sábado, maio 23, 2020

AUSTERIDADE VIRTUOSA E EMPOBRECIMENTO REDENTOR

Num momento em que a sociedade portuguesa vive em grande ansiedade, receosa e angustiada nestes momentos de pandemia é a hora que o governo escolhe, pela boca de Sisa Vieira e também pelo do primeiro-ministro, para anunciar o retorno às medidas neoliberais, às medidas de austeridade tornando mais desesperada ainda a situação em que vive a população.  É deste modo que o governo pretende que os portugueses ganhem CONFIANÇA quanto ao futuro? Claro que as forças da direita revelam-se todas entusiasmadas, as televisões ao seu serviço dão conta disso mesmo, uma vez que tal discurso é contrário à política dos últimos quatro anos do governo de António Costa e aproxima-se das teses da governação de Coelho/Portas. Esta alteração de políticas keynesianas e sociais-democratas para medidas neoliberais de austeridade que agora se anunciam (por enquanto de modo ainda muito envergonhado) esta alteração do projecto de “modelo social”, vem dar força naturalmente às teses neoliberais do “não há alternativa” e lançar a maior consternação e dúvidas nos portugueses. António Costa, a seguir um tal caminho, já sabe o que o espera. “Aumenta o défice público. Há que reduzir o défice. E aumentam-se os impostos sobre o trabalho e aplicam-se cortes sociais. Os cortes prejudicam gravemente a cidadania. Os cortes e os impostos sobre o trabalho fazem retroceder a actividade económica. Aumenta o desemprego. Diminuem as receitas fiscais em IRS, IVA, … Aumentam as desigualdades sociais. Grandes empresas fogem a mais impostos que nunca. O Estado se endivida. Aumenta o défice público. A UE exige a redução do défice e da dívida pública. Isto é, para reduzir o défice e a dívida, o governo irá cortar mais salários, mais pensões e mais direitos sociais… A actividade económica reduz-se mais ainda, e assim continua a história interminável da “austeridade para sair da austeridade”. Será que voltamos aos tempos da austeridade virtuosa e do empobrecimento redentor? Futuro sombrio aguarda os portugueses.
18.04.2020