segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Teixeira dos Santos e os números do seu contentamento


Não coube em si de contente o ministro das Finanças, quando há dias anunciou um grande feito na gestão pública. Afirmou Teixeira dos Santos que o Estado já perdeu 39.373 funcionários públicos e que “não vê razão para não acreditar que não poderemos atingir os 75.000 nos próximos dois anos”.
Pretende o ministro demonstrar perante os cidadãos, a sua maior eficácia na gestão da Administração Pública e na diminuição da despesa da massa salarial da Função Pública. Considerando que é comum considerar-se possuir a Administração Pública funcionários a mais, com esta “redução” procura o ministro colher os devidos louros.
Deixando de lado a questão sobre se o País possui ou não funcionários a mais, anotando apenas que para os parcos e péssimos serviços prestados pela Administração Pública haverá seguramente funcionários a mais, as contas do senhor ministro não parecem bater certo.
Recordemos a propósito do número de funcionários o que repetidamente temos questionado nas páginas deste blog. Se a Função Pública possuía 600.000 funcionários em 1995 e em 2001 esse número se elevou para 720.000, é bem verdade que a este aumento de cerca de 20% funcionários não correspondeu uma melhoria da mesma ordem de grandeza na qualidade e eficácia da Administração Pública. Ao contrário, a Justiça, a Saúde, a Educação, a Segurança e a generalidade dos serviços prestados pelo Estado ficaram piores e mais caros. O único efeito deste aumento do número de funcionários traduziu-se apenas no agravamento da despesa Pública na ordem dos 3% do PIB. Ónus, que desde 2001, ano após ano, se reflecte nas contas do Estado.
Voltemos então às contas do ministro. O Estado, fazendo fé nas suas palavras, terá perdido 39.373 funcionários públicos nos últimos dois anos. E adianta, 1642 é o total do número de funcionários que se encontram no programa de mobilidade especial; destes, 1281 a aguardar novas funções, 87 com funções reiniciadas, 67 com funções cessadas (aposentação ou morte) e 207 em situação de licença. Ora se o Estado perdeu 39.373 funcionários e apenas 1281 se encontram no programa de mobilidade especial e não sendo crível que em dois anos se aposentaram ou faleceram os restantes 38.092, por onde andará esse excedente de cerca de três dezenas de milhar de funcionários? Uma questão que deveria ter sido colocada pelos nossos mé(r)dia não fossem eles tão prontos a propagandear, palavra por palavra, o vomitado do ministro.

Acontece que com a “reforma” da Administração do Estado, com o PRACE, muitas Direcções Gerais do funcionalismo público deram lugar a novos órgãos do Estado, agora com estatutos e vínculos laborais autónomos e distintos dos da Função Pública. Por exemplo, a antiga Direcção Geral de Viação deu origem a três novos órgãos. O Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres, o Instituto de Infra-estruturas Rodoviárias e a Autoridade de Segurança Rodoviária. Os funcionários da DGV deixaram assim de ser funcionários públicos para serem assalariados de “empresas semi-privadas” com estatutos diferentes do funcionalismo público. De uma penada, o ministro viu-se livre de uns tantos milhares de funcionários públicos que de pronto irá abater à listagem do número de funcionários do Estado. E o que aconteceu com a DGV vem acontecendo com outras Direcções Gerais. Não será assim portanto difícil ao ministro chegar a 2009 cumprindo com o seu grande “feito”de redução de funcionários públicos. Claro que a Despesa para o Estado com os salários destes funcionários não diminuiu nem diminuirá, mas isso, que importância tem?



10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Caro Blogger...tem toda a razão com as suas contas...


Mas o problema deste Governo é acabar com essa raça dos funcionários publicos....mas acabar com as funções do Estado ...isso ....está quieto...!!

...por exº ....se acabar com o IRS...quantos funcionários poupa ???

Se acabar com meia dúzia de Ministérios....por ex. a Presidencia do Conselho de Ministros....quantos funcionários pouparia....?

