Uma Nova Esquerda
Só uma Nova Esquerda poderá opor-se e combater o projecto social da Nova Direita que, num claro aproveitamento da crise, anseia implementar no país a todo o custo e com a maior celeridade; projecto social, recheado de “novas reformas estruturais”, todas elas de cariz anti-social - cortes sociais, venda do património do Estado, desregulação laboral e diminuição dos salários e pensões.
Uma Nova Esquerda que faça frente ao vulgar “europeísmo” unicamente apostado em legitimar sem discussão as actuais políticas de austeridade.
Hoje, quer as lideranças sociais-democratas europeias, quer as lideranças socialistas ou trabalhistas, adoptaram como seus os ideais neoliberais e as políticas anti-sociais a eles associados que, e enquanto governos, vêm aplicando na Europa. As classes trabalhadoras, os pequenos comerciantes e os pequenos empresários, deixaram de ser representadas por aqueles que até aqui representavam os seus interesses sociais. Ao tomar partido pelas ideias neoliberais, as esquerdas europeias passaram a defender os interessas das oligarquias financeiras, do capital financeiro, hoje dominante na economia europeia.
A ideia que foi propagandeada e acabou por ser assimilada pelos portugueses de que a entrada no euro lhes proporcionaria uma convergência com os países mais desenvolvidos em salários e bem-estar, que a economia portuguesa entraria numa fase de crescimento duradouro em benefício de todos, não passou de uma grande mistificação, de uma grande mentira. Na verdade, acentuaram-se as divergências e as dificuldades económicas com a destruição imposta das nossas capacidades produtivas nas pescas, na agricultura e na indústria. Perdemos a capacidade de criar moeda e assim o meio de pagamento das dívidas públicas.
O euro, representa e simboliza as políticas neoliberais extremas que hoje dominam a União Europeia.
Uma Nova Esquerda que não se resigne ao empobrecimento, a uma nova escravidão económica imposta pela oligarquia financeira europeia. Que saiba lutar com coragem e eficácia contra a chantagem exercida sobre a população através do medo de falência do Estado.
Com o prosseguimento das actuais políticas os portugueses só poderão esperar dias ainda mais negros, sem qualquer esperança de futuro. Ao contrário das crises económicas anteriores, a degradação económica das famílias não será reversível, mas tornar-se-á permanente e duradoura. Trata-se na verdade, de um retrocesso civilizacional imposto à maioria da população como resultado de uma distribuição da riqueza cada vez mais desigual.
Um futuro destes jamais poderá ser aceite sem contestação e revolta.
Marcadores: nova esquerda
2 Comments:
Esperemos é que a «nova esquerda» aumente a produção e reduza o consumo e o desperdício...
E faça e mantenha a redução das despesas sociais e de saúde com as classes médias, que nos últimos vinte anos subiram acima do PIB à custa de empréstimos que hipotecaram a nossa soberania...
E substitua a produtividade da politiquice pela do trabalho efectivo,premiando a inovação, a disciplina, o conhecimento, etc. Incluindo a nomeação dos dirigentes por exames,provas dadas e avaliadas por júris nacionais exteriores aos organismos, sendo recuperada assim a autoridade...
vl
O que hipotecou a nossa economia não foi o Estado Social, que em Portugal sempre foi minimo, mas o estado paralelo corrupto- institucional criado pelas nossas elites politicas.
O país, criou ao longo dos últimos anos, em especial nos últimos 15 anos, uma administração pública paralela, (empresas municipais, fundações, institutos, agências, autoridades, comissões, gabinetes…,), sem qualquer racionalidade ou eficácia (se nos interrogarmos se hoje a Educação, Saúde, Segurança, Justiça…, se encontram a funcionar melhor seguramente que todos afirmamos que não o que nos leva à conclusão que tais órgãos são parasitários e desnecessários), e que consomem uma verba equivalente que calculo cerca de 10% do PIB. É um lastro orçamental brutal, que o país suporta sobre os seus ombros todos os anos. As motivações da classe política e dirigente portuguesa que levaram à construção desta aberrante administração paralela mantêm-se e continuarão a agravar-se. Agora mesmo foi anunciada a criação de mais um novo instituto (do território).
Não foi por desconhecimento ou incompetência que paulatinamente se arquitectou este monstruoso edifício administrativo.
As motivações da classe política dirigente resumem-se a três. Albergar com lugares bem pagos as clientelas partidárias, fugir à legislação dos regimes jurídicos de empreitadas e aquisições (abrindo caminho à mais ampla corrupção) e ter paus mandados de ministros e de secretários de estado na administração. Passo a passo foi criado ao longo dos anos este sistema a que chamo “sistema corrupto institucional”. Muita legislação foi parida para dar cobertura a este sistema. Não serão os partidos da área do poder que alguma vez irão acabar com este estado de coisas. Criaram este sistema e vivem confortavelmente nele. Jamais abdicarão dos privilégios que ele lhe proporciona. Ao contrário, assistiremos a mais impostos e cortes sociais.
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