à deriva

Foi lamentável a entrevista que o líder da oposição, Luís Filipe Menezes, deu ao jornal Expresso em vésperas de Natal. Se a “oposição, hoje, de manhã, à tarde, e à noite” (08.09.07), com que se comprometeu com o seu eleitorado social-democrata, degenerou em “pactos e acordos parlamentares” e ou partilha de lugares no aparelho de Estado, não fazendo qualquer cerimónia em dar o dito por não dito, como agora se deduz das palavras da entrevista “seria populista ir para a porta das fábricas”.

Mas o que torna verdadeiramente lamentável a entrevista será o facto de Luís Filipe Menezes, não ter em toda a sua entrevista uma única palavra de consolo, de esperança, à grande maioria dos portugueses, aos dois milhões de pobres que viram agravadas as desigualdades sociais, aos setecentos e vinte mil funcionários do Estado com salários congelados, aos quatrocentos e cinquenta mil desempregados, aos deficientes que viram agravados os seus impostos, aos idosos que suportam medicamentos e taxas de saúde mais caras, à população do interior do País agora com maiores dificuldades no acesso à Saúde, com encerramento de Maternidades, Urgências e Saps, aos pequenos empresários e comerciantes que se sentem esmagados com os custos do crédito, combustíveis, auto-estradas, telecomunicações e energia, aos trabalhadores do País que viram em dez anos os seus salários reais minguarem em cerca de 10% fruto do diferencial sempre crescente da inflação - aumentos salariais anuais, à população em geral que viu obrigada a suportar mais impostos.

Nem uma única palavra de alternativas à actual política desastrosa de Sócrates. Ao contrário, o líder da oposição pretende conquistar o eleitorado, usando o mesmo receituário de Sócrates. Segundo ele “O Estado deve sair do ambiente, das comunicações, dos transportes, dos portos, e na prestação do Estado Social deve contratualizar com os privados e acabar com o monopólio na Saúde, Educação e Segurança Social”. E não se fica por aqui, afirma ainda “Proponho-me dizer aos portugueses que quero privatizar, já, os sectores que referi. E quero liberalizar a Legislação Laboral”.

Ao fim e ao cabo, promete aplicar a mesma politica neoliberal que vem sendo seguida por Sócrates, pretendendo ainda demonstrar que será na sua aplicação muito mais eficaz do que o próprio Sócrates. Diz mesmo que pretende ser “um Sarkozy” esquecendo-se no entanto, que os portugueses, para sua desgraça, já possuem um Sarkozy - o senhor Sócrates.

Com propostas destas, nem com os 25 ou 30 mil euros por mês que o PSD (?) paga à Agência de Imagem Cunha Vaz, o salvará de um rotundo desastre eleitoral.