sexta-feira, dezembro 02, 2011

Salvam-se os bancos, exploram-se as nações

Não é verdade que os portugueses tenham alguma vez vivido “acima das suas possibilidades” como se pretende fazer crer com a manipuladora e vergonhosa campanha dos meios de comunicação social inequivocamente paginados com os interesses do governo. E, quando escutamos os políticos da “situação” ou toda a vasta casta de “comentadores” pagos das televisões, todos eles não deixam de vincar bem que os tais portugueses que têm vivido “acima das suas possibilidades” são aqueles portugueses que vivem do rendimento do seu trabalho por conta de outrem ou do seu pequeno comércio ou industria, isto é, 90% da população (uma vez que aos outros 10% nunca lhes faltou dinheiro algum).
Como se fosse lícito e justo culpar os portugueses por terem recorrido ao crédito para comprarem as suas casas (porque só o crédito imobiliário atinge valores significativos). Esta campanha inequivocamente mistificadora e manipuladora, procura atingir um único objectivo - a resignação dos portugueses face às medidas de austeridade que o governo vem impondo e se prepara para agravar.
Como se torna cada vez mais claro, não são as dívidas públicas a verdadeira causa da crise orçamental e financeira que atinge os países da UE. A verdadeira causa, não é o endividamento das famílias mas o endividamento da Banca que tem vivido – essa sim - muito acima das suas possibilidades.
Uma Banca que se endividou até ao tutano, especulando com toda a gama de “produtos financeiros”, tóxicos, semi-tóxicos e não tóxicos, na ânsia de alcançar cada vez mais e maiores ganâncias. E, quando a “toxidade” explodiu, somaram-se perdas enormes que a descapitalizaram e a colocaram próxima da falência, valendo-lhe então a intervenção dos Estados. O que não tem sido suficiente, mantendo-se a ameaça de ruptura do sistema financeira, visível nos últimos dias pela própria ameaçada à derrocada da moeda europeia (dizem-nos que a reunião dos próximos dias 9 e 10 são decisivas).

É verdade que os défices orçamentais elevados não são desejáveis. E a má gestão associada à corrupção institucional praticada pelos governos nas últimas duas décadas sobretudo, atiraram os défices públicos do país para valores demasiado altos. Contudo, o país continuava e continuaria a financiar-se normalmente, isto é, a financiar-se com juros a taxas absolutamente razoáveis, não fora o eclodir e o posterior desenvolvimento da crise financeira internacional. Só quando as oligarquias financeiras, aproveitando-se da fragilidades das nações mergulhadas na crise, entenderam ser oportuno especular com as dívidas soberanas dos países, em sintonia (mais que em sintonia, em conluio) com os governos, o BCE, o FMI e a Comissão Europeia (CE), só então, os cidadãos se tornaram vítimas das medidas de austeridade que miserabilizam as suas vidas.
O BCE, o FMI e a CE, constituíram-se objectivamente em mentores e apoiantes da especulação financeira levada a cabo pelas oligarquias financeiras internacionais. A União Europeia ao invés de criar mecanismos que rompessem com a especulação de que são vítimas os seus países, sobretudo os economicamente mais frágeis, optaram antes por sacrificar as populações das nações intervencionadas aliando-se à especulação das oligarquias financeiras.
A verdadeira causa da intervenção da Troika e das medidas de austeridade por ela impostas e agravadas pelo governo, não foram os défices públicos elevados ou o endividamento das famílias, mas unicamente a desabrida e feroz especulação financeira sobre a dívida pública levada a cabo pelas oligarquias financeiras.
Obrigam os países intervencionados ao pagamento de juros elevadíssimos (dos 78.000 milhões de euros de “empréstimo”, Portugal pagará, só em juros, cerca de 35.000 milhões) convertendo o “empréstimo” num negócio altamente rentável. Retirando-se desta forma dinheiro às famílias endividadas para o transferir para as mãos das oligarquias financeiras através do BCE e do FMI.
A operação, o negócio, é simples e macabro. Especula-se com a dívida pública aguardando que os países percam resistência, até que finalmente, prostrados, sem forças para negociar, aceitem contrair empréstimos sob as mais severas condições e a qualquer preço. Ao ponto de abdicarem da própria Democracia, de eleições e de governos constitucionais, como aconteceu agora na Grécia e na Itália.
Contrariamente, há dois dias, um grupo dos maiores bancos centrais (BCE incluido) decidiu injectar dinheiro na banca europeia descapitalizada, a juros baixíssimos. É comovente esta aliança do apoio da banca mundial aos seus parceiros europeus.
Maior clareza e transparência quanto às verdadeiras intenções das forças que dominam hoje a economia globalizada, será difícil de encontrar.
Salvam-se os bancos, exploram-se os povos e as nações.

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4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

E acaba tudo à cacetada..não tarda...

9:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ouvi alguém declarar que os pensionistas bancários não irão descontar os Subsídios de Natal e de Férias porque têm um Acordo Colectivo que tal não permite....

Ai Credo.... cruzes canhoto..!!!.atão e os subsídios de Natal e de Férias dos Funcionários Públicos e dos outros Pensionistas que ...constam de LEI...??..já podem ser cortados...???

2:12 AM  
Anonymous Anônimo said...

Os Países exaustos e exangues não tardam muito a pedir ....eutanásia ...por favor...

12:33 PM  
Blogger José Gonçalves Cravinho said...

Eu não entendo nada destas tramóias
financeiras,mas pelo que tenho lido
foi na terra do Tio Sam mafioso e flibusteiro que pretende dominar o Mundo inteiro,que se deu o grande
colapso financeiro,pois o Dólar é a moeda de referência conforme foi acordado depois de terminada a Segunda Grande Guerra Mundial da qual os USA que abUSA de tudo e de todos,foi o País que mais lucrou.
Os Plutocratas dos USA tudo farão para que o Euro seja afundado.
E nesta tramóia os USA téem na Europa,àlém das Bases Militares, gente,especialmente Banqueiros e Políticos que colaboram com a Plutocracia ianque.E é o Poder Económico que DITA o Poder Político.

5:14 PM  

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