aborto livre, avanço ou recuo?
Segundo os dados da própria Comissão Europeia (CE) recentemente publicados “a parcela de riqueza que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta.”
É esta a Europa “civilizada e respeitadora dos direitos humanos”, com a grande maioria dos seus cidadãos, os trabalhadores dos seus países, a usufruir cada vez menos da riqueza produzida, a que nos associámos agora na prática do aborto livre.
Temos assistido nos últimos tempos quanto reclamam “os detentores do capital”, (para usar a terminologia da CE), da duração das licenças de parto que consideram exagerada (tendo por princípio que qualquer tempo para a classe empresarial será sempre excessivo). Receber salário sem trabalhar é coisa que vai contra os seus princípios.
Quantos empresários não colocam como aceitação de emprego, que as mulheres se comprometam a não engravidarem? A prática do aborto é assim muito desejável pela classe empresarial, pela simples razão que em condições iguais, haverá sempre aumento de lucro quando não haja lugar a licenças dos seus trabalhadores.
É este “estado civilizacional avançado” a que chegámos agora, dizem-nos, com a aprovação do aborto livre. E para espanto de alguns, com os partidos de “esquerda”, PCP, BE, e a própria CGTP, na vanguarda desta luta pelo aborto livre.
Por um lado, luta-se e bem pela conservação das pinturas rupestres, expressão elevada da obra humana e dos seus valores, luta-se e bem pela conservação dos ninhos das cegonhas como expressão da vida e dos valores naturais. E todas as forças políticas que encabeçam estas lutas, são aquelas que agora se manifestam contra os valores da vida..
O aborto é de facto uma barbárie que se comete contra um ser indefeso. Uma prática indigna do Homem do século XXI. Parecendo progressista revela em realidade uma atitude retrógrada perante a vida e a sociedade.
Deveria então ser penalizada a mulher por cometer um aborto? Sim, mas como não nos encontramos na idade da pedra, essa penalização poderá e deverá consistir em outros meios de penalização que não as grilhetas nos pés ou as grades de uma prisão, num tribunal específico para estes casos e com penas desde a obrigatoriedade da mulher estar presente em duas consultas de planeamento familiar por ano, até ao cumprimento de trabalho cívico em apoio de mães, doentes e familiares nos serviços de saúde do Estado.
Não restarão muitos anos para que os povos europeus se assumam contra o aborto livre.
15 Comments:
Concordo com as suas considerações.
A Lei admite situações de conflito em que prevalece o interesse da Mãe.
Assim deveria continuar, eventualmente revendo aquelas situações.
Admitir meras "opções individuais" não o fazem nem o mais requintado liberal nem o mais retrógrado comunista....
Mas já está !!!! Nós somos muito pró-activos.....
Uma coisa parece muito moderna...é que quanto a princípios....logo se vê....definem-se em função das necessidades...de cada um ....o que também não deixa de ser interessante, pelo menos enquanto não dá para o torto!!
(Extrato do AVANTE, Novembro de 1937)
O aborto é um mal terrível. Mas, na sociedade capitalista, o aborto é um mal necessário, inevitável, benfazejo até. Na sociedade capitalista um filho significa, para os trabalhadores, mais uma fonte de privações, de tristezas e de ameaças. Quem tem filhos — diz-se — tem cadilhos. Pode-se imaginar algo mais doloroso que uma família de operários obrigados a sustentar, dos seus miseráveis salários, 5 ou 6 filhos? É a fome, o raquitismo, a tuberculose, a tristeza da vida, vivida em promiscuidade. E que futuro espera essas crianças? Serem uns desgraçados… como dizem as nossas mulheres. Por isso a mulher do [?] capitalista é obrigada a sacrificar o doce sentimento da maternidade , é obrigada a recorrer, tantas vezes com o coração sangrando, ao aborto. Por isso, a proibição do aborto, na sociedade capitalista, é uma hipocrisia e uma brutalidade. Na URSS, a situação é tão diferente como é diferente a noite do dia. Na URSS não há desemprego, não há miséria; há abundância de produtos. Tanto a mulher como o homem recebem salários que satisfazem as necessidades. A mulher grávida tem 4 meses de férias durante o período da gravidez, com os salários pagos.
