quarta-feira, maio 28, 2008

Que fazer?


Para que os amigos e prezados comentadores deste Blog entrem também na discussão, transcrevo um excelente Post de Suzana Toscano do “quartarepublica” e os comentários que a propósito trocámos.

Menos selvagem

Uma Comissão criada em 2006 com o apoio do Banco Mundial, presidida pelo Prémio Nobel americano Michael Spencer, liberal ortodoxo, e composta por mais 20 personalidades de relevo mundial – Comissão sobre o Crescimento e Desenvolvimento – publicou um relatório que considera que é necessário um novo consenso para "tornar a mundialização menos selvagem", pondo em causa as políticas de desenvolvimento adoptadas no séc. XX na sequência do chamado “Consenso de Washington”. Este, elaborado pelo economista Jonh Williamson no fim dos anos 80, preconizou a redução dos défices, dos impostos e da despesa pública e a aceleração das privatizações e da desregulamentação.
Chegam agora à conclusão de que o Consenso de Washington “não teve em conta as consequências sociais das políticas que defendia, conduziu à insegurança económica e pôs as populações contra as reformas” consideradas necessárias no mundo global.O relatório da comissão é peremptório: “A ortodoxia tem limites e, se houvesse uma receita infalível, já a teríamos descoberto”. E qual é a principal constatação? Pois bem. É a de que “o crescimento indispensável para fazer recuar a pobreza e assegurar um desenvolvimento sustentado reclama um Estado forte”.E que entendem eles por um Estado forte? De facto, a associação entre o crescimento saudável e o papel do Estado deixa por uma vez o estribilho do apagamento a eito dos sectores públicos versus o sector privado, antes evidenciam que tem que haver um “planeamento a longo prazo que permita funcionários melhor pagos e uma administração “competente, credível e motivada”. Diz mesmo mais, diz que os “investimentos públicos em infraestruturas, educação e saúde, longe de impedir o investimento privado, o estimulam”.

Este relatório é um grande sinal de alarme e um toque de finados ao liberalismo economicista do fim do séc. XX. É que os povos querem é viver melhor, não estão muito interessados em saber quem é que segue de perto as teorias que estão mais em voga…

Cara Suzana Toscano,
“Por uma globalização menos selvagem”, quer dizer, o que está em causa não é a selvajaria da “globalização” em si mesma, mas o seu grau, o grau mais ou menos elevado dessa selvajaria.
A pergunta urge. Que benefícios trouxeram para a humanidade a “globalização? Segundo um Relatório da UE a parcela de riqueza produzida que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta.
Em Portugal, 5% da população arrecadava em 1974, cerca de 12% da riqueza produzida, hoje arrecada cerca de 20%.
Falemos claro, quando se diz “globalização” selvagem, quer dizer-se, capitalismo selvagem ou, melhor ainda, imperialismo selvagem.
Não é novidade nenhuma para ninguém, pelo menos desde há dois séculos, que os resultados do imperialismo só poderiam ser aqueles a que assistimos. A democracia neoliberal, forma politica estrutural que melhor serve os objectivos do imperialismo, não poderiam dar outro resultado.
Claro que face ao agravamento social, como madalenas arrependidas, os seus próprios autores, vêm agora com lágrimas de crocodilo, manifestar preocupações sobre os resultados das sementes que espalharam.
Não podemos fugir ao desenvolvimento capitalista nem à democracia politica formal. Podemos sim, imprimir à democracia um modelo Social Democrata que regule o capitalismo imperialista e inverta este ciclo de distribuição da riqueza e desenvolvimento.

Caro Ruy
"podemos sim imprimir à democracia um modelo Social Democrata que regule o capitalismo imperialista e inverta este ciclo de distribuição da riqueza e desenvolvimento", isso é fácil de dizer, mas como transpor esse desejo para a realidade da acção política? Creio que é esse precisamente o pomo da discórdia ou, melhor, a fonte das dúvidas...

Cara Suzana Toscano,
A tarefa não será fácil, seguramente. Uma tal mudança só será possível com a ruptura do actual sistema político. Não será do PSD ou do PS que nascerão forças capazes de uma tal mudança ou mesmo de qualquer outro partido do nosso espectro partidário. Veja-se agora o caso da disputa de liderança do PSD, em que todos os candidatos se apresentam com políticas neoliberais e se tentam credibilizar na afirmação dessas políticas.
Com o continuado agravamento futuro das condições sociais surgirão seguramente novas forças politicas tendo como ideologia uma verdadeira alternativa Social Democrata na base do que antes afirmei. E não apenas em Portugal, onde a crise atinge maiores proporções mercê da corrupção política em que vivemos, mas por essa Europa fora. Levará algum tempo até que o descontentamento se generalize e ganhe uma nova dimensão política capaz de forjar uma nova formação política que objective verdadeiras alternativas.

