Desiluda-se o governo
Foi sobretudo a classe média, que
tem sido a mais espoliada pelas políticas deste governo, que saiu à rua a 15 de
Setembro. Foram manifestações com uma adesão em massa, em múltiplas cidades do
país, muito para além de qualquer previsão por mais optimista que fosse. A de
Lisboa, que me lembre, só terá comparação com a do 1º de Maio de 1974.
As pessoas romperam, e
demonstraram-no categoricamente, com as políticas de selvajaria neoliberal que
este governo pretende custe o que custar
impor aos cidadãos, às famílias e aos trabalhadores portugueses. São medidas
contra as pessoas e favoráveis às grandes empresas monopolistas e ao capital
financeiro. São medidas contra a esmagadora maioria dos cidadãos e favoráveis a
uma pequena minoria.
As pessoas compreenderam que, a austeridade
sobre austeridade, imposta por este governo, apenas conduzem o país a uma
espiral de miséria e de empobrecimento sem fim. Quando, depois das receitas
obtidas, com o corte dos subsídios de Natal e férias dos trabalhadores da
função pública e dos pensionistas, com os cortes nas funções sociais do Estado,
com o aumento generalizado dos impostos, o défice orçamental atinge em 2012 um
valor próximo dos 7% do PIB, tal significa que a receita tão obstinadamente
levada a cabo pelo governo é profundamente errada e só levará o país ao
desastre e a um país destroçado.
Desiluda-se o governo se pensa
que daqui para a frente as pessoas irão assistir e aceitar pacatamente a
destruição das suas próprias vidas.
1 Comments:
A Dignidade não se negoceia …
AULA DE DIREITO
Uma manhã, quando o nosso novo professor de “Introdução ao Direito” entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
- Como se chama?
- Chamo-me João, senhor.
- Saia da minha aula e não quero que volte nunca mais! – gritou o professor de uma forma desagradável.
João ficou desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu as suas coisas e saiu da sala. Todos estávamos assustados e indignados porém ninguém disse nada.
- Agora sim! – e perguntou o professor – para que servem as leis?…
Continuávamos assustados porém, pouco a pouco, começamos a responder à sua pergunta:
- Para que haja ordem na nossa sociedade.
- Não! – respondia o professor.
- Para cumpri-las.
- Não!
- Para que as pessoas erradas paguem por seus actos.
- Não!
- Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
- Para que haja justiça – falou timidamente uma aluna.
- Até que enfim! É isso… para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça?
Todos continuávamos incomodados com a atitude grosseira do professor. Porém, continuávamos a responder:
- Para salvaguardar os direitos humanos…
- Bem, que mais? – perguntava o professor.
- Para diferençar o certo do errado… Para premiar a quem faz o bem…
- Ok, não está mal porém… respondam a esta pergunta: agi correctamente ao expulsar João da sala de aula?…
Todos ficamos calados, ninguém respondia.
- Quero uma resposta decidida e unânime!
- Não!! – respondemos todos a uma só voz.
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
- Sim!!!
- E porque ninguém reagiu? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las?
- Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!
- Vá buscar o João – disse, olhando-me fixamente.
Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito.
Quando não defendemos os nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negoceia.
PS: - Retirado de “O Futuro é Hoje” e publicado no Jornal de Leiria de 20set12, por R Charters d’Azevedo
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