MARCELO, O GOVERNO E A SOCIAL-DEMOCRACIA
Em política
o que parece é.
Ao receber
Santana Lopes, após o seu anúncio de candidatura à liderança do PSD e depois de
conhecida a candidatura de Rui Rio, o presidente da Republica demonstra que
nesta corrida entre estas duas velhas figuras do PSD dirige o seu apoio para
Santana Lopes.
E não foi
preciso esperar muito. A intervenção de Marcelo sobre o orçamento de 2018,
deixa já adivinhar uma pequena nuance no seu relacionamento com o governo de
António Costa ao, e completamente a despropósito, “aconselhar” o governo para
não apresentar medidas orçamentais “ eleitoralistas” no orçamento de 2019.
Falando em 2019 parece estar subtilmente a referir-se a 2018. Pelo menos assim
foi entendido por Mário Centeno que reagiu afirmando que o orçamento de 2018 é
um orçamento de rigor e não eleitoralistas.
Apenas dois
dias depois desta intervenção, vem novamente Marcelo, ao referir-se ao
relatório sobre o incêndio de Pedrógão, “exigir” do governo consequências
políticas. Esta repentina “agressividade” de Marcelo para com o governo, só
pode ser entendida como uma alteração ao seu relacionamento com o governo de
António Costa, temporalmente coincidente com o apoio que manifesta a Santana
Lopes.
Não é
seguramente atirar demagogicamente para o actual governo, que leva apenas dois
anos de legislatura, todo o ónus dos funestos acontecimentos do incêndio de
Pedrógão que se ultrapassa da maneira mais correcta e politicamente honesta as
consequências dramáticas deste incêndio.
Este governo
vem sendo o governo que mais se aproxima das políticas sociai democratas e que
mais rigorosamente cumpre com a Constituição da República. A Constituição
portuguesa é uma constituição social-democrata apesar das purgas que tem levada
ao longo da sua curta existência. Será lamentável que o presidente Marcelo dela
se afaste e venha apoiar agora as intenções neoliberais de Santana Lopes, ainda
que naturalmente com menor radicalismo do que aquele que foi imposto pelas
convicções de Passos Coelho.
Com as
melhorias que o país tem colhido com a governação de António Costa, quer no
campo social, quer no campo económico, financeiro e orçamental, como comprovam
todos os indicadores seria lastimável que o presidente da república se tornasse
agora um obstáculo à continuidade destas políticas.
2 Comments:
"É pena que Marcel Rebelo de Sousa altere a partir de agora, a partir da saída de Passos Coelho da liderança do PSD, o seu relacionamento com o governo."
Pena?
Era expectável o quê?
A ver vmos
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