sábado, fevereiro 13, 2021

A TESTAGEM

 A TESTAGEM

PORTUGAL FAZ AO DIA DE HOJE, 09 DE FEVEREIRO DE 2021, 749.044 TESTES POR MILHÃO DE HABITANTES.
Compare-se então o número de testes que o país faz com os restantes países europeus.
Portugal faz mais testes por milhão de habitantes que a Itália com 571.236; a Alemanha com 484.896; a Holanda com 406.249; a Suécia com 543.572; a Áustria com 514.403; a Irlanda com 647.405; a Grécia com 427.779; a Noruega com 649.908; a Finlândia com 583.301; a Bélgica com 741.559; a Suíça com 525.823; a Hungria com 340.266; a Croácia com 302.629; a República Checa com 620.298; a Lituânia com 736.718; a Eslovénia com 401.955; a Letónia com 672.234; a Eslováquia com 338.058; a Sérvia com 311.679; a Polónia com 237.328; a Ucrânia com 145.742; a Roménia com 292.819; a Bulgária com 212.175; a Rússia com 719.313.
É certo que há três países, a Espanha, o Reino Unido e a Dinamarca que fazem mais testes por milhão de habitantes que Portugal e que todos os outros países europeus mas, olhando globalmente para o que se passa na Europa, haverá razões para tanto alarmismo, demagogia ou auto flagelação? https://www.worldometers.info/coronavirus/...

OS MÉDICOS ALEMÃES

 Muita gente se interroga sobre as razões que levaram a que os médicos alemães prestassem a sua ajuda num hospital privado e não num hospital público.

Nem os órgãos da comunicação/manipulação social se dedicaram a especular (como é seu costume) sobre o assunto.
Uma coisa nós sabemos. Os hospitais privados estão dotados de óptimas instalações contudo, o seu pessoal médico e de enfermagem dos quadros é diminuto. Em tempos “normais” socorrem-se dos médicos e enfermeiros do SNS que acumulam trabalho nos dois lados.
Do total de médicos que exercem funções nos hospitais públicos e privados não chega aos 13% aqueles que possuem vínculo contratual nos quadros dos hospitais privados. Nos enfermeiros este rácio ainda é menor não chegando aos 10,5%.
Os hospitais privados têm boas instalações mas não têm hoje pessoal médico e de enfermagem suficientes, uma vez que os médicos e enfermeiros do SNS não têm disponibilidade, em tempos de Pandemia, de fazer horas extra nestes hospitais.
Esta, uma razão possível para os médicos alemães prestarem a sua colaboração nas instalações de um hospital privado e, também, a justificação das dificuldades que o SNS tem tido em encontrar convénios para camas covid com os hospitais privados.

CÃMARA MUNICIPAL DE CASCAIS

 Nem todos os políticos com responsabilidades institucionais, infelizmente, sabem estar à altura nos momentos mais inesperados, críticos e difíceis da sociedade. Não é o caso de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais.

Desde a primeira hora do combate a esta Pandemia não poupou esforços para dotar a população do seu concelho (e não se pense que Cascais é um concelho de ricos, tem muitos, muitos bairros populares) dos meios mais capazes para minorar os efeitos desta crise pandémica. Foi a primeira autarquia portuguesa e uma das primeiras a nível mundial a testar toda a sua população; Criou centros de rastreio; linhas de apoio a idosos, empresas e famílias carenciadas; forneceu máscaras gratuitas (20 por semana distribuídas em vários pontos do concelho); etc.
Mas soube também interpretar politicamente o momento que vivemos ao afirmar:
“Porque, como é evidente para todos, os políticos e os cidadãos não vencerão a pandemia de costas voltadas. Queremos ajudar o Governo indo ao limite das nossas capacidades e, não raras vezes, para além das nossas competências. Quanto aos membros do governo, não consigo imaginar o momento difícil e a pressão por que estão a passar homens e mulheres que, à sua maneira, se entregaram á causa pública.”
Lamentavelmente nem todos os políticos possuem este sentido da realidade, lucidez e espírito solidário. E alguns dos mais responsáveis e influentes do seu partido.

GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL OU GOVERNO DE SALVAÇÃO DA DIREITA

 Uns chicos espertos, iluminados e arautos da direita, uma espécie de escaravelhos “rola bosta”, assistindo ao esbracejar da dita no atoleiro em que estupidamente se deixou mergulhar (PSD 20%; CDS 1%; Chega 10%; IL3%) alvitram, sem vergonha, uma iniciativa golpista que SALVE A DIREITA da merd@ em que se atolou.

Apoiados por uma comunicação/manipulação social que, aproveitando os efeitos da crise pandémica, procura artificialmente criar uma imagem de “desordem e confusão”, em desespero, não hesitam em recorrer a tudo, mesmo a iniciativas aberrantes, autoritárias e totalitárias como esta.

A INTERVENÇÃO DOS HOSPITAIS PRIVADOS NA PANDEMIA

  Os hospitais privados não intervieram mais na situação da Pandemia pela simples razão que não tinham capacidade para mais.

Repare-se no número de médicos dos hospitais privados e a sua percentagem em relação aos médicos do SNS:
A percentagem de médicos e enfermeiros nos privados em 2017 (únicos dados conhecidos)
% Médicos nos H. Privados 12,9
% Enfermeiros H. Privados 10,3
Fonte: INE
Ora, por falta de recursos humanos, os hospitais privados não puderam/podem "ajudar" tanto quanto seria desejável nesta pandemia. É esta a única razão porque não há mais convénios com os hospitais privados.

OS "ERROS" COMETIDOS

 Ouço falar em “erros” cometidos pelo governo na gestão da Pandemia, mas não vejo ninguém a enumerar e concretizar afinal quais os “erros” cometidos.

Tornou-se uma ladainha repetida mas sem que alguém indique e precise os tais desacertos.
Será que o não confinamento no Natal está incluído nestes pretensos erros? Vejamos, nas vésperas de Natal o governo, querendo saber a opinião dos partidos chamou todos eles tendo concluído que todos eles se mostraram concordantes com a abertura natalícia.
Dias antes, uma larga franja da população clamava pelos restaurantes abertos.
Claro que ninguém previu a evolução brutal da pandemia nos dias seguintes. Nada semelhante ao que tinha acontecido em Março ou em Outubro. Foi uma evolução galopante que nem os próprios epidemiologistas esperavam com esta dimensão.
E, sabe-se hoje, tal foi devido à nova variante do Reino Unido.
Censura-se o governo por não ter adivinhado a exponencial evolução do vírus que ninguém previu, censura-se o governo por não ter confinado o Natal quando todos desejaram o seu não confinamento, censura-se o governo por, apesar das dificuldades face à dimensão trágica da Pandemia, o SNS estar a dar uma resposta satisfatória e incluir nessa resposta a recepção dos doentes Covid19 rejeitados pelos hospitais privados.
Não é uma discussão honesta e tem apenas motivações políticas.

PLANEAMENTO E GESTÃO PREVENTIVA DA PANDEMIA

 Desde Março que existem Planos de Contingência nos hospitais. Tais planos foram escalonados de acordo com a variação/aumento temporal do número de casos. Plano que tem vindo a ser aplicado. A isto chama-se Planeamento e Gestão Preventiva, acresce, todo o material sanitário, as toneladas de material sanitário que foram atempadamente adquiridos. A isto também se chama Planeamento.

Planeamento para um eventual mas esperado aumento de casos de pessoas infectadas cuja evolução, num vírus desconhecido, se torna imprevisível. Ninguém previa a dimensão da evolução pós Natal. Sabia-se que aumentariam o número de casos mas ninguém previa a brutal e repentina ascensão que se veio a verificar.
Dizer que não houve gestão ou planeamento é falso, não corresponde à realidade e só pode ser dito por e para quem tudo serve para o ataque político mais rasteiro.
Pena foi que quem agora crítica não tenha alertado em devido tempo o governo para um confinamento mais severo, por exemplo, enquanto decorriam as manifestações dos empresários da restauração em vésperas de Natal.
Depois dos resultados todos acertam na chave. Mas não é jogo limpo nem enobrece quem o pratica.

ANTÓNIO COSTA E MARCELO RIBEIRO DE SOUSA. OS GRANDES VENCEDORES DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

 


António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa foram os grandes vencedores das eleições presidenciais. Foi António Costa o primeiro a lançar o seu candidato na Autoeuropa muito antes que o PSD e o CDS, a contra gosto, dessem apoio a Marcelo Ribeiro de Sousa.

