Mandarins e tiranetes

Deslumbrados com o carácter arrogante e autoritário do primeiro-ministro, os boys e girls deste governo, na tentativa de agradarem ao seu senhor e com um comportamento típico dos lacaios dos grandes senhores, nas suas pequenas courelas de poder, manifestam um autoritarismo ampliado para com todos aqueles que se encontram na sua dependência directa. Estes pequenos tiranetes e mandarins tornam-se mais repelentes ainda que o seu próprio senhor.
Três ou quatro episódios que se sucederam nos últimos dias, são reveladores do clima de intimidação que o comportamento de Sócrates começa a gerar por esse País fora. A Democracia não está em perigo seguramente, mas como a fronteira entre a liberdade de expressão e a “honra dos ofendidos” pelo seu exercício é demasiado ténue, será bom que nos precavemos quanto ao que se seguirá daqui por diante.

- A governadora civil de Lisboa, Adelaide Rocha, na dependência directa de António Costa, putativo candidato a Lisboa, marcou as eleições autárquicas da capital para uma data que inviabilizava praticamente qualquer candidatura independente, naturalmente ao gosto e ao sabor do seu chefe Costa;
-Num momento em que os chefes dos vários serviços da Função Pública, no âmbito da aplicação do PRACE, seleccionam os funcionários, sabe-se lá com que critérios, para os quadros de supranumerários, o ministério das finanças, acolhendo a ideia de algum boy iluminado, pôs em marcha o registo dos funcionários que adiram a greves;
-A directora da DREN, Margarida Moreira, manda suspender e instaura um processo disciplinar, a um professor que terá comentado jocosamente o caso da “licenciatura” de Sócrates;
-O próprio gabinete do primeiro-ministro condiciona as redacções dos meios de comunicação social, como as próprias revelaram, relativamente ao caso dos atropelos e contradições existentes no processo da sua “licenciatura” pela Universidade Independente;

Exige-se que Sócrates se explique perante o País relativamente a estes casos, a bem da Democracia e da Liberdade. Do Presidente da República pouco haverá a esperar, refugiado como se encontra na sua estratégia de silêncio à conquista do segundo mandato.