sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Salvar os bancos, arruinar a economia


Josetxo Ezcurra
O BCE, a UE, o Merkozil encontram-se obcecados com um único propósito - o resgate e o fortalecimento do sistema financeiro. Para eles, tudo deve ser sacrificado a este superior desígnio. Os rendimentos das populações, os salários e as pensões, os direitos sociais adquiridos ao longo das últimas décadas, a economia real e até, pasme-se, a própria vigência democrática, como são os casos da Grécia e da Itália em que a governação democrática foi substituída por comissários do sistema financeiro.
Depois dos 489 mil milhões de euros o BCE prontifica-se a oferecer-lhes mais um bilião de euros. Ao mesmo tempo, a troika exige aos países a mais severa austeridade sacrificando as populações e debilitando a economia real. Oferece-lhes todo o dinheiro que desejarem, a um juro de 1% e sem a imposição de quaisquer condições que garantam a fluidez de crédito às empresas produtivas. No que resulta a paralisação da actividade produtiva como agora se verifica. As oligarquias financeiras preferem utilizar tais recursos em operações mais lucrativas – no negócio altamente rentável das dívidas soberanas.
Se recuarmos até 2007 observamos que não existia então o problema das dívidas soberanas que agora infernizam os países. A dívida pública de Portugal mantinha-se na casa dos 60% (68,2%) o mesmo acontecendo com a Espanha (36,2), a Irlanda (24,8%), com uma média europeia (UE25) em 59,6%. Em 2010, a dívida pública portuguesa saltou para (93,3%), o mesmo acontecendo com os outros países, 61,0%, 92,5% e 80,8% respectivamente. Existia contudo em 2007, uma profunda crise nas instituições financeiras. A opção da UE, tomada pelos seus líderes em reuniões de emergência, foi a de lançar operações de salvamento e resgate das instituições financeiras à custa dos orçamentos nacionais dos países da união europeia. A dívida pública contraída desde então com este propósito, acabou por colocar os países em situações de insustentabilidade orçamental como é caso de Portugal, da Grécia, da Irlanda e mesmo da Espanha e da Itália. Os títulos da dívida pública emitidos pelos países para resgatar os bancos não deveriam ser considerados como “dívida pública” mas como um empréstimo a ser pago pela banca e não pela população.
À custa dos sacrifícios da sociedade, reforçou-se o poder dos banqueiros e das instituições financeiras, ao ponto de serem elas próprios, pasme-se, a imporem condições aos paíse para a “saída” da crise.

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