E, fez bem o primeiro-ministro em apoiar o presidente. Marcelo Rebelo de Sousa é um católico progressista em comunhão com as posições assumidas pelo Papa Francisco inequivocamente anti neoliberais, recorde-se que apelidou aquela doutrina como “a economia que mata”, e assim em perfeita sintonia com as políticas sociais do governo de António Costa.
Depois do erro político catastrófico, ao coligar-se nos Açores com o Chega e legitimar assim um partido com ideais nazifascistas, o PSD está a braços com uma sangria dos seus eleitores pelo menos daqueles que desde sempre conviveram mal com a democracia. Era previsível; bastaria olhar para o que aconteceu com o PP aqui bem perto na vizinha Espanha. Outro erro político de Rui Rio foi a votação do PSD no orçamento de estado para 2021 com o seu voto contra não acolhendo os repetidos conselhos do presidente Marcelo. E uma tal assunção política terá afastado o PSD do centro político e de Marcelo.
Só uma política ao centro, social, (social-democrata seria pedir demais), com uma rejeição clara do Chega, permitiria ao PSD retirar votos ao PS. E não será com a pandemia, como o não foi com os incêndios florestais, que o PSD retirará votos do eleitorado do centro ao PS.
Quanto ao CDS pela errada escolha de líder mas sobretudo por ter-se radicalizado e afastado da doutrina social da igreja, que em tempos cultivava, vê-se agora obrigado a lutar pela sua sobrevivência política com o seu eleitorado a debandar para o Chega.
Enfim, uma nova reformulação da direita com trocas de influências entre partidos mas, tudo somado, uma direita cada vez mais incapaz de se tornar uma alternativa à esquerda dominada pelo PS de António Costa.
Quanto ao BE é visível a derrota brutal que sofreu, derrota também previsível, dado o absurdo e estúpido erro político do voto contra o orçamento. João Ferreira, apesar de ter tido uma maior votação que o candidato presidencial do PCP em 2016, ficou um pouco aquém das merecidas expectativas pela sua cordial e esclarecida campanha.
A candidatura de Ana Gomes não teve qualquer relevância ou quaisquer consequências políticas futuras. Esfumar-se-á tão rápido quanto as anteriores candidaturas de Maria de Belém ou Manuel Alegre. Satisfez apenas um desejo de protagonismo.

segunda-feira, janeiro 18, 2021

O CHEGA E O NAZIFASCIMO

 


É imperdoável que o Tribunal Constitucional tenha considerado o Chega como um partido da área democrática defensor e respeitador da Constituição Portuguesa. Como é igualmente imperdoável e irresponsável que o PSD de Rui Rio o tenha legitimado ao aceitar a sua participação na coligação governativa dos Açores.

Há que chamar as coisas pelo seu nome. Ventura é um pequeno nazifascista. Em seus comícios, a teatralidade dos seus gestos, a sua voz alterada, os insultos, o ódio aos ciganos, aos emigrantes africanos, aos comunistas, aos pobres e mais miseráveis, tratados como parasitas da sociedade, são em tudo semelhantes e fazem parte das intervenções dos nazis e dos fachos da década de 40.
Revejam-se as intervenções nazifascistas de então e verificar-se-á toda a parecença e encenação com as intervenções do Ventura de hoje. Ele faz culto em imitá-los e deve ter estudado e ensaiado as suas posturas.
O objectivo do Chega é subverter as instituições democráticas, infiltrar-se nas forças de segurança, combater os princípios solidários constitucionais. É um partido que se afirma, xenófobo, racista e anti-sistema como se comprovou pelas intervenções e propostas do seu Congresso recente. Julgar que ele poderá “moderar-se”, como diz Rui Rio, seria pensar que ele próprio renunciaria aos princípios em que assenta a sua própria razão de ser.
Isto não significa que o Chega não venha a ter uma votação expressiva em próximas eleições. Todos nós nos temos cruzado com alguém que de algum modo tem demonstrado ao longo dos anos conviver mal com a democracia, não escondendo alguma simpatia pelo passado anterior ao 25 de Abril. Muitos vêm sendo simpatizantes do PSD e CDS e agora é muito previsível que todos estes órfãos do passado se aglutinem no partido Chega.
Por outro lado, os erros e as actuações pouco dignas da governação democrática ao longo dos últimos anos, contratos ruinosos com entidades privadas que prejudicam o estado, uma total inacção em tornar a Justiça actuante e eficaz ou uma prática legislativa da Administração Pública favorecendo as elites partidárias dominantes, promovem a acção populista desenfreada do partido do pequeno Ventura e aproxima muitos incautos à propaganda do Chega.
Saibam as instituições democráticas terem consciência do perigo para o regime democrático do alastramento das teorias nazifascistas propagandeadas pelo Chega.

