domingo, agosto 03, 2008

A EDP, os Monopólios, o Estado e os Cidadãos


A EDP teve nos primeiros seis meses deste ano, um aumento de lucro de 66,6%, mais exactamente 703 milhões de euros.
E, no mesmo dia em que anunciou tais lucros, queixava-se o seu presidente, das baixas tarifas que os consumidores portugueses pagam pelo bem de primeira necessidade que é a energia eléctrica. “Que a tarifa não cobria os custos de exploração” acrescentava o dito gestor, contribuindo uma vez mais para alimentar a grande mistificação que existe sobre os preços praticados pela EDP e, com o mesmo discurso, preparando a opinião publica para novos aumentos. Estes “robots tecnocráticos” em que se tornaram os gestores públicos, pagos a peso de ouro, sem compreender o papel social que qualquer empresa cumpre na sociedade, possuem como único objectivo a maximização dos lucros. Tornaram-se numa classe social que se confunde com os políticos, saltando de administradores de empresas para ministros ou secretários de estado ou o seu contrário, constituindo-se hoje uma poderosa “elite” da nossa classe política. Desprovidos de qualquer sensibilidade social, sacralizam a empresa, mais do que o mercado, com uma visão neoliberal extrema.
Em primeiro lugar, será necessário compreender primeiro que os monopólios, como são os casos da EDP, Águas, PT, Brisa, Galp, procuram sempre a exploração máxima de preços, tendo como limite, não o mercado como regulador que no caso de monopólios não existe, mas unicamente a diminuição da procura. A tendência será sempre aumentar os preços até que a redução da procura limite os ganhos e assim os preços. Não é o mercado o regulador dos preços mas apenas a redução da procura que se verifica em cada instante. Ora acontece que nos bens de primeira necessidade, a redução de consumo traduz-se em penosos e inadmissíveis sacrifícios para os cidadãos. Numa civilização com os padrões éticos, sociais e humanos, alcançados pela humanidade neste início do século XXI, será seguramente um retrocesso social se a sociedade não encontrar formas de contrariar uma tal exploração. Ao não existir o mercado, cumpre ao Estado contrariar a natural ganância dos monopólios, pela fixação e regulação administrativa dos preços ou mesmo pela socialização destes monopólios que produzem bens de primeira necessidade.
No caso da EDP, a exploração de que são vítimas os consumidores, atinge mais graves proporções ainda. Em cada uma das facturas que os lares portugueses recebem todos os meses, cerca de 27% do seu custo é destinado a financiar a “EDP Renováveis”. São assim os consumidores portugueses que estão a sustentar uma nova empresa do reino da EDP, empresa esta que é privada e com capitais em Bolsa. Todos os portugueses estão deste modo a subsidiar interesses privados. Se a EDP fosse uma empresa estatal estaríamos na presença de mais um imposto encapotado, assim, e não tenho outro modo de o definir, trata-se de um declarado “roubo” praticado por privados com a anuência do Estado.
O custo mensal de uma factura da EDP, com um contador monofásico com um mínimo de taxa de potência, com um mínimo de consumo é presentemente de 30 euros. A maioria dos reformados portugueses recebe menos de 300 euros mensais o que significa que pagam por um bem de primeira necessidade mais do que 10 % da sua pensão. Coisa que nada diz ao Governo, ao Presidente da República e muito menos aos “robots tecnocráticos” que têm vindo impunemente a desgraçar este País e o seu Povo.

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sabe amigo....

......os modernos burocras da gestão só sabem dizer é que ...há que repercutir no prêço ...!!!

...porque para prêços...isso não é com a gente dizem os tais gestores...!!

.....isso é lá uma coisa com a Entidade Reguladora...( que ninguém sabe bem o que é isso.... )

Hoje em dia .....já percebi que é tudo uma questão de repercussão....

..é repercutir ...repercutir ....até o bombo rebentar...!!!?

7:41 PM  
Anonymous Anônimo said...

E depois ...há que mudar de paradigma...dizem os experts...

lá isso é verdade...até na praia já há quem tome banho todos os dias e os que só tomam um banho por semana...

....como de manhã...

...será por isso que já se sente a poluição...?

7:44 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro amigo...

....não esqueça que os reformados também se deitam e levantam cedo....

......e quanto a aquecimento bem podem pôr uma mantinha nos joelhos...

...aliás têm levado tantas na touca que já nem dão pelo frio....

...daí que ....banho frio enrijessa os músculos....

7:51 PM  
Anonymous Anônimo said...

É o Portugal, SA
http://www.netconsumo.com/2008/07/portugal-sa.html

10:06 PM  
Anonymous Anônimo said...

Não é roubo... é negócio...
A anuência do Estado é que enoja.
Enfim...

4:25 PM  
Blogger Zé Povinho said...

Perante a passividade do pessoal eles lá vão carregando nos preços. Sobre o mercado da electricidade há uma afirmação do Pinho que ainda hoje não me sai da cabeça, "o mercado eléctrico em Portugal está liberalizado, o consumidor é livre de escolher o fornecedor...", mas afinal só temos este (EDP)!
Abraço do Zé

4:50 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olá...será que estamos de férias...??!!

Bom ...são bem merecidas...!

4:48 PM  
Blogger Pata Negra said...

Como sempre, simples e bem dito. Gosto de ler por aqui porque, por aqui, a verdade se diz simples e sem rodeios! Este blog merecia outro nome - não digo!
Parabens! Não sei o que devo fazer para o distinguir! Mas, é diferente! Estou farto de blogs políticos! Mas, aqui é diferente!
Um abraço de quem vai procurar ser mais assíduo

1:26 AM  

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