CRÓNICAS DO REYNO
Mui povo e outras gentes sem condição, presenciaram nas ruas de Lisboa, a passagem do Cortejo Real, que levou El-Rei D. Cavacco Maria e a sua larga comitiva dos reais Paços de Belém aos Paços do Lumiar onde pernoitou a noite da passagem do anno.
(os quatro capitães de guerra que todas as semanas dão lições de marear nos Paços de Carnaxide)
Entrementes, o sombrio Cardeal-Mor do Reyno, D. Socrattes Pinoquio, terá embarcado mui secretamente para terras dos Brazis, onde terá chegado em vésperas do anno novo, acompanhado de muitos escudeiros, capitães de guerra e dos mais nobres fidalgos da Casa Soarres.
Entre elles, a baronesa Dª. Editte Star e seu cuco marido. Acompanhavam também o Cardeal-Mor, D. Sílvio Pereiras, aio-mor de Sua Eminência, e muitas cortesãs destacando-se de entre ellas, a mui louçã, Dª. Ellsa Raposão.
O Cardeal parece mui contente, dando gosto vê-lo correr em trajes íntimos, que o calor é mui grande, perseguido os indígenas pelas praias da Baía.
Mas os negócios do Reyno chamam-no a Lisboa, pelo que estará prestes a atracar nas docas de Belém.
Quem não descura o seu serviço, é o capitão de guerra D. Teixxeira dos Prantos, que continua a arrecadar tesouros com os novos impostos, os novos tributos, sobre o povo.
A vida está mui difícil, e nunca se viu miséria assim, por essas vielas de Lisboa.
Ao invés, todos os dias, a um qualquer fidalgo, são dadas novas benesses e mayores rendas, como terá acontecido esta semana com D. João Cravão, membro da Casa de Soarres.
Tudo isto que vem acontecendo desgosta mui o povo, e ainda mais, por que sente o seu Rei molestado e incapaz de o aliviar.
O Cronista-Mor do Reyno
D. Ferrão Lopes
5 Comments:
Essa dos capitães de guerra está muito boa.
Porque será que os cortesãos todos se dizem a trabalhar esforçadamente em nome e só para o povo e logo que aparece um buraquito ai...que aí vão logo para a estranja...borrifando-se para o povoléu ????
Com que então a passagem do ano foi um vêr de vilanagem....! com raposos e tudo ????
E eu que pensava que o Reino estava em poupança.....
Parvos são os que levam isto a sério....mas olhe sempre foi assim ...há sempre uns que se lixam ...mas ...em boa verdade também ninguém os manda estar no sítio errado !
Ah tãm ...e agora quem é que faz a tão aguerrida cruzada contra os maléficos e negociantes de más contas e escuras vielas?
Que diabo... era uma das mais importantes cruzadas no campo luso....e agora ...meu Deus ? acaba a cruzada ou os malfeitores ? Ou nada ? como de costume ....ai....ai....e o chorudinho no fim do mês...com carrito....casa....cão...secretária.....jornalinho logo de manhã....torradinhas e chá com leitinho ( muito à inglesa)....ui...ui....não que não querias em vez de andares por aí no real pântano do reino a fingir e fazer figura de D. Quixote ainda por cima sem burro nem pança...
Realmente falando o Botas era um antiquado: passava o ano lá para cima nas Beiras comendo um bacalhauzito e umas batatitas com um azeitito acabado de sair do lagar da aldeia, que não havia dinheiro para mais, e depois ia à Missa.
Aliás, tal como o POVO ainda faz hoje !
Com esta questão da estabilidade, nobres e cortezãos vão tendo mais tempo para ler algumas croniquetas que ultimamente vêm saindo sobre a vida, hábitos e costumes no passado do Reino.
Então e não querem lá ver que estão a aprender ?
O que está mal? As croniquetas ou a estabilidade?
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