Porque é proibido o aborto na URSS?
É o título do extrato do AVANTE.
É como diz, um extremo gera o seu contrário, não tardará muito que tudo gire para o seu oposto. É pena, a lei que existia era, digamos, equilibrada, contemplava os casos que mereciam atenção.
E já agora, aqueles que pensam que o Não tinha como motivador a posição da Igreja, deviam conhecer a posição do Islão sobre este tema, que é igualmente bastante
(continuação)... que é igualmnete bastante firma na defesa da vida, desde o momento em que é gerada.
Muito bem . Gostei imenso do seu texto. Pois é claro que o aborto é um recuo. Em 374 foi penalizado o infanticidio e o aborto.
Na Roma Antiga o pai de familia tinha direito de opção. Podia deixar o recem nascido viver ou não , deixando-o na rua para morrer.
Voltamos ao mesmo.
Agora é a Mãe que tem direito de opção.
Ou deixa o filho viver, ou não.
Evidentemente que numa ordem juridica em que a vida humana deixa de ser respeitada regressando aos tempos de Roma onde se faziam combates de gladiadores.., claro que se assiste a um recuo.
Socrates tem lindo nome mas não tem miolos nem cultura.
Alguém minimamente inteligente percebe que um povo que se aborte não tem futuro.
Assim o estado não deve promover o aborto.
Socrates não tem cultura porque se tivesse saberia que em muitas culturas os pais têm poder de vida e morte sobre os filhos e portanto não é avanço isso voltar a acontecer.
Visite o meu blog.
Lá poderá ver testemunha de abortada e outros textos.
Deixo-lhe o testemunho de uma abortada Gianna Jessen que sobreviveu ao aborto.
A minha Mãe biologica hà 28 anos atrás estava convencida de que tinha direito a escolher , de que tinha direito a uma escolha que só a afectaria a ela.
Porém em cada dia da minha vida eu carrego as consequencias da sua escolha.
A minha mãe biológica estava grávida de sete meses e meio
quando decidiu abortar-me.
Não sei porque é que ela tomou essa decisão.Estavamos em 1977.
Ela e o meu Pai biológico tinham 17 anos na altura e não estavam casados.
Ela decidiu abortar numa clinica de Los Angeles e realizou um aborto salino.
Uma solução com sal é injectada no ventre materno e o bébé bebe-a e ficando queimado por dentro e por fora.
Nesse tipo de aborto o bébé é expelido morto em 24 horas mas eu sobrevivi.
O Aborcionista não estava de serviço quando eu vim ao mundo porque se isso tivesse acontecido ele tinha-me estrangulado, algo que era considerado perfeitamente legal até 2002.
/..../
A unica pessoa preocupada comigo foi a enfermeira . Ela chamou uma ambulância e fui transportada para o hospital.
Fui colocada numa incubadora. Não se esperava que eu sobrevivesse.
Porém sobrevivi.
Devido a ter estado 18 horas sem hoxigénio sendo queimada viva no ventre da minha mãe fiquei com problemas .
Não me conseguia mover por mim mesma e os medicos afirmavam que eu iria viver num estado vegetativo o resto da vida.
A minha mãe adoptiva- Penny - decidiu que não obstante aquilo que os médicos afirmavam ela tentaria recuperar-me.
Com 3 anos e meio comecei a conseguir andar. Foi quando a filha de Penny me adoptou.
Tenho 28 anos e trabalho como musica em Nashville, Tennesse.
Ainda coxeio e por vezes caio mas já participei numa maratona e irei participar para o ano numa maratona, em londres , para jovens deficientes.