sábado, janeiro 16, 2021

IMBECIS INTELECTUAIS DE ESQUERDA

 Será assim tão difícil de entender que nesta desenhada ofensiva de direita, na tentativa de criação de uma “onda de direita” (por caricato, mais forjada na comunicação social que nos próprios partidos da oposição) iniciada agora, depois da ”aceitação e do entendimento” que o partido Chega pode constituir um parceiro de governação de uma direita aglutinada; com o aproveitamento político também, dado pela ruptura da esquerda com o voto contra do BE no orçamento; nesta ofensiva cada vez mais agressiva encabeçada pelas televisões, tudo servirá, para atacar o governo de António Costa.

Ataca-se o ministro agora, passados nove meses, sem que neste interregno o assunto merecesse qualquer atenção. Só agora se agarra no assunto para lançar a ofensiva estratégica desenhada pela direita “aconCHEGAda”. E as televisões são o seu porta-voz, a sua arma de manipulação e propaganda. Não há contraditório, os comentadores são escolhidos a dedo e todos pregam pela mesma cartilha. E, no meio de tudo isto há uns tantos imbecis intelectuais de esquerda que por puro oportunismo político também ajudam à festa e aos propósitos da direita cada vez mais agressiva e menos democrática.
Quanto à actuação do ministro, fez mais durante estes nove meses do que a oposição e todos aqueles que andaram calados e que agora se alvoram em justiceiros:
Fez um inquérito interno.
Enviou o caso à Procuradoria sendo três inspectores levados ao juiz que os deixou em liberdade até à decisão do Tribunal.
Iniciou uma profunda remodelação do SEF.
Chamou o embaixador da Ucrânia em Abril a quem recomendou que levasse condolências à família.
Foi ao parlamento onde foi questionado.
Deu uma entrevista à TSF sobre o caso onde respondeu às questões dos jornalistas. (18.12.2020)


A SOCIAL-DEMOCRACIA

 Lamentável que Mariza Matias não tivesse aproveitado a oportunidade para esclarecer o que entende por Social-Democracia na entrevista que deu na TVI. Dada a confusão que anda por aí quando, desde o PPD até ao BE, todos se dizem social-democratas apesar das suas práticas políticas contraditórias e muitas vezes antagónicas, que vão desde práticas liberais e ultraliberais ou neoliberais, seria oportuno que Mariza Matias esclarecesse quais os princípios sociais-democratas que diz defender.

Poderia dizer que a ideologia social-democrata tem como objectivo a eleição democrática de um estado que arbitre com eficácia o conflito sempre latente nas sociedades de modo de produção capitalista entre o Capital e o Trabalho através de legislação que proteja o Trabalho criando condições para a constituição de sindicatos fortes e uma legislação laboral que proteja o trabalhador.
Um estado que fortaleça as funções sociais do estado, como a Saúde Pública e universal, a Educação e a Protecção Social. Um Estado Social que seja financiado por uma repartição justa da riqueza produzida através de uma fiscalidade progressiva.
Um estado que detenha a maioria do capital em todas as empresas estratégicas como as Energias, os Correios ou a Banca.
Um estado que pratique uma efectiva democracia através de uma participação mais activa dos cidadãos nas instituições em particular na gestão das maiores empresas.

“NOS AÇORES MODEROU-SE”

 Não será estranho que o partido Chega alcançará uma votação apreciável em próximas eleições legislativas.

