FACILITISMO E IRRESPONSABILIDADE

Os governos socialistas sempre mostraram uma apetência muito especial pelo facilitismo. Este que nos desgoverna não foge à regra. A cultura de rigor e de excelência de que falam todos os seus ministros não passam de meras intenções, sem qualquer convicção e usada apenas para efeitos propagandísticos.
Na prática são vezeiros em introduzir medidas que vão em sentido exactamente contrário ao que apregoam.

Na Educação, não se compreende que uma nova medida anunciada vá permitir que os jovens com 18 ou mais anos, obtenham o décimo segundo ano, mesmo que apenas possuam o nono, mediante um trabalho a apresentar colocado a discussão perante um júri. Claro que o trabalho poderá ser comprado pelo aluno e elaborado por terceiros, isso para a excelência do nosso ensino pouco importa, basta a sua discussão. Perguntar-se-á que razão, nestas condições, levarão os alunos do décimo, ou décimo primeiros anos a frequentar as aulas quando, chegados aos dezoito anos, podem muito simplesmente recorrer àquele expediente!

Na Administração Pública (AP), e nos vários diplomas que o governo pretende legislar, observa-se este mesmo pendor para o facilitismo. Alias, na generalidade os diplomas já anunciados irão provocar seguramente a maior irracionalidade e anarquia da Administração Pública, com os gravíssimos problemas daí decorrentes e que se resumem a uma AP mais cara e menos eficiente.
Agora, o acesso às carreiras mais altas da função pública vai deixar de exigir licenciatura aos candidatos. Até aqui, a candidatura ao concurso de acesso à carreira de topo na função pública, designada no regime geral de técnico superior, exigia a apresentação de uma licenciatura, mas no novo regime em fase de negociação, «pode prever a possibilidade de candidatura de quem, não sendo titular da habilitação exigida, considere dispor da formação e, ou, experiência profissionais necessárias e suficientes para a substituição daquela habilitação».
Tudo isto porque uma tal comissão técnica, a quem o governo pediu um parecer sobre carreiras e vínculos na Função Pública, entende que se deverá “terminar com a sobrevalorização do saber lógico-formal em detrimento da inteligência prática". Nem mais. Em breve veremos nos mais altos cargos da Administração Pública, os filhos e enteados, as clientelas partidárias ou mesmo as namoradinhas dos Antónios Josés Morais que pululam por aí. Afinal todos aqueles que, sem jeito para o português ou matemática, têm “inteligência prática”.

Está assim aberto o caminho à mais absurda degradação e corrupção da Administração Pública.
Nem valerá a pena argumentar sequer, perante tanta manifestação não já apenas de incompetência mas sobretudo de idiotice.