A minha mãe adoptiva falou-me do meu passado.
Sempre senti que havia algo que faltava contar.Perguntava-lhe muitas vezes porque tinha problemas e ela respondia-me que eu havia nascido prematura.
Aos 12 anos perguntei-lhe de novo e ela disse-me o que havia acontecido.
Eu respondi que tinha este problema devido a um facto interessante.
A minha mãe adoptiva disse-me que eu em vez de ficar amargurada deveria alegrar-me por ter sobrevivido.
Quando eu tinha 17 anos a minha mãe adoptiva encontrou-se com a minha mãe biológica e disse-lhe que eu a perdoava.
Sou cristã. Acredito que a revolta nos pode consumir a vida.
A minha mãe adoptiva amou-me tanto que eu não sinto necessidade de me encontrar com a minha mãe biológica.
Não sei muito do que se passou no encontro entre elas. Só sei que a minha mãe biológica não pediu perdão e fez outro aborto depois do meu.
Comecei a falar contra o aborto quando tinha 14 anos e na terça Feira falarei na camara dos comuns.
Eu penso que é importante mostrar o que aconteceu comigo não só para mostrar a verdade do aborto mas também para mostrar as potencialidades que cada um de nós tem dentro de si.
Não creio que o assassinio seja um direito . Sou completamente contra o aborto, seja em que circunstancia fôr mesmo em casos de violação.
Embora a violação seja um crime horroroso não deve ser a criança a pagar por esse crime.
De facto encontrei-me com pessoas produto de violações e elas estão gratas por estar vivas.
Se o aborto é um direito das mulheres quais são os meus direitos ?
Não existiram protestos feministas contra o facto dos meus direitos estarem a ser violados no dia em que fui queimada viva .
Todos os dias agradeço a Deus.
Não me considero um monte de celulas nem nenhum dos nomes que se costumam dar ao que a mulher carrega no seu ventre.
/..../
Hoje um bébé é um bébé quando isso convém.
Mas quando não convém , quando não chega no momento certo é chamado de um monte de celulas.
Um bébé é chamado de Bébé quando um aborto não provocado ocorre aos 2 , 3 ou 4 meses.
Um bébé é chamado de monte de celulas quando um aborto ocorre aos 2, 3 , ou 4 meses.
Eu não vejo diferença entre os 2 .
Acredito que sou prova viva de que o aborto é o assassinio de um ser humano.
A minha Mãe biologica hà 28 anos atras estava convencida de que tinha direito a escolher , de que tinha direito a uma escolha que só a afectaria a ela.
Porém em cada dia da minha vida eu carrego as consequencias da sua escolha.
Embora eu nada tenha contra ela acho importante as pessoas reflectirem antes de tomarem determinadas decisões.
Se proporem um referendo que penalize aquelas pessoas que querem condenar as mulheres ao aborto clandestino, eu votarei sim, com toda a naturalidade. Deveria haver um internamento psiquiátrico compulsivo para os débeis mentais que tentam valer os seus pontos de vista, mentindo descaradamente.
Diz o Código Civil:
Art.º 1798.º
O momento da concepção do filho é fixado,para efeitos legais, dentro dos primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederem o seu nascimento, salvas as excepções dos artigos seguintes.
Art.º1826.º
Presume-se que o filho nascido ou concebido na constância do matrimónio da mãe tem como pai o marido da mãe
Art.º 1878.º
Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seu bens.
Art.º 1882.º
Os pais não podem renunciar ao poder paternal nem a qualquer dos direitos que ele especialmente lhes confere, sem prejuízo do que neste Código se dispõe acerca da adopção.
Art.º 1901.º
Na constância do matrimónio o exercício do poder paternal pertence a ambos os pais.
