poupam-se os ricos e sacrificam-se os pobres
Chegamos a um tempo em que o bem ou o mal-estar dos portugueses é ditado pelo “bom ou mau humor” dos mercados financeiros. Triste país que se deixou colocar em tão miserável posição. E tudo aconteceu com a maior rapidez. De um dia para o outro, os portugueses acordaram com a corda na garganta. Em 2004, a Dívida Pública Portuguesa tinha um valor abaixo da média europeia de 58,3% do PIB e mesmo em 2007 não ia além dos 65% do PIB. Será que o aumento da dívida para os actuais 127,3% também tem alguma coisa a ver (além da crise gerada pela especulação financeira) com a nossa entrada e permanência no euro? Bem, enquanto o crescimento económico do país na década de 1990 a 2000 se cifrava numa média anual de 2,5% do PIB, na década de 2000 a 2010 ele desceu para 0,5%.
Conhecem seguramente todos os sábios austeristas que esta coisa do financiamento do Estado nos mercados financeiros nem sempre foi assim. Em 1996 os residentes detinham 75% de dívida pública do Estado português e os não residentes 25%, em 2008, os residentes detêm apenas 22% e os não residentes 78%. Foi com a entrada no euro que Portugal se colocou nas mãos dos mercados financeiros como pode ler-se na documentação de então.
“No período 1997-2000, surge a preocupação da preparação e adaptação da gestão da dívida ao EURO. Em 1998 é reforçado o papel dos Operadores Especializados em Valores do Tesouro (OEVT), enquanto agentes de distribuição e colocação da dívida em mercado primário e como “market makers” em mercado secundário. Por outro lado o objectivo da liquidez da dívida leva à criação no ano de 2000, do MEDIP, que se caracteriza por ser um mercado especializado para a negociação por grosso dos instrumentos da dívida pública baseado na utilização da plataforma electrónica de negociação MTS”.
A impossibilidade de emissão de moeda torna o financiamento do país refém da “boa vontade” dos mercados financeiros. Cujo objectivo é sempre a obtenção de maiores ganâncias. E sujeita-o à economia de casino porque se regem tais mercados. É uma situação impossível de se manter a longo prazo. A nossa economia não se pode tornar competitiva quando as empresas do norte europeu se financiam a juros de 2% e as empresas portuguesas se financiam a 4,5,ou 6%. Por outro lado, o país não tem controlo na política monetária. Não pode desvalorizar a sua moeda e tornar as suas exportações mais competitivas. O país está atado de pés e mãos às políticas e aos interesses das economias dos países mais poderosos da União Europeia.
Estas duas situações, a impossibilidade de desvalorização da moeda para ajustamento da competitividade e os juros sempre mais altos do financiamento, face aos seus parceiros europeus, bastam para tornar insustentável a nossa permanência no euro a manterem-se as actuais regras e tratados do euro.
Até lá, os nossos incompetentes governantes irão continuar a defender a permanência do euro e a austeridade que daí decorre. São governantes que pertencem ao extracto mais rico da população e como sabemos aos ricos a austeridade não lhes toca porque não estão dependentes das políticas sociais do Estado. Não vão aos hospitais públicos, nem colocam os seus filhos na escola pública. Daí que defendam em suas políticas a sua classe de ricos e super ricos sacrificando os mais pobres. Não se discute seriamente as PPP, as rendas da EDP, ou impostos de “solidariedade” sobre as fortunas e grandes empresas ou sobre as transacções financeiras. Não, poupam-se os ricos e sacrificam-se não apenas os mais pobres como a generalidade da população, trabalhadores, pequenos e médios empresários e comerciantes.
É tempo de chamar os bois pelos nomes.
1 Comments:
Puxa..!!!...caramba...demorou...mas finalmente ...as inteligências...depois de muitos Powerpoints e excéis lá descobriram como acabar com a RTP....
....a taxa vai deixar de ser cobrada com o recibo da luz....!!!!
...e assim....por outro lado.... sempre podemos dizer ao povoléu que baixam os custos de contexto....aliviando e poupando os mais desfavorecidos....aumentando a produtividade dos pequenos e médios empresários com forte incentivo ao investimento...nomeadamente externo no sector dos bens transaccionáveis...
Boa tarde ....que vou mas é rever o quadro ....
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