segunda-feira, fevereiro 12, 2007

aborto livre, avanço ou recuo?


Segundo os dados da própria Comissão Europeia (CE) recentemente publicados “a parcela de riqueza que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta.”

É esta a Europa “civilizada e respeitadora dos direitos humanos”, com a grande maioria dos seus cidadãos, os trabalhadores dos seus países, a usufruir cada vez menos da riqueza produzida, a que nos associámos agora na prática do aborto livre.

Temos assistido nos últimos tempos quanto reclamam “os detentores do capital”, (para usar a terminologia da CE), da duração das licenças de parto que consideram exagerada (tendo por princípio que qualquer tempo para a classe empresarial será sempre excessivo). Receber salário sem trabalhar é coisa que vai contra os seus princípios.

Quantos empresários não colocam como aceitação de emprego, que as mulheres se comprometam a não engravidarem? A prática do aborto é assim muito desejável pela classe empresarial, pela simples razão que em condições iguais, haverá sempre aumento de lucro quando não haja lugar a licenças dos seus trabalhadores.

É este “estado civilizacional avançado” a que chegámos agora, dizem-nos, com a aprovação do aborto livre. E para espanto de alguns, com os partidos de “esquerda”, PCP, BE, e a própria CGTP, na vanguarda desta luta pelo aborto livre.

Por um lado, luta-se e bem pela conservação das pinturas rupestres, expressão elevada da obra humana e dos seus valores, luta-se e bem pela conservação dos ninhos das cegonhas como expressão da vida e dos valores naturais. E todas as forças políticas que encabeçam estas lutas, são aquelas que agora se manifestam contra os valores da vida..

O aborto é de facto uma barbárie que se comete contra um ser indefeso. Uma prática indigna do Homem do século XXI. Parecendo progressista revela em realidade uma atitude retrógrada perante a vida e a sociedade.

Deveria então ser penalizada a mulher por cometer um aborto? Sim, mas como não nos encontramos na idade da pedra, essa penalização poderá e deverá consistir em outros meios de penalização que não as grilhetas nos pés ou as grades de uma prisão, num tribunal específico para estes casos e com penas desde a obrigatoriedade da mulher estar presente em duas consultas de planeamento familiar por ano, até ao cumprimento de trabalho cívico em apoio de mães, doentes e familiares nos serviços de saúde do Estado.

Não restarão muitos anos para que os povos europeus se assumam contra o aborto livre.


15 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Concordo com as suas considerações.

A Lei admite situações de conflito em que prevalece o interesse da Mãe.

Assim deveria continuar, eventualmente revendo aquelas situações.

Admitir meras "opções individuais" não o fazem nem o mais requintado liberal nem o mais retrógrado comunista....

Mas já está !!!! Nós somos muito pró-activos.....

Uma coisa parece muito moderna...é que quanto a princípios....logo se vê....definem-se em função das necessidades...de cada um ....o que também não deixa de ser interessante, pelo menos enquanto não dá para o torto!!

6:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

(Extrato do AVANTE, Novembro de 1937)

O aborto é um mal terrível. Mas, na sociedade capitalista, o aborto é um mal necessário, inevitável, benfazejo até. Na sociedade capitalista um filho significa, para os trabalhadores, mais uma fonte de privações, de tristezas e de ameaças. Quem tem filhos — diz-se — tem cadilhos. Pode-se imaginar algo mais doloroso que uma família de operários obrigados a sustentar, dos seus miseráveis salários, 5 ou 6 filhos? É a fome, o raquitismo, a tuberculose, a tristeza da vida, vivida em promiscuidade. E que futuro espera essas crianças? Serem uns desgraçados… como dizem as nossas mulheres. Por isso a mulher do [?] capitalista é obrigada a sacrificar o doce sentimento da maternidade , é obrigada a recorrer, tantas vezes com o coração sangrando, ao aborto. Por isso, a proibição do aborto, na sociedade capitalista, é uma hipocrisia e uma brutalidade. Na URSS, a situação é tão diferente como é diferente a noite do dia. Na URSS não há desemprego, não há miséria; há abundância de produtos. Tanto a mulher como o homem recebem salários que satisfazem as necessidades. A mulher grávida tem 4 meses de férias durante o período da gravidez, com os salários pagos.

