Dividir para reinar

No ataque que o governo vem conduzindo contra os trabalhadores da Função Pública e que se tem traduzido no agravamento das suas condições sociais de vida aparece, como principal argumento do governo, o facto destes trabalhadores usufruírem de “condições especiais” enquanto trabalhadores do Estado, quando comparados com os restantes trabalhadores do sector privado.
Este argumento, repetido vezes sem conta pelo governo e pelos órgãos de comunicação social que, directa ou indirectamente controla, são de algum modo mistificadores. As condições de trabalho dos trabalhadores da Função Pública não assim tão “escandalosamente” melhores como o governo quer fazer crer.
A igualdade de tratamento entre os dois sectores do trabalho deveria assim constituir para este governo um desejável objectivo. Infelizmente os governantes contradizem-se a cada momento e ressalta desta actuação que, o objectivo primeiro não é igualar situações, mas tão só, servir-se do argumento para reduzir condições de trabalho a uns e a outros, aos trabalhadores do Estado e aos trabalhadores do sector privado.
A prova disso está na legislação que aprovou os novos aumentos dos aposentados. Assim, para os trabalhadores do regime geral (sector privado) que tenham uma reforma acima dos 2444,46 euros irão receber um aumento de 1,65%, enquanto os trabalhadores da Função Pública, com igual montante de pensão, se ficam com 0% de aumento. Aqui, no entender destes nossos iluminados governantes, a igualdade de condições já não tem razão de ser. Por estas e por outras se constata, quão falaciosa e mistificadora é toda a argumentação deste governo sócretino.