quinta-feira, novembro 23, 2006

o estatuto da carreira docente


O governou aprovou hoje em conselho de ministros o novo estatuto da carreira docente. Uma das alterações nele contidas, limita os lugares de topo da carreira dos professores. Ao mesmo tempo cria uma nova classe de “administradores das escolas” seleccionados de professores que até aí leccionavam e que deixam de o fazer precisamente para se ocuparem das tarefas burocráticas das escolas.

O estatuto prevê assim duas classes de docentes: os que ensinam e os que não ensinam. Os primeiros mais mal pagos e sem acesso aos lugares de topo, os segundos, mais bem pagos e com acesso ao topo da carreira.

Instalada a divisão administrativa é licito questionar se será correcto um professor com capacidades de leccionar fora de comum, com uma vocação que se cumpre ensinando e que não quer desistir de o fazer porque aí reside a sua vocação, ver coarctada a possibilidade de alcançar os lugares mais altos da sua carreira.

Este estatuto, em vez de premiar os professores que ensinam melhor, acaba por premiar os “professores” que gostam de tarefas burocráticas e não gostam de leccionar. È um contra-senso.

Os argumentos a que o governo recorre para justificar tal aberração são falaciosos e sem sentido. O governo, se fosse politicamente sério, diria simplesmente que tal medida surge apenas como o expediente que lhe pareceu mais aceitável para reduzir a massa salarial dos docentes e diminuir assim as Despesas do Estado. Expediente por expediente, haveria seguramente outros que não se tornariam tão gravosos para a Educação quanto este. Retirar os bons professores das turmas e dos alunos e colocá-los em tarefas burocráticas é seguramente prejudicial às escolas e à Educação.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

A questão não é a de retirar esses docentes das aulas. Eles continuam a leccionar - a diferença é que só eles podem desempenhar as tarefas burocráticas, não como redução mas como compensação das horas de redução por idade;isto é,há uma centralização das funções burocráticas nas mesmas pessoas, funções que a maioria não deseja. Por exemplo, quem quer ser coordenador de departamento e ir observar aulas de colegas para os avaliar?

8:48 PM  
Anonymous Anônimo said...

Sim...sim...quem no final de carreira quer ser coordenador do que quer que seja quando por excesso de dôres reumáticas já não se pode tirar nenhum curso de judo ou luta livre ou de defesa própria, o que, hoje em dia é essencial para sobreviver nas Escolas?

8:54 PM  
Anonymous Anônimo said...

como não sabem fazer políticas em condições, podiam copiar....
por exemplo, na finlândia...

11:16 PM  
Anonymous Anônimo said...

Na carreira docente não existe topo da carreira. Existem sim patamares em que se ganha mais do que noutros. Mas não existem etapas em que as funções desempenhadas mudam. Numa carreira em que se começa por baixo e se vai subindo, aí sim chega-se ao topo. Por exemplo, começa-se por secretário e chega-se a director. Mas na classe docente, começa-se por ser professor e acaba-se sendo professor.

Portanto não faz ponta de sentido falar em chegar ao topo nem em afirmar que só na classe docente todos os professores chegam ao topo. Isso é uma falácia; uma manha inteligente para justificar a criação artificial de dois escalões mas em que se faz o mesmo em ambos: dar aulas.

Um professor quando entra para os quadros atinge imediatamente o topo da carreira, no sentido de que as funções que desempenhará serão sempre exactamente as mesmas.

Não confundir o facto do Estado pagar progressivamente mais pelas mesmas funções à medida que se é professor há mais tempo com progressão na carreira e com chegar ao topo. Isso é para as carreiras em que existe uma hierarquia de cargos. Aí sim, chega-se ao topo.

11:59 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pois é, passa a haver hierarquia. Não consigo deixar de pensar num médico excelente a tratar doentes que foi nomeado chefe de serviço. Coitado, teve de passar a chefiar os outros médicos, a acompanhar o trabalho deles, a avaliá-los... Coitado... Maldita organização...

11:44 PM  
Anonymous Anônimo said...

Bom, bom era se nós conseguíssemos passar do macaco ao porco!
Aumentava a produtividade e não se perdia tempo.

7:17 PM  

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