terça-feira, janeiro 23, 2007

estratégias de desenvolvimento


Ao poder político cabe a tarefa de definir estratégias de desenvolvimento macroeconómico com o estabelecimento de politicas favoráveis e motivadoras, capazes de suscitar o interesse económico dos empresários. E neste capítulo, os nossos governantes têm-se mostrado incapazes de traçar rumos coerentes e consistentes, vagueando ao sabor dos acontecimentos e às “ordens” de Bruxelas.
Portugal deveria demonstrar aos seus parceiros europeus mais fortes, que não possuindo as indústrias dos Mercedes, Fiats, Renaults, Motorolas, ou qualquer uma outra semelhante, a abertura dos mercados europeus aos produtos agrícolas, de vestuário e outros aos países asiáticos, sul africanos e sul americanos redundaria inexoravelmente num colapso da indústria e da agricultura nacionais. Se a troca dos Mercedes,etc, por bugigangas asiáticas é muito favorável à Alemanha, França, Itália. Inglaterra, etc. uma tal “globalização” torna-se num desastre económico brutal para Portugal.
Um dos vectores económicos estratégicos para Portugal seria o desenvolvimento das Pescas e todas a industria a elas associada. Portugal tinha todo o direito de exigir não apenas uma zona exclusiva de pescas do Minho a Tavira, dos Açores e da Madeira por troca dos prejuízos causados por aquelas aberturas aos mercados mundiais mas também os apoios para a prossecução de uma tal política. Em vez disso, entregámos a nossa zona exclusiva à CEE, e procedemos ao abate da nossa frota pesqueira. Em vez de um sector de pescas forte e dinâmico assistimos hoje ao seu definhamento ao seu completo aniquilamento.
A Agricultura, quer queiramos quer não, sempre será um dos nossos sectores económicos estratégicos, infelizmente desde que entrámos na CEE temos andado no mais completo desvario, ora arrancando vinha e olival, ora plantando olival e vinha, ao sabor da vontade dos burocratas de Bruxelas, sem vínculo a qualquer traçado estratégico nacional. Nem o emparcelamento da propriedade no minifúndio, nem o levantamento geológico do território, nem qualquer apoio científico e estrutural à agricultura. A política dos governos tem-se limitado à gestão e distribuição de subsídios aos agricultores. Nem tão pouco lhes discorre a ideia, da imposição de margens de comercialização máximos a certos produtos agrícolas importados mercê da “globalização”, única forma de atenuar os prejuízos de iguais produtos da agricultura nacional.
Outro dos vectores económicos estratégicos seria o desenvolvimento económico com os países sul-americanos. Por afinidades históricas e de língua, pela importante percentagem de emigrantes portugueses nesses países. Aqui bastaria “copiar” a política espanhola.
Relativamente ao Turismo, outro sector estratégico, basta ter em atenção o desordenamento do litoral do território e o estado de abandono e ruína dos mais preciosos monumentos nacionais para nos darmos conta da inoperância dos sucessivos governos. Aqui, parece, tudo começa e tudo acaba no TGV e na OTA.
Simplesmente, temos andado na mais completa irracionalidade, sem saber que terreno pisamos ou para onde vamos, ao desvario, à deriva, impulsionados apenas pelos confusos e difusos ventos de Bruxelas.

13 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Claro fui almoçar sem ler antes este Blogg....

Mas sobre a desgraça a que vamos chegando...

Ora leia....."Jorge Pablo cicia-me : « Tem graça, há bocado ouvi-o ( a Salazar ) muito descrente do futuro. Receia mesmo que esgotada a euforia socialista, caído o bloco de Leste, perdido o império, o nosso País volte, sob a ressão do capitalismo selvagem, à situação de pobreza, de apatia, em que o encontrou no final da República. E acrescentou : " Pessoalmente não me sinto muito aflito porque a morte, em breve, evitará que tenha de enfrentar isso "» ...
( in Máscaras de Salazar, 11.ª edição,pág. 350, de Fernando Dacosta )

Sem comentários!!!

5:57 PM  
Anonymous Anônimo said...