7:57 PM  
Anonymous Anônimo said...

Porque é proibido o aborto na URSS?
É o título do extrato do AVANTE.

8:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

É como diz, um extremo gera o seu contrário, não tardará muito que tudo gire para o seu oposto. É pena, a lei que existia era, digamos, equilibrada, contemplava os casos que mereciam atenção.
E já agora, aqueles que pensam que o Não tinha como motivador a posição da Igreja, deviam conhecer a posição do Islão sobre este tema, que é igualmente bastante

10:19 PM  
Anonymous Anônimo said...

(continuação)... que é igualmnete bastante firma na defesa da vida, desde o momento em que é gerada.

10:21 PM  
Blogger solitarioh2005 said...

Muito bem . Gostei imenso do seu texto. Pois é claro que o aborto é um recuo. Em 374 foi penalizado o infanticidio e o aborto.
Na Roma Antiga o pai de familia tinha direito de opção. Podia deixar o recem nascido viver ou não , deixando-o na rua para morrer.
Voltamos ao mesmo.
Agora é a Mãe que tem direito de opção.
Ou deixa o filho viver, ou não.
Evidentemente que numa ordem juridica em que a vida humana deixa de ser respeitada regressando aos tempos de Roma onde se faziam combates de gladiadores.., claro que se assiste a um recuo.
Socrates tem lindo nome mas não tem miolos nem cultura.
Alguém minimamente inteligente percebe que um povo que se aborte não tem futuro.
Assim o estado não deve promover o aborto.
Socrates não tem cultura porque se tivesse saberia que em muitas culturas os pais têm poder de vida e morte sobre os filhos e portanto não é avanço isso voltar a acontecer.

Visite o meu blog.
Lá poderá ver testemunha de abortada e outros textos.

5:24 AM  
Blogger solitarioh2005 said...

Deixo-lhe o testemunho de uma abortada Gianna Jessen que sobreviveu ao aborto.

A minha Mãe biologica hà 28 anos atrás estava convencida de que tinha direito a escolher , de que tinha direito a uma escolha que só a afectaria a ela.
Porém em cada dia da minha vida eu carrego as consequencias da sua escolha.

A minha mãe biológica estava grávida de sete meses e meio
quando decidiu abortar-me.
Não sei porque é que ela tomou essa decisão.Estavamos em 1977.
Ela e o meu Pai biológico tinham 17 anos na altura e não estavam casados.
Ela decidiu abortar numa clinica de Los Angeles e realizou um aborto salino.
Uma solução com sal é injectada no ventre materno e o bébé bebe-a e ficando queimado por dentro e por fora.
Nesse tipo de aborto o bébé é expelido morto em 24 horas mas eu sobrevivi.


O Aborcionista não estava de serviço quando eu vim ao mundo porque se isso tivesse acontecido ele tinha-me estrangulado, algo que era considerado perfeitamente legal até 2002.

/..../
A unica pessoa preocupada comigo foi a enfermeira . Ela chamou uma ambulância e fui transportada para o hospital.
Fui colocada numa incubadora. Não se esperava que eu sobrevivesse.

Porém sobrevivi.

Devido a ter estado 18 horas sem hoxigénio sendo queimada viva no ventre da minha mãe fiquei com problemas .

Não me conseguia mover por mim mesma e os medicos afirmavam que eu iria viver num estado vegetativo o resto da vida.

A minha mãe adoptiva- Penny - decidiu que não obstante aquilo que os médicos afirmavam ela tentaria recuperar-me.


Com 3 anos e meio comecei a conseguir andar. Foi quando a filha de Penny me adoptou.

Tenho 28 anos e trabalho como musica em Nashville, Tennesse.
Ainda coxeio e por vezes caio mas já participei numa maratona e irei participar para o ano numa maratona, em londres , para jovens deficientes.

A minha mãe adoptiva falou-me do meu passado.

