quarta-feira, maio 01, 2013

Concertação ou luta de classes?

Compreendeu a Troika, Cavaco Silva e Passos Coelho, que o governo não possui condições sociais para a “Refundação do Estado” materializada no corte brutal das funções sociais do Estado. Primeiro anunciado em 4.000 milhões de euros mas que já vai em 6,5 mil milhões. O governo tem condições políticas para este agressivo ataque social, dado ter o apoio do CDS e a maioria no Parlamento, mas não tem o apoio social necessário.
É por esta razão que aparece agora, vindo do nada, porque em dois anos o governo rejeitou, alias com extrema arrogância, qualquer aproximação ao PS, esta obsessiva vontade de uma “concertação” com o PS. O Objectivo torna-se bem visível. Procura-se o apoio social que uma concertação social com o PS lhe facultaria. Na velha política de Passos Coelho do “custe o que custar” pressiona-se por todos os meios o PS para ceder à estratégia do governo. Com Cavaco Silva a entrar também nesta manigância.
Do que se trata em realidade, é do assalto pela classe política dominante, constituída pelos banqueiros e grandes accionistas das grandes empresas, gestores financeiros das grandes empresas e elites políticas, aos rendimentos dos trabalhadores, pequenos comerciantes e agricultores. E, para este efeito, esta nova direita, esta “nova” classe política dominante tem hoje ao seu dispor uma poderosíssima arma que são os mercados financeiros. Os mercados financeiros são o tenebroso rosto desta classe social de uma ganancia sem limites.
O seu horror a tudo o que é social e o desprezo que manifesta pelos trabalhadores só é comparável ao comportamento das velhas ditaduras do século passado.
Os cidadãos apanhados de surpresa no turbilhão desta nova realidade, ainda não terão compreendido bem da luta desta classe dominante pela apropriação da riqueza socialmente gerada, empobrecendo o país e miserabilizando os trabalhadores.
Os partidos socialistas, a social -democracia europeia, também não têm ajudado ao esclarecimento desta desgraçada e desastrada situação política e social a que chegaram os países do Sul da Europa. Até aqui, têm igualmente alinhado com os interesses da “nova” classe dominante, não se distinguindo politicamente da direita europeia. O certo é que, tanto a esquerda social-democrata (socialistas e trabalhistas) como a direita (liberal e democrata cristã) que têm governado a Europa, vêm aplicando com igual rigor, numa “santa concertação” o receituário neoliberal, as chamadas “reformas estruturais”, que não visam outra coisa senão a alteração da distribuição da riqueza criada no país, desviando rendimentos do trabalho para o capital financeiro. Uma “concertação” que o movimento social europeu não irá permitir por muito mais tempo.