Caro RUY
Estou cheio de dúvidas, agora com a possibilidade de aborto por mera opção da mulher:
a) No caso de casados, se o marido - pai - não consentir no aborto ( IVG ), o que acontece?
b) Será que a IVG visa apenas quando só houver mãe e não pai -
ou
c) Havendo pais mas não houver matrimónio ?
e,
d) Havendo matrimónio, caso não haja acordo terão de ir ao Tribunal pedir decisão sobre a questão ( IVG )
ou
e) O pai não tem nada a ver com o assunto
e,
d) Altera-se o Código Civil
ou,
e) Sou eu que sou uma besta reaccionária que não percebi nada do que aconteceu e, afinal o macho serve só para procriar desinteressando-se das consequências do seu acto viril...
Já houve tempos....remotos em boa verdade...
Se calhar sou eu o burro...mas perguntar não ofende....
Se puder esclarecer, agradeço
JOSÉ
Agora já se fala que no processo de IVG haverá uma fase de aconselhamento.
Que tipo de aconselhamento será ?
Do pai do filho ?
Dos Pais da mulher ?
Dos sogros da Mulher?
Do Conselho de Família?
Ou
De alguma Comissão de Aconselhamento?
Constituida por quem?
E
Se o aconselhamento fôr no sentido contrário ao IVG ?
Por razões médicas...
Ou outras?
Fica a mulher impedida de o fazer?Mas e se a mulher persistir na sua intenção...mesmo sabendo que corre perigo para a sua saúde?
Está o Médico obrigado ? (mesmo que não seja objector de consciência )? a praticar a IVG sabendo do risco para a saúde da mulher ?
E a que tipo de aconselhamento é que nos referimos? Qual a sua natureza?
TUDO ISTO TENDO EM CONTA A PERGUNTA QUE O ELEITORADO APROVOU
Apos a minha mensagem com testemunho de abortada, um anónimo escreveu
Deveria haver um internamento psiquiátrico compulsivo para os débeis mentais que tentam valer os seus pontos de vista, mentindo descaradamente.
Resposta : Não foi por acaso que eu referi o nome da jovem abortada.
Chama-se Gianna Jessen.
Uma mera busca no Google bastaria para se chegar à conclusão de que não minto e a propria BBC referiu o caso dela.
Está aí a noticia da BBC de londres, assim como a foto de Jiana Gessen
Clique e abra noutra janela para ver caso de jovem que sobreviveu a aborto
Se por acaso a referência de que hà quem minta descaramente era pra mim, remeto o autor da afirmação para a BBC e a wikipedia.
Ainda
Diz o Código Civil:
"Artigo 1682.-A
1. Carece do consentimento de ambos os cônjuges, salvo se entre eles vigorar o regime de separação de bens:
a) A alineação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre imóveis, próprios ou comuns;
b) A alienação, oneração ou locação de estabelecimento comercial, próprio ou comum;
2. A alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre a casa de morada de família carece sempre do consentimento de ambos os cônjuges."
Ora....diga-me ....para isto tudo é preciso o consenimento de ambos os cônjuges.....e para a interrupção da gravidês ( IVG ), basta a vontade da mãe -ou como se passará a dizer... da mulher ?
E como passará a ser chamado o pai? de homem ?
Só por curiosidade....
Em 1998 ou 99 houve um Referendum sobre o aborto ...ganhou o NÃO...agora 8 ou 9 anos depois novo Referendum sobre a mesma matéria e ganhou o SIM....será que em futuro ainda vai haver mais algum referendum sobre a mesma questão ?
Nós somos uns votadores...não esquecer....vamos estar atentos...
Se calhar os do SIM dizem que NÃO e os do NÃO dizem que SIM - somos os maiores !!!!
O aborto é clandestino quando não é feito em estabelecimento autorizado...ou quando é desconhecido dos outros ?, por ex.º do pai do abortado?
Quando toca a discutir coisas importantes é que se vê o que vai cá por dentro....é como o outro dizia....a consistência das carteiras vê-se é no Inverno....no Verão qualquer T-shirt dá...
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