Leia-se ..."sob a pressão do capitalismo selvagem"...

5:59 PM  
Blogger Carlos Sério said...

O homem até parece adivinho!

6:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

Abriram os Telejornais das vinte horas:

Até assusta!!!!!...tirem-me daqui....

8:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

O definhamento do sector das pescas deve-se à sobrexploração dos recursos e não às políticas impostas por Bruxelas. Somos nós, portugueses, que temos vindo a destruir paulatimante ao longo dos últimos 40 anos os recursos marinhos deste país. E a coisa promete continuar. Valha-nos Bruxelas !

9:42 PM  
Blogger Carlos Sério said...

Caro Mario
Não somos nós, portugueses,que exploramos os mares que foram nossos e cujos recursos estão cada vez menores. Bruxelas ficou com os nossos mares. A zona exclusiva portuguesa que ia do Minho a Tavira e circundava os Açores e Madeira deixou de existir e neles encontramos as frotas pesqueiras dos paises da CEE.Foi Bruxelas que nos impôs a abertura dos nossos mares às frotas estrangeiras. Não somos nós que sobrexploramos os recursos, coitados de nós que chegamos a um ponto que pouco mais temos do que pesca artesanal.Mas quem vive junto à costa apercebe-se durante a noite da passagem dos arrastões pesqueiros espanhóis,franceses,etc

10:27 PM  
Blogger Consciência Critica said...

Infelizmente a troco de umas patacas, tem-nos retirado tudo, o que legitimamente era nosso. Sobre as pescas nem vale a pena… Terão porventura diminuído zonas exclusivas aos mais poderosos países da CEE?
A nós até o número de embarcações nos foi imposto por Bruxelas….
Valha-nos a “firme” oposição na altura do Durão Barroso (mas estou em querer, que qualquer um o faria), quando tentaram mexer nas cotas de pesca da sardinha… somos um pais, pequeno, que pensa pequeno, não se agiganta…
Não somos actualmente dignos, da “ocidental praia lusitana”…

11:19 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pois é Ruy, que estratégia? Só se ouve falar de estratégia, mas é da cooperação estratégica entre PR e PM...

Visão estratégica, para fazer valer os nossos interesses em Bruxelas, não tem havido. Os vários ministros da Agricultura e Pescas de governos sucessivos, têm sobretudo defendido os interesses de grupos a que eles também pertencem. Seria necessário, HOJE, ter alguém com o distanciamento suficiente, e com competência. E sobretudo ter uma política de COERÊNCIA, inteligível, que dê para perceber alguma coisa, que não seja o aberrante: “ semear para não colher”!

Eis algumas reflexões:

- As Pescas têm sido mais abate, abate, abate, que reposição da frota. A entrada do dinheiro fácil, acaba por matar a economia, o emprego, e mais nada…
- A fraca firmeza em Bruxelas por parte dos governos portugueses, na negociação das quotas de pesca, muitas vezes denunciada pelos pescadores, não ajuda nada.

Quanto à agricultura, alguns aspectos:
- A EU não pode competir no tal mundo global, porque tem restrições sociais e ambientais ( e bem!) de mundo desenvolvido. Isto é gritante quanto toca à produção agrícola. Enquanto a EU não proceder como os USA, nada feito. Há que bater o pé!
- A EU apoiou sempre em primeiro lugar os cereais, que são as culturas do Norte da Europa e dos grandes proprietários do Alentejo…Esta política foi boa para os subsidiados, mas não foi longe. A aposta terá que ser no olival, hortícolas, vinha, e em culturas mediterrânicas.
- Não pode haver complexos: a actividade agrícola precisa de uma dimensão mínima razoável, de mais de uma dezena de hectares, para ser rentável. Os verdadeiros empresários agrícolas devem ter os maiores apoios, sem complexos. Mas com fiscalização, CLARO! Os minifúndios, da horta, para o auto-consumo e pouco mais, devem ser certamente apoiados, mas sem grandes investimentos infraestruturais. Isto foi e será sempre um ERRO!
- Foi gasto muito dinheiro em programas de emparcelamento rural e cessação de actividade, com poucos resultados, mal gerido. Fazer emparcelamento de 100 hectares, com 400 prédios, de 300 proprietários, para quê? Para dar dinheiro a ganhar às empresas que vão enrolando os projectos, para alguém ir sacar algum, talvez…Aliás, muitos desses pequenos proprietários se interrogam porquê serem o alvo de tanto investimento…

