quarta-feira, outubro 03, 2007

as eleições no PSD


Ao longo dos últimos meses se compreendeu que Marques Mendes não tinha capacidades para enfrentar com êxito, o combate político com Sócrates e o seu governo. Não porque as políticas preconizadas por Marques Mendes, no seu exercício de oposição, fossem erradas, fora de tempo ou inoportunas. Neste aspecto, parecem-me muito mais discutíveis as posições já assumidas por Filipe Menezes quanto à OTA, ao referendo europeu ou às “reformas” levadas a cabo pelo governo. O que Marques Mendes não possui e o demonstrou ao longo do seu mandato como líder do PSD é a capacidade de comunicação verbal indispensável a qualquer líder político. Há pessoas assim, a verdade mais profunda, o comentário mais inteligente não provoca em quem as escutam a menor atenção. Enquanto que para outras, o mais vulgar pensamento é tido como a ideia mais genial.

Não apenas os militantes do PSD pressentiam que seria muito difícil a Marques Mendes ganhar as próximas legislativas, por mais acertada que fosse a sua conduta ou o seu programa eleitoral. Acresce, que não é fácil enfrentar o PS, sobretudo quando este se encontra no poder. O controlo que detém nos mais importantes órgãos da comunicação social, apurado e mantido ao longo dos anos, constitui um adversário extremamente difícil e suplementar para o PSD. Mesmo no canal de televisão do primeiro militante do PSD, nós tivemos, no tempo de Cavaco Silva como governante, a “escola” de Pedro Rangel e hoje, como director de informação, o irmão do segundo homem do PS Ricardo Costa. Quem se não lembra deste controlo da comunicação social, desta autentica “máquina de trituração” aquando da curta governação de Santana Lopes?

Filipe Menezes, para a generalidade dos militantes do PSD, estará longe de ser considerado o líder mais capacitado para dirigir o partido. Filipe Menezes não tem tido um percurso político, sólido, estruturado e exemplar. O seu apoio a Pinto da Costa, desprezando e contrariando o correcto comportamento de Rui Rio neste diferendo e a falta de rigor político ou as mudanças políticas intempestivas que com frequência manifesta, não lhe são seguramente abonatórias. Haveria seguramente outras figuras que teriam maiores e mais consensuais apoios internos. Contudo, a indiferença manifestada por estas eventuais personagens mais consensuais, face às dificuldades presentes do PSD, é sem dúvida e a todos os títulos lastimável e indesculpável.

Filipe Menezes não foi contudo apenas eleito com os votos dos sectores mais “agressivos” do aparelho partidário em busca do poder a qualquer preço, dos “revoltados” santanistas (que querem acertar as contas com a História) ou dos descontentes valentins e isaltinos. Muitos militantes anónimos terão votado em Filipe Menezes, acreditando numa mudança mais motivadora e de melhores resultados de oposição ao governo. Esperemos que o novo líder da oposição cumpra com tais propósitos.

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12 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Caro Ruy

Excelente análise.

O PSD é assim....nasceu para governar ....e não encara sequer a possibilidade de outra posição...por isso é rijo na acção e prossegue o seu objectivo com pertinácia

Falaremos mais sobre estas questões

Um abraço

JOSÉ

8:18 PM  
Blogger Carlos Sério said...

Caro José,
depois de reler o post não posso deixar de acrescentar o seguinte:

Contudo, a indiferença manifestada por estas eventuais personagens mais consensuais, face às dificuldades presentes do PSD, é sem dúvida e a todos os títulos lastimável e indesculpável.
Honra portanto aos notáveis que, dando a cara, indo à luta, acompanharam sem tibiezas tanto o Filipe Menezes (Arlindo de Carvalho e Angelo Correia) como Marques Mendes (Macário Correia e Miguel Relvas)

9:11 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Ruy

Completamente de acordo.

é que há uma grande diferença entre os que realmente se entregam às causas, lutando por elas,para bem de todos e sem interesses egoistas....e os que oscilando ao sabor do vento ... do virar de página das revistas sociais....e dos conselhos de administração vão espreitando da porta da toca a quem devem render homenagem ....que o importante é sobreviver....claro está que esta coisa cada vez está mais pequena e a competição é tanta que os baronatos já só começam a aparecer à luz do dia.....lá para o segundo ou terceiro dia

Caro Ruy não leve a mal alguma ironia....mas já por cá andamos há tanto tempo que.... pouco fica para levar a sério.

Não sei como é que se vai para deputado europeu....

Caro Blogger poderá indicar-me onde é a sede de recrutamento ????...é que estava tentado .....a ir até lá

10:21 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ouvi dizer que há um tipo que pôs a bandeira do PSD de seta para baixo....será verdade.....????

...Vá lá ....não a ter posto noutro lado.... não deve ser militante com certeza e ....se era...já deve ter saído....

10:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Blogger...

....agora vou mesmo interromper porque tenho de ir ver a quadratura...isto é o mesmo que ir à escola....

...é verdade talvez possa ajudar-me....como é que se vai para comentador ???

Basta ter BI e nº de contribuinte ou será preciso mais alguma coisa ????

Se puder ajudar-me , agradecia....que eu gostava mesmo de ir para isso...!!!!

10:33 PM  
Blogger Pata Negra said...

O problema do PSD é que o PS ocupou, e ultrapassou até para a direita, o seu espaço político. Absorveu o eleitorado de direita sabendo de antemão que o que perderia à esquerda seria para a abstenção. A abstenção não incomoda maiorias!...

11:12 PM  
Blogger Pata Negra said...

O problema do PSD é que o PS ocupou, e ultrapassou até para a direita, o seu espaço político. Absorveu o eleitorado de direita sabendo de antemão que o que perderia à esquerda seria para a abstenção. A abstenção não incomoda maiorias!...

11:12 PM  
Blogger Carlos Sério said...

Este comentário foi removido pelo autor.

11:57 PM  
Blogger Carlos Sério said...

Tem razão João Rato, o PS ultrapassou pela direita o PSD.

Contudo não julgo que tal constitua um problema para o PSD. O problema do PSD é a falta de um líder credível.
Dois partidos da área do poder ideologicamente semelhantes e que se alternam no poder é o mais comum por esses países europeus. Conservadores e trabalhistas no Reino Unido, Sociais-democratas ou democratas cristãos na Alemanha, são partidos ideologicamente muito semelhantes. Em Portugal, e isso tem constituído um erro gravíssimo estratégico do PCP, apesar do PS, desde sempre, com Mário Soares ou Sócrates, ser entendido e tratado como "partido de esquerda" (o que abre assim caminho à criação de um fosso ideológico artificial entre o PSD e o PS), na realidade não o é.
PS e PSD, serão ambos muito idênticos, até no seu anquisolamento, dado que cada vez se comportam mais como corporações do que como partidos políticos.

12:06 AM  
Blogger Kaotica said...

Venha o diabo e escolha-os!

1:36 AM  
Anonymous Anônimo said...

Também acho ...isso de esquerda e direita não interessa nada...como se tem visto....

...ora o PS já lá está há dois anos ou lá o que é ...por isso está na altura de ir à vida e deixar o PSD governar...

12:43 PM  
Blogger Rui Freitas said...

Caro Ruy,
Grato por ter colocado este seu "post" como INTELIGENTE comentário no meu "blog" (PINHANÇOS DIXIT).
Se me permitir, irei "transformá-lo" em "post", com "link" para o seu.
Aguardo a sua permissão!

3:22 AM  

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