neoliberalismo e mercado
Em poucas semanas, a crise também quebrou todos os mitos neoliberais: o mercado como regulador da vida social e espécie de semi-deus com sua mão invisível a harmonizar interesses de produtores e assalariados; a retirada do Estado da economia, as privatizações e a desregulamentação , como forma de desobstruir os canais do livre mercado e transferir as empresas públicas para o capital privado; a iniciativa privada, como operadora do sistema económico, racional e eficiente, ao contrário das empresas estatais, ineficientes, esbanjadoras de recursos públicos; a credibilidade das agências de risco, cujas instituições funcionavam como palmatória do mundo, a dar notas a países e empresas de acordo com os critérios e interesses do grande capital; o pensamento único e o fim da história: a ideologia neoliberal era considerada o estágio mais avançado do pensamento e o capitalismo neoliberal o sistema modelar de organização da economia, cujo funcionamento desregulado tornaria impossível qualquer tentativa de mudança no modo de produção capitalista.
As ideias da eficiência económica e da "criação de riqueza" de hoje são totalmente diferentes do liberalismo e dos "mercados livres". Os bancos comerciais emprestam dinheiro não para aumentar a produção mas para inflacionar os preços dos bens. Perto de 70% dos empréstimos bancários são hipotecas para a propriedade imobiliária, sendo a maioria do resto para tomadas agressivas do controle de empresas (takeovers) e ataques (raids) de grandes corporações e para financiar recompras das próprias acções (buybacks) de stocks ou simplesmente para pagar dividendos. A inflação dos preços de bens obriga as pessoas a endividarem-se cada vez mais para obterem acesso a casas, educação e cuidados médicos. A economia está a ser "financeirizada", não industrializada.
A desregulamentação financeira, a livre mobilidade dos capitais e a construção de instrumentos securitizados e derivativos geraram um processo de especulação no qual a riqueza em circulação na da órbita das finanças é cerca de doze vezes maior que a gerada no sector produtivo, justamente o que gera valor ou riqueza nova.
Os escritores económicos desde o século XVI até o XX reconheceram que mercados livres exigiam supervisão do governo para impedir a fixação monopolista dos preços e outros encargos impostos pelos privilégios especiais. Em contraste, os ideólogos neoliberais de hoje são advogados de relações públicas para os interesses adquiridos que pintam um "mercado livre" que é livre da regulação do governo, "livre" da protecção anti-truste e mesmo da protecção contra a fraude, como se evidenciou na recusa da SEC em actuar contra Madoff, Enron, Citibank et allii). A ideia neoliberal de mercados livres é portanto basicamente aquela de um ladrão de banco ou um de um gatuno, desejoso de um mundo sem polícia de modo a poder ficar suficientemente livre para sugar o dinheiro de outras pessoas sem constrangimento.
As ideias da eficiência económica e da "criação de riqueza" de hoje são totalmente diferentes do liberalismo e dos "mercados livres". Os bancos comerciais emprestam dinheiro não para aumentar a produção mas para inflacionar os preços dos bens. Perto de 70% dos empréstimos bancários são hipotecas para a propriedade imobiliária, sendo a maioria do resto para tomadas agressivas do controle de empresas (takeovers) e ataques (raids) de grandes corporações e para financiar recompras das próprias acções (buybacks) de stocks ou simplesmente para pagar dividendos. A inflação dos preços de bens obriga as pessoas a endividarem-se cada vez mais para obterem acesso a casas, educação e cuidados médicos. A economia está a ser "financeirizada", não industrializada.
A desregulamentação financeira, a livre mobilidade dos capitais e a construção de instrumentos securitizados e derivativos geraram um processo de especulação no qual a riqueza em circulação na da órbita das finanças é cerca de doze vezes maior que a gerada no sector produtivo, justamente o que gera valor ou riqueza nova.
Os escritores económicos desde o século XVI até o XX reconheceram que mercados livres exigiam supervisão do governo para impedir a fixação monopolista dos preços e outros encargos impostos pelos privilégios especiais. Em contraste, os ideólogos neoliberais de hoje são advogados de relações públicas para os interesses adquiridos que pintam um "mercado livre" que é livre da regulação do governo, "livre" da protecção anti-truste e mesmo da protecção contra a fraude, como se evidenciou na recusa da SEC em actuar contra Madoff, Enron, Citibank et allii). A ideia neoliberal de mercados livres é portanto basicamente aquela de um ladrão de banco ou um de um gatuno, desejoso de um mundo sem polícia de modo a poder ficar suficientemente livre para sugar o dinheiro de outras pessoas sem constrangimento.
Michael Hudson
1 Comments:
Marx previra tudo isto, e até nem era bruxo. Custa a muitos admitir que o sistema vigente não tem futuro e que é imperioso mudar e impor regras, mas só assim é que se sai deste buraco.
Abraço do Zé
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