Todos nós nos temos cruzado com alguém que de algum modo tem demonstrado ao longo dos anos conviver mal com a democracia, não escondendo alguma simpatia pelo passado fascista anterior ao 25 de Abril.
Desta gente muitos acoitaram-se quer no PSD quer no CDS. Agora que o Tribunal Constitucional legitimou o Chega como partido coerente com os princípios democráticos apesar da sua prática xenófoba e racista, como se comprovou pelas intervenções e propostas do seu Congresso recente, é previsível que todos estes órfãos do passado se aglutinem no partido Chega.
Com a legitimação acrescida oferecida por Rui Rio na governação dos Açores, não será de surpreender que possa atingir até uns 20% em votação (seguindo o princípio de Pareto) em próximos actos eleitorais.
Esvaziará o eleitorado do CDS e acolherá muito do eleitorado do PSD.
Vivendo de um populismo desenfreado qualquer pequeno “deslize” das instituições democráticas lhe servirá de pasto para a sua propaganda.
E muitas actuações indignas de um estado democrático têm sido cometidas pelos governos do chamado “arco da governação”. Contratos ruinosos com entidades privadas que prejudicam o estado, uma total inacção em tornar a Justiça actuante e eficaz ou uma prática legislativa da Administração Pública favorecendo as elites partidárias.
Tudo servirá de aproveitamento político pelo partido do caricato Ventura. Aproveitando-se das deficiências da prática democrática tudo fará para desacreditar o regime democrático apregoando o seu novo “sistema político” isto é os seus objectivos totalitários e fascistas. (17.11.20

A ESTRATÉGIA ERRADA E AVENTUREIRA DO BE

 Torna-se pouco compreensível para os portugueses de convicções verdadeiramente sociais-democratas a postura política do BE nas negociações que vem mantendo com o PS para a aprovação do orçamento de 2021. Na verdade, o BE com o seu radicalismo negocial parece estar mais interessado em confrontos que conduzem à ruptura das negociações do que a genuína procura de pontos de entendimento.

É uma estratégia pouco compreensível. O BE deveria compreender que só e quando o PS tem uma deriva neoliberal, como aconteceu com o PS de Sócrates, haverá espaço e condições para consolidar e ampliar os seus apoiantes. O BE tem um eleitorado muito flutuante, oscilando entre o BE e o PS consoante este se afasta ou aproxima das políticas sociais, das políticas genuinamente sociais-democratas.
Acontece que desde 2015, com António Costa, o PS tem governado com políticas e medidas inequivocamente de cariz social-democratas. Mais do que isso, conseguiu pela primeira vez desde o 25 de Abril criar uma frente de governação de esquerda com a chamada “geringonça”. Foi um feito com uma extraordinária dimensão política. E, com as negociações que vem mantendo com o BE e o PCP nos orçamentos de 2020 e 2021 tem procurado manter viva a frente de esquerda que soube então criar. Na situação da forte crise económica, orçamental e social em que o país vive, provocada pela Pandemia e seguindo o PS de António Costa políticas de cariz social, torna-se pouco compreensível que o BE com a sua intransigência para além do que é aceitável não compreenda o significado de uma ruptura da coligação parlamentar da esquerda. Naturalmente que sofrerá as consequências eleitorais deste seu comportamento nas próximas eleições legislativas tal como sofreu nas últimas eleições com o seu apoio ao aventureiro Pardal na greve dos motoristas de matérias perigosos. (21.10.2020)

 Não será muito sensato ou aceitável que António Costa, antes de qualquer discussão com os partidos à sua esquerda, anuncie com dramatismo e a maior publicidade que, ou eles aprovam o próximo orçamento, que ninguém conhece ainda, ou não haverá orçamento algum (ameaçando portanto com novas eleições). Com tamanho dramatismo e alarmismo será lógico colocar em dúvida as reais intenções do PS quanto a uma nova parceria com o BE e o PCP.

Também não será muito sensato e aceitável que o BE anuncie publicamente exigências que aumentam a despesa pública sem que ao mesmo tempo não enumere onde irá procurar receita que equilibre tal despesa. A situação orçamental provocada pela Pandemia está cada vez mais difícil e o BE e o PCP, para merecerem crédito, terão que apresentar detalhadamente onde encontrar receita que compense os gastos das medidas que eventualmente venham a propor.
Não basta apresentar propostas avulsas, naturalmente simpáticas ao eleitorado, sem que se façam as contas do seu custo e o modo como se obterá a receita indispensável.
Se o PS, a destempo e com alarmismo, vem colocar os seus antigos parceiros perante orçamentos consumados tanto o BE como o PCP não podem cair como resposta numa espiral de exigências incomportáveis.
Os tempos estão demasiado difíceis para os portugueses serem confrontados com jogos tácticos partidários.