Sempre senti que havia algo que faltava contar.Perguntava-lhe muitas vezes porque tinha problemas e ela respondia-me que eu havia nascido prematura.

Aos 12 anos perguntei-lhe de novo e ela disse-me o que havia acontecido.
Eu respondi que tinha este problema devido a um facto interessante.
A minha mãe adoptiva disse-me que eu em vez de ficar amargurada deveria alegrar-me por ter sobrevivido.

Quando eu tinha 17 anos a minha mãe adoptiva encontrou-se com a minha mãe biológica e disse-lhe que eu a perdoava.
Sou cristã. Acredito que a revolta nos pode consumir a vida.

A minha mãe adoptiva amou-me tanto que eu não sinto necessidade de me encontrar com a minha mãe biológica.

Não sei muito do que se passou no encontro entre elas. Só sei que a minha mãe biológica não pediu perdão e fez outro aborto depois do meu.
Comecei a falar contra o aborto quando tinha 14 anos e na terça Feira falarei na camara dos comuns.
Eu penso que é importante mostrar o que aconteceu comigo não só para mostrar a verdade do aborto mas também para mostrar as potencialidades que cada um de nós tem dentro de si.

Não creio que o assassinio seja um direito . Sou completamente contra o aborto, seja em que circunstancia fôr mesmo em casos de violação.
Embora a violação seja um crime horroroso não deve ser a criança a pagar por esse crime.
De facto encontrei-me com pessoas produto de violações e elas estão gratas por estar vivas.


Se o aborto é um direito das mulheres quais são os meus direitos ?

Não existiram protestos feministas contra o facto dos meus direitos estarem a ser violados no dia em que fui queimada viva .


Todos os dias agradeço a Deus.

Não me considero um monte de celulas nem nenhum dos nomes que se costumam dar ao que a mulher carrega no seu ventre.
/..../
Hoje um bébé é um bébé quando isso convém.
Mas quando não convém , quando não chega no momento certo é chamado de um monte de celulas.

Um bébé é chamado de Bébé quando um aborto não provocado ocorre aos 2 , 3 ou 4 meses.

Um bébé é chamado de monte de celulas quando um aborto ocorre aos 2, 3 , ou 4 meses.
Eu não vejo diferença entre os 2 .

Acredito que sou prova viva de que o aborto é o assassinio de um ser humano.
A minha Mãe biologica hà 28 anos atras estava convencida de que tinha direito a escolher , de que tinha direito a uma escolha que só a afectaria a ela.
Porém em cada dia da minha vida eu carrego as consequencias da sua escolha.
Embora eu nada tenha contra ela acho importante as pessoas reflectirem antes de tomarem determinadas decisões.

5:31 AM  
Anonymous Anônimo said...

Se proporem um referendo que penalize aquelas pessoas que querem condenar as mulheres ao aborto clandestino, eu votarei sim, com toda a naturalidade. Deveria haver um internamento psiquiátrico compulsivo para os débeis mentais que tentam valer os seus pontos de vista, mentindo descaradamente.

10:06 PM  
Anonymous Anônimo said...

Diz o Código Civil:

Art.º 1798.º
O momento da concepção do filho é fixado,para efeitos legais, dentro dos primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederem o seu nascimento, salvas as excepções dos artigos seguintes.

Art.º1826.º
Presume-se que o filho nascido ou concebido na constância do matrimónio da mãe tem como pai o marido da mãe


Art.º 1878.º
Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seu bens.

Art.º 1882.º
Os pais não podem renunciar ao poder paternal nem a qualquer dos direitos que ele especialmente lhes confere, sem prejuízo do que neste Código se dispõe acerca da adopção.


Art.º 1901.º
Na constância do matrimónio o exercício do poder paternal pertence a ambos os pais.

