesas, as que são a alma da economia e que representam mais de 90% da economia nacional, encontram-se em grandes dificuldades económicas, acabando muitas delas por encerrar as suas portas e lançar os trabalhadores no desemprego.
Estas desigualdades do tecido económico, esta contradição, os super lucros daquelas grandes empresas, funcionando a maioria delas em monopólio e as restantes em cartel, não constituem um sinal económico favorável, como diz o governo, ou um factor de desenvolvimento mas, pelo contrário, um factor de retrocesso económico. Em vez de se mostrarem satisfeitos os governantes deveriam andar deveras preocupados com tal cenário.
Na verdade, os tais milhões arrecadados pelo Millenium BCP não nasceram no banco por obra e graça do Divino. Estes vieram de algum lado. Vieram dos lucros arrecadados pelos empresários deste País, que por sua vez, em dificuldades como se encontram, as remetem para os trabalhadores, último e mais frágil elo da cadeia.
Em última análise, os super lucros do Millenium BCP e Companhia, reflectem a depreciação dos salários e das condições sociais dos trabalhadores em geral a que assistimos, com o governo na vanguarda deste ataque, de uma envergadura nunca antes semelhante no pós 25 de Abril.
As palavras do ministro Manuel Pinho na China não são mais do que a constatação deste facto.


9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

manuel pinho, a anedota do ano

1:15 PM  
Blogger Arrebenta said...

E é preciso não esquecer o branqueamento de capitais, e os desgraçados deste país, que compraram um monte de pó e ferro reusado, nas periferias de Ranholas, a pagar em 50 anos. A alternativa é morarem dentro de um contentor.
Glória ao Magreb!...

1:30 PM  
Anonymous Anônimo said...

Bem analisado.
Não tarda vou começar a reler as críticas que estes "senhores" faziam no "antigamente"...só que agora estão eles no poder e os outros na geral do povo.

5:36 PM  
Anonymous Anônimo said...

sim...sim

5:44 PM  
Anonymous Anônimo said...

Claro só aos que trabalham é que eles tiram a massa.

5:49 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro RUY

Com tanto Plano Tecnológico profusamente anunciado os quatro cantos do Globo....só nos arrajma dificuldades... especialmente para publicar os nossos comentários ao CLASSEPOLITICA , o melhor dos Bloggs.
JOSÉ

5:49 PM  
Anonymous Anônimo said...

Bom...parece que estamos no bom caminho...e cá estamos nós no comentário...é que nós não desistimos !!!

5:53 PM  
Blogger Consciência Critica said...

Meu caro, a realidade de 90% do tecido empresarial português como disseste e bem, é a completa asfixia. Os tipos ainda não perceberam que com os esquemáticos supra-tributários, no fundo estão a arrecadar hoje, mas a secar a fonte do amanhã. Qualquer dia, não arrecadam, pelo simples facto de nada existir de sustentável. E é isto que explica porque é que as multinacionais se vão daqui embora. Se fosse pelos baixos salários, obviamente que teriam interesse em ficar. Não, não é nada disso. É que o esforço tributário de uma empresa em Portugal, quando comparado com outros países CE, é tremendo… (mesmo com salários bem superiores nos outros países).
Ora, se a malta não tem dinheiro, recorre a créditos, a empréstimos, a livranças, a letras, a contas correntes, a Visas, etc, etc. Logo inerentemente o lucro dos sanguessugas aumenta na mesma proporção, que decresce o poder de compra generalizado. E não é destruindo as PME’s, responsáveis por mais de 85% da empregabilidade nacional, que com certeza retiramos Portugal da crise. Haverá alguém capaz de explicar isto àqueles cromos, como se eles fossem muito burros…. Há! Mas eles já são…

10:33 PM  
Blogger Kane said...

Boa análise. Ao contrário do que disse Campos e Cunha, não creio que a opinião pública seja manifestamente sectária e injusta, quando faz apreciações à banca. Os factos são indesmentíveis e a regulação que o BP deveria promover, nem vê-la.

12:29 PM  

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