domingo, maio 06, 2012

O ESCRUTÍNIO DA AUSTERIDADE

Se alguém viveu distraído as últimas três décadas de supremacia do Titanic neoliberal, que naufragou ruidosamente no colapso financeiro de 2008, os últimos quatro anos colocaram a disposição um compacto electrizante com as piores cenas do que é capaz aliança entre a desregulação das finanças e o suicídio da austeridade ortodoxa. A vítima é o corpo social europeu mutilado por governantes armados da firme disposição de privilegiar bancos e credores, ao mesmo tempo em que sacrificavam direitos, conquistas trabalhistas, serviços públicos e investimentos na pira da purga recessiva.
As cenas finais dessa imolação tangida pelo chicote germânico de Angela Merkel mostram uma montanha desordenada de escombros sociais e políticos arrematada por 17 milhões de desempregados - recorde europeu no pós-guerra. O conjunto faz da UE hoje a sigla tenebrosa de uma empresa demolidora que devasta a mais sólida rede de conquistas da civilização impostas ao capitalismo pela resistência progressista dos últimos 60 anos: o hoje esquelético Estado do Bem Estar Social europeu.
Saul Leblon (carta maior)