Uma política que não envergonhe necessita de uma classe política que goste do seu país e que se bata por isso. E para implementar tal política, o Estado tem que ser ágil e competente, escolher por mérito os seus dirigentes…Está-se sempre a falar da mesma coisa, mas não se vê nada!

10:06 AM  
Anonymous Anônimo said...

Salvo o devido respeito não é verdade que não se vê nada....então basta dar uma volta pela autoestrada e logo se vê a política agricola que definitivamente apostou no princípio do Jeep...que é vê-los cada vez mais potentes .....um regalo para a vista....
Viva a agricultura.....

Jeep ...e segunda habitação ...de preferência no monte com restaurante por perto...para o ensopadito ....

12:05 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Rui
Não se deixe iludir pela tese de que os estrangeiros, nomeadamente os espanhóis, são os principais responsáveis pela delapidação dos nossos recursos marinhos. Como pode ter a certeza que esses arrastões que passam à noite junto à costa são espanhóis e franceses? Isso é o que os nossos pescadores e armadores propalam com o intuito de os desresponsabilizar do estado a que chegaram as coisas. Foram anos e anos (ainda antes da entrada de Portugal para a CEE) a desrespeitar as mais elementares regras de preservação das espécies marinhas (tamanhos mínimos das espécies, artes de pesca ilegais, pesca em zonas proibidas e nos períodos de reprodução das espécies, etc, etc....). E a pesca artesanal não está também isenta de responsabilidades. O abate das embarcações visa apenas adaptar o esforço de pesca aos recursos existentes. Infelizmente, o descalabro dos nossos recursos pesqueiros a isso obriga.

12:41 PM  
Blogger Carlos Sério said...

Caro DJ, concordo na genaralidade com tudo o que afirmou, tudo se resume afinal à incompetência e aos "interesses" pouco lícitos.
Caro anonimo, é evidente que os nossos armadores não são santos. Agora não queira comparar a frota pesqueira espanhola com a portuguesa. Insisto, os prejuizos causados à nossa economia pela liberalização dos mercados, (altamente vantajosa para economias como as da Alemanha,etc)obrigaria os nossos governantes nas negociações com a CEE,a exigir manter inalterada a nossa zona exclusiva, o que nos permitiria o relançamento das Pescas e das indústrias pesqueiras. Isto só não aconteceu por falta de visão e lascismo dos nosso politicos.

2:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

Quem é que anda a confundir jaquinzinho com carapau?

Um problema é a pesca ilícita, não declarada e não regulamentada. O Estado não o pode permitir. Ponto.
Outra a questão tem que ver com os equilíbrios. E neste particular, a política comum da pesca deve ter em conta as dimensões biológica, económica e social da pesca. É precisamente nestes (des)equilíbrios que está o calcanhar de Aquiles da nossa pesca.

2:13 PM  
Anonymous Anônimo said...

Por lapso, o meu comentário anterior foi como anónimo. Não vou eternizar esta discussão, mas permitam-me que insista: o calcanhares de Aquiles da nossa pesca não é a Política Comum das Pescas – é a escassez de peixe ! O elevado nível de depauperização em que se encontram muitos pesqueiros tradicionais e a condição degradada de um número elevado de espécies é da responsabilidade dos profissionais da pesca autóctones e das instituições públicas nacionais ligadas ao sector. A título de exemplo veja-se o caso do peixe-espada branco de Sesimbra. Não foi a Política Comum das Pescas que o exterminou, nem sequer a frota espanhola. Foi o esforço de pesca excessivo levado a cabo por embarcações portuguesas (sim, portuguesas!). Outros exemplos poderiam ser aqui referidos.
Contra factos não há argumentos.

5:41 PM  

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