Caro RUY

Estou cheio de dúvidas, agora com a possibilidade de aborto por mera opção da mulher:

a) No caso de casados, se o marido - pai - não consentir no aborto ( IVG ), o que acontece?

b) Será que a IVG visa apenas quando só houver mãe e não pai -
ou
c) Havendo pais mas não houver matrimónio ?
e,
d) Havendo matrimónio, caso não haja acordo terão de ir ao Tribunal pedir decisão sobre a questão ( IVG )
ou
e) O pai não tem nada a ver com o assunto
e,
d) Altera-se o Código Civil
ou,
e) Sou eu que sou uma besta reaccionária que não percebi nada do que aconteceu e, afinal o macho serve só para procriar desinteressando-se das consequências do seu acto viril...

Já houve tempos....remotos em boa verdade...

Se calhar sou eu o burro...mas perguntar não ofende....

Se puder esclarecer, agradeço

JOSÉ

1:14 AM  
Anonymous Anônimo said...

Agora já se fala que no processo de IVG haverá uma fase de aconselhamento.

Que tipo de aconselhamento será ?
Do pai do filho ?
Dos Pais da mulher ?
Dos sogros da Mulher?
Do Conselho de Família?
Ou
De alguma Comissão de Aconselhamento?
Constituida por quem?
E
Se o aconselhamento fôr no sentido contrário ao IVG ?

Por razões médicas...
Ou outras?
Fica a mulher impedida de o fazer?Mas e se a mulher persistir na sua intenção...mesmo sabendo que corre perigo para a sua saúde?
Está o Médico obrigado ? (mesmo que não seja objector de consciência )? a praticar a IVG sabendo do risco para a saúde da mulher ?
E a que tipo de aconselhamento é que nos referimos? Qual a sua natureza?

TUDO ISTO TENDO EM CONTA A PERGUNTA QUE O ELEITORADO APROVOU

1:30 AM  
Blogger solitarioh2005 said...

Apos a minha mensagem com testemunho de abortada, um anónimo escreveu


Deveria haver um internamento psiquiátrico compulsivo para os débeis mentais que tentam valer os seus pontos de vista, mentindo descaradamente.


Resposta : Não foi por acaso que eu referi o nome da jovem abortada.
Chama-se Gianna Jessen.
Uma mera busca no Google bastaria para se chegar à conclusão de que não minto e a propria BBC referiu o caso dela.


Está aí a noticia da BBC de londres, assim como a foto de Jiana Gessen

Clique e abra noutra janela para ver caso de jovem que sobreviveu a aborto

Se por acaso a referência de que hà quem minta descaramente era pra mim, remeto o autor da afirmação para a BBC e a wikipedia.

3:20 AM  
Anonymous Anônimo said...

Ainda
Diz o Código Civil:

"Artigo 1682.-A
1. Carece do consentimento de ambos os cônjuges, salvo se entre eles vigorar o regime de separação de bens:
a) A alineação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre imóveis, próprios ou comuns;
b) A alienação, oneração ou locação de estabelecimento comercial, próprio ou comum;
2. A alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre a casa de morada de família carece sempre do consentimento de ambos os cônjuges."

Ora....diga-me ....para isto tudo é preciso o consenimento de ambos os cônjuges.....e para a interrupção da gravidês ( IVG ), basta a vontade da mãe -ou como se passará a dizer... da mulher ?

E como passará a ser chamado o pai? de homem ?

12:52 AM  
Anonymous Anônimo said...

Só por curiosidade....

Em 1998 ou 99 houve um Referendum sobre o aborto ...ganhou o NÃO...agora 8 ou 9 anos depois novo Referendum sobre a mesma matéria e ganhou o SIM....será que em futuro ainda vai haver mais algum referendum sobre a mesma questão ?

Nós somos uns votadores...não esquecer....vamos estar atentos...
Se calhar os do SIM dizem que NÃO e os do NÃO dizem que SIM - somos os maiores !!!!

12:58 AM  
Anonymous Anônimo said...

O aborto é clandestino quando não é feito em estabelecimento autorizado...ou quando é desconhecido dos outros ?, por ex.º do pai do abortado?

1:10 AM  
Anonymous Anônimo said...

Quando toca a discutir coisas importantes é que se vê o que vai cá por dentro....é como o outro dizia....a consistência das carteiras vê-se é no Inverno....no Verão qualquer T-shirt dá...

1:31 AM  

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