7 Comments:

Blogger joao marques de almeida said...

É que o barco esta a ir ao fundo e começam a querer abandonar o navio. É compreensível, até os ratos o fazem. Só que com a ganância nem lá puseram baleeiras. Naturalmente que essa gente, que pôs, deixaram ou consentiram que pusessem, aplaudiram ou simplesmente olharam para o lado, quando tudo começou e continuou a acontecer, não merece qualquer credibilidade. São socialmente resíduos, embora tóxicos e por isso fazendo parte do problema sem nada contarem para a solução, pelo contrários, só atrapalham, na verdade inimigos do conserto das coisa por muito ilustre que sejam os seus nomes.
É como diz, Ruy, só em ruptura com o sistema, melhor, sejamos claros, com uma revolução (não terá de ser armada, e dai?) mas terá de ser profunda, começar por repor a legalidade social, o seu ao seu dono, defender intransigentemente a legalidade internacional (única forma dos pequenos países se poderem defender), firmeza na defesa dos Direitos Humanos, condenação de guerras de agressão. Acabar com a ganância.
A conversa da repartição de uns testões a mais com a canalha é treta velha da mantilha quando se sente apertada.
Bom, é que com gente daquela começa a faltar a pachorra para conversas argumentativas e politicamente correctas.

12:22 AM  
Blogger Efeitoplacebo said...

dia 31 o PPC vai vencer com o meu apoio e de cerca de 60% dos militantes do PSD até lá está tudo dito neste post, o mofo significa o estado do nosso pais a desgraça e a miséria em que nos encontramos todos....Pedro Passos Coelho é o Homem que vai mudar portugal e é agora, basta de barões e de elites que o poder seja entregue aos jovens pensadores, inteligentes, empreendedores, honestos e com futuro...
para os mais velhos deixo um recado: todos vós tendes filhos, e muitos deles estão no desemprego porque pessoas como Manuela Ferreira Leite e aqueles que a apoiam ocupam lugares a mais de 30 anos, estão agarrados ás cadeiras do poder e deixam os jovens sem alternativas está na hora de vocês que são pais que são avós darem uma oportunidade aos vossos filhos e netos de serem alguem, e só votando Pedro Passos Coelho se renova a classe politica e empresarial de portugal, só com Pedro Passos Coelho os Jovens vão ter a esperança de ser alguem!!!

5:03 AM  
Blogger SILÊNCIO CULPADO said...

Ruy
Não podia estar mais de acordo contigo.
O que é espantoso é que não só o PSD nunca se assumiu como social democrata, (talvez fosse esse o modelo de Sá Carneiro, mas na prática não existiu) como o próprio PS se colocou claramente como partido neo-liberal. E o que é curioso é que citam exemplos de sucesso dos Países do Norte da Europa mas nem de perto nem de longe os seus governos , PSD e PS, se aproximaram dos seus modelos.

Abraço

9:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pois é ...eu bem me parecia que mais cedo ou mais tarde...como o círculo é pequeno alguém deve começar a sair...neste caso há que morrer mais cedo....

Mas só por isso!

10:58 PM  
Anonymous Anônimo said...

Salvo o devido respeito...também não vejo nada de novo no PPCoelho...além de menos idade.....


....só que o problema não está na menos idade...está em saber o que é que a rapaziada vai fazer e...quanto a isso...só em Setembro é que a UE diz o que vamos fazer....

...até lá ...é dar-lhe com força enquanto houver debates para nos podermos instruir!!!!

e ....atenção tomar posição e não perder o combóio ...nesta partida para novos tempos de dificuldade ....( para a maioria claro está..)

....já há quem diga que ....olhe amigo...é esperar....nada a fazer...

11:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

E o tipo que gostaria que o Rei pusesse a mão no bacalhau....?

Ainda estamos por cá...não é.?..no País dos Iluminados....

11:09 PM  
Anonymous Anônimo said...

Mas olhe que tem razão...que isto está cheio de velhadas por todo o lado...lá isso é verdade...

11:56 PM  

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