o pântano
Há vários meses que Sócrates e o seu governo andam a vender a ideia de que a economia está a crescer e, como resultado desse crescimento, o desemprego vem diminuindo. Assiste-se a este bem estruturado e afinado marketing político nas rádios e nas televisões, pelos múltiplos comentadores ao serviço da propaganda oficial do governo. Um caso exemplar é o do senhor Peres Metelo que, na TVI e em variadíssimos outros órgãos da comunicação social, se tem mostrado incansável no lançamento de tal mistificação.
Apesar de se notarem nestes últimos meses certos esforços dos Institutos Nacional de Estatística e Instituto de Emprego e Formação Profissional, na tentativa de atenuar e dissimular os resultados e as taxas sempre crescentes do desemprego, o certo é que, o elevadíssimo número de desempregados registados no último trimestre de 2006 face ao trimestre anterior, de 9,9%, não deu espaço para qualquer manobra de cosmética dos números.
O desemprego em Portugal atingiu assim no último trimestre de 2006, a cifra de 458,6 mil desempregados, valor que não era atingido há mais de 20 anos. (dados do INE, publicados a 14/02/07).
Cai assim por terra a propaganda de Sócrates, quando prega em sessões públicas e nas reuniões do seu partido, quanto ao tão desejável crescimento da economia nacional.
Os sinais positivos que Sócrates, Teixeira dos Santos, Vieira dos Santos e Manuel Pinho, entre outros, não se cansam de propagandear, não passam de mera manipulação de dados sem qualquer aproximação à realidade.
E como a mentira não poderá manter-se eternamente, com esta actuação preocupada apenas na imagem que projecta, sem qualquer sintonia com a realidade, numa suprema mistificação visando unicamente a sua perpetuação no poder, o governo está a abrir o próprio fosse em que cairá e muito mais brevemente do que possa imaginar.
Prevejo que o pântano resultará mais profundo e lamacento ainda do que aquele que Guterres no deixou.
3 Comments:
O que será que a UE pensa disto aqui na ponta da Península Ibérica ?.....
Agora já vêm com a desculpa que tinham previsto este descalabro! Não há pachorra.
Uma outra achega. Trata-se de um resumo de uma apreciação mais extensa de Eugénio Rosa. Sabemos qual a posição política,bem vincada,de Eugénio Rosa. Mas sabemos também que a filosofia e a metodologia que caracteriza a sua opção política,são óptimas (incomparavelmente superiores às usadas pelos neoliberais e quejandos) ferramentas de análise dos problemas sócio-políticos quando usadas por pessoas com o seu nível, independentemente das soluções que propôem, com as quais podemos ou não estar de acordo.
Este estudo acrescenta alguns aspectos ao que foi já aqui dito (escrito).
RESUMO DESTE ESTUDO
"Um dos argumentos que este governo mais tem utilizado na sua campanha de propaganda para convencer os portugueses de que se estaria a verificar a retoma económica é precisamente que o desemprego estaria a diminuir de forma continuada.
Mas o INE acabou de publicar os dados do desemprego referentes ao 4º Trimestre de 2006. Eles mostram que aquela afirmação do governo não tem qualquer sustentação real. A politica económica centrada na obsessão do défice está a determinar não só o aumento do desemprego como também a destruição liquida de emprego.
Assim, de acordo com o INE, no final de 2006 o número oficial de desempregados atingiu 458.600 portugueses. Isto corresponde a uma taxa oficial de desemprego de 8,2% (quando o governo Sócrates tomou posse o número oficial de desempregados era de 389.700 e a taxa oficial era de 7,1%). No entanto, se somarmos ao número oficial de desempregados todos aqueles que estão no desemprego mas que não são incluídos no mesmo, que constam também das estatísticas divulgadas pelo INE (os chamados "Inactivos Disponíveis" e o "Subemprego Visivel), ou seja, aquilo a que chamamos desemprego corrigido, o número total já atingia 612.300 portugueses, o que correspondia a uma taxa de desemprego corrigida de 10,9%.
Por outro lado, verificou-se no 4º Trimestre de 2006 uma destruição liquida de emprego, pois o numero de empregos (postos de trabalhadores) no nosso País diminuiu, entre o 3º Trimestre/ 2006 e o 4º Trimestre de 2006, de 5.187.300 para 5.142.800, ou seja, menos 44.500 postos de trabalho.
Outro aspecto importante é a variação do emprego por qualificações. Entre o 4º Trimestre de 2004 e o 4º Trimestre de 2006, o numero de trabalhadores empregados com "qualificação e escolaridade elevada" diminuiu em 18.600, sendo a redução muito significativa no grupo de "quadros superiores da Administração Publica e empresas", cuja diminuição atingiu 62.000 postos de trabalho. Enquanto se verificou esta redução neste grupo, o emprego no grupo "qualificação e escolaridade média " aumentou em 20.400, e o emprego no grupo "qualificação de banda estreita e de baixa escolaridade" cresceu em 14.500. A variação do emprego por qualificações revela que o modelo de crescimento baseado em baixas qualificações e baixa escolaridade está-se a perpetuar no nosso País. Finalmente, o desemprego de longa duração (12 meses e mais), que está associado a uma exclusão social crescente, continuou a aumentar no nosso 4º Trimestre de 2006, atingindo já 235.200 portugueses, o que correspondia a 51,6% do desemprego oficial total."
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