...por ex.º se acabar com o Ministério dos Negócios Estrangeiros....já viu só aqui quantos funcionários ( e estes são mesmo funcionários com ADN do bom....) quantos pouparia.....?

Por ex.º se reduzir as escolas a metade...já viu ...seria só poupança....


.....olhe e ainda sempre que a AR fala é para criar uma Comissão de qualquer coisa........caramba...que grande poupança....

E quanto a Cãmaras Municipais...com Assembleias Municipais e tudo....( a que se chama de Deputados ...) ....e Juntas de Freguesia....com Assembleias de Freguesia e tudo...caramba....se reduzir isso tudo a meia dúzia....que grande poupança.....

...Bom e o que é que essa malta iria fazer ....?...jogar à bisca.?....no café lá da zona....?

Ora ...vou mas é para a praia....( já agora e para quê tantos vigilantes....se estamos em poupança...? )

11:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

O que é bom é jogar aos dados...

...e nós é que temos de dizer se é isto que queremos...

Bolas....

Não é visível que nós estamos na fossa...??

Que este País...está a caminho do buraco ???


Basta só constatar o que se passa nas escolas...onde se não aprende...e onde a juventude queima apenas o seu melhor tempo de vida perdendo o irrecuperavel...que é o gosto pelo trabalho....pelo método ...e pelo gosto e procura da qualidade e do bem estar do País....

E não se diga que o mal é dos professores ou dos alunos.....há tão só que assumir um rumo neste País....que só pode ser o do progresso e da assunção da responsabilidade dos cidadãos...de de cada um....

11:15 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Blogger....

Sabe ....cá em Portugal...perante uma lixeira...nós fazemos um regulamento ...em vez...de fazer a limpeza....

..talvez por isso é que nós estamos tão sujos....

11:19 PM  
Blogger joao marques de almeida said...

É isso, por cada Direção-Geral que acaba nascem uns tantos Institutos, o que significa por cada menos um director-geral, nascem um presidente, alguns vogais, alguns directores e naturalmente carros, secretárias e cartão VISA. Tudo naturalmente na conta de outros encargos.
Joao

11:53 PM  
Anonymous Anônimo said...

Boa João...é chegar-lhes....que eu ajudo...

JOSÉ

3:14 AM  
Blogger Carlos Sério said...

O governo vive apenas para as aparências. Tem razão o anonimos quando diz "que a juventude perde o irrecuperável que é o gosto pelo método..., pelotrabalho..., pela qualidade.
O que conta são as estatisticas. Esta história do programa "novas oportunidades" veio trazer mais facilitismo que qualquer outro proveito.
Repara-se que de há uns tempos para cá deixou de se falar em rigor, em esforço, em competência. Este governo, promove inequívocamente a mediocridade.
João, é verdade, com a criação destes novos órgãos do Estado as Despesas irão aumentar seguramente.
Ruy

11:24 AM  
Blogger SILÊNCIO CULPADO said...

Este é o governo do marketing político e do embuste.
E é um governo que tem objectivos claros quanto ao desmembramento do Estado Social. E é nesta última perspectiva que se insere o "abate" dos funcionários públicos.
Nesta óptica já não caberá no conceito de "funcionário público" altos cargos regiamente remunerados que sustentam um polvo cada vez mais forte.

Um abraço

6:16 PM  
Blogger Carlos Sério said...

"Silencioculpado", concordo em absoluto, abraço,
ruy

6:24 PM  
Anonymous Anônimo said...

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9:07 PM  
Anonymous Anônimo said...

Embusteiros não há melhor palavra para definir estes senhores:no caso das reformas antecipadas divulgam percentagens de penalizações falsas para as reformas antecipadas. Na correria que se está a verificar à Caixa Geral de Aposentações para a simulação dos valores de desconto global as pessoas verificam que afinal os descontos são quase o dobro daqules que foram propagandeados em enormes artigos do Diário Económico e outros. Caso típico de publicidade enganosa feita por um governo aos seus funcionários que quer ver-se livre deles e utiliza todos os meios para isso. Vergonhoso! Esperemos que os funcionários os ponham na rua nas próximas eleições.

9:37 PM  

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