A CEE, ilusão dos mais pobres
Pensávamos nós, pobres portugueses, aquando da nossa entrada na Comunidade Económica Europeia, como seria útil para o desenvolvimento económico do País, a circulação livre de mercadorias e capitais entre os países da CEE. Ao mesmo tempo, acreditávamos, que os produtos externos à CEE, teriam fortes barreiras aduaneiras, politica aliás indispensável ao favorecimento da produção da comunidade e do seu comércio interno.
Com maior facilidade passaríamos a encontrar, sapatos portugueses em Londres ou Berlim, tecidos e pronto a vestir portugueses em Roma, Bruxelas ou Paris. Nos mercados nacionais continuaríamos a ter a laranja Algarvia, os tomates da Beira, os morangos de Sintra e ou as cebolas de Esposende.
Puro engano. Hoje, após alguns anos da nossa permanência na CEE, onde passamos de bons a maus alunos à mudança de um governo, não vemos os produtos portugueses nas capitais europeias, mas antes, sapatos da Tailândia, pronto a vestir da China, fruta da Costa Rica ou carne da Argentina.
E, pior do que tudo isto, se entrarmos nas lojas do senhor Belmiro, espalhadas por esse Portugal fora, nós encontraremos não já a laranja Algarvia mas a laranja da África do Sul, não já os tomates das Beiras ou as cebolas de Esposende mas os tomates, as cebolas e tudo o mais, sabe-se lá de que longínquas paragens. E muita, muita bugiganga e vestuário chineses.
O desenvolvimento e a dimensão das nossas indústrias de calçado e lanifícios recuaram e a nossa agricultura está mais decadente que nunca. Os resultados para a nossa economia, manifestaram-se assim, precisamente ao contrário do que os políticos tinham prometido ao povo português.
Como explicar então este nosso desaire económico, não compensado com os diversos “apoios” da Comissão Europeia?
Seguramente por esta “livre” abertura ao comércio internacional a que pomposamente hoje chamam “globalização”. Mas, sendo assim tal política tão negativa para a economia nacional porque razão então essa abertura da CEE? A resposta é simples. O controlo da política económica da CEE está na mão dos mais fortes países europeus. Da Alemanha, da França, do Reino Unido ou de uma Itália, países que têm todo o interesse económico em vender os seus Mercedes, BMW, Citroens, Peugeuots, Fiats, ou os seus televisores Philips, ou os seus telemóveis Motorolas, os seus aviões de caça e tanques militares e outros produtos pesados, tecnológicos e de ponta, saídos das suas industrias. Por troca das bugigangas chinesas, das laranjas Sul-Africanas ou das cebolas chilenas. Os mais fortes países europeus saem favorecidos nessas trocas comerciais enquanto os pequenos países, sem industrias de ponta, restam sufocados.
Somos desiguais na Europa e sofremos com essa desigualdade.
4 Comments:
Nada a dizer...estou de acordo.
É pena que até os tomates levaram, só assim se explica que num dia os jornais dizem que os combustíveis vão descer e no mesmo dia o Governo aumenta o imposto... o que implica um aumento.
Tudo aumentou ...e cada dia menos tomates !
Despedimentos aos montes....empresário não paga aos cem empregados...diz um ...não se percebe...o patrão até tem tudo...quinta...carros....
pura ingenuidade dos desgraçados trabalhadores ...até os tomates levaram....
Volta Américo estás perdoado....e eu e todos os portugueses prometem que vão rezar dez Avés-Marias por dia.
Alguma vez se pensou que a Europa era tão grande?
Enquanto os brincalhões burocratas andarem a brincar e a tirarem fotos de família ainda a coisa vai bem..... quando tocar à comidinha ....e aí nós já estamos a ver....
Ruy,
Bom post este! A propalada globalização só é chamada à liça quando serve para justificar interesses bem determinados: deslocalização de indústria, invasão de chinesices ou de produtos agrícolas, etc. etc.
É ou não verdade que os USA praticam o proteccionismo da sua agricultura e dos seus agricultores? Eles que são pró-globalização quando lhes interessa. Mas alto lá e pára o baile…quando toca de defender os seus interesses. Aí dizem: Não ao mercado selvagem!
É claro que a conversa dos grandes da Europa é parecida. Apanhando pela frente governos maleáveis de países pequenos, mais preocupados com as suas benesses que com os destinos do país e dos seus concidadãos, tudo se CONCEDE!
É amarga esta constatação, mas é sentida.
( Sabem qual foi o destino do Miguel de Vasconcellos?)
Tem razão dj, a Comunidade Europeia é um elefante com uma cabeça de mosquito ao contrário dos USA. Politicamente a CE é pouco mais que zero, infelizmente, o que traduz a sua subalternização.
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