Os prostitutos

Tanto as palavras de Garcia Leandro como as de Marinho Pinho não mereceram mais do que um silêncio, um desdém da nossa classe política activa. Certo que um, dois ou três se tanto, prostitutos do sistema político que os alimenta, ainda emitiram alguns sinais de desconforto, mais ou menos agressivos e mais ou menos elaborados. Ou, porque no seu “sábio” entender, dos militares haverá sempre de desconfiar ou porque as denuncias expressas trazem consigo obscuras e comprometedoras intenções. Num e noutro caso, objectivamente, o que se deseja, será a manutenção, a perpetuação deste lastimável estado de corrupção institucional a que chegámos.

As palavras de Garcia Leandro não poderão ser entendidas como uma "birra" entre a "corporação militar" e o governo, nem diminuídas com casos de corrupção de militares. Quem assim vê e interpreta tais sinais, olha apenas para a árvore sem ver a floresta onde se encontra. Quem assim ajuíza as palavras inconformadas de Garcia Leandro e Marinho Pinho, não acrescenta uma grama à consciencialização dos cidadãos do que realmente se vem passando em Portugal e mergulha na confusão, maior ainda, uma população portuguesa miseravelmente explorada pelo poder politico que se instalou nas últimas décadas no País. Esta gente, esta elite, não está realmente interessada em denunciar e criar condições a uma justa revolta das pessoas, estão sim mais empenhados em que tudo fique na mesma para elas próprias continuarem a usufruir, directa ou indirectamente, do mesmo e grande tacho em que se tornou o Estado e a Administração Pública portuguesa.