o Estado como pessoa de bem

Honrar compromissos assumidos anteriormente; o Estado como pessoa de Bem; no entender dos nossos iluminados governantes, tornaram-se conceitos antiquados e desajustados à “modernidade” dos nossos tempos. Sempre que lhes dá jeito, a seu belo prazer, estes senhores rompem com os compromissos assumidos com a maior das ligeirezas.
Se a anterior gestão de uma Câmara fez um negócio que não agrada à nova gestão, vá de romper tais compromissos e tratar de forjar um novo negócio, sem qualquer preocupação com os custos que a nova operação acarreta ao erário público. E isto de gestão em gestão, de mandato em mandato.
Com a mudança de partido na gestão de uma Câmara, segue-se de imediato o rompimento dos negócios anteriores e a formulação de outros com novas entidades mais do seu agrado naturalmente. Não será o interesse público que determina estas mudanças de negócios, mas simplesmente o interesse dos políticos e dos partidos onde são filiados.

O mesmo se passa com os governos do País. A primeira preocupação de um qualquer ministro logo que empossado, é jogar no lixo todos os projectos do seu antecessor independentemente do seu valor ou do estado adiantado em que se encontram.

Os partidos tornaram-se assim corpos sociais alheios ao interesse público que manifestamente desprezam, preocupando-se tão só, com os seus interesses de natureza clientelar e partidária. Os partidos não servem o Estado, antes, servem-se do Estado, que arrastam para o jogo dos seus negócios e privilégios. Se a motivação dos partidos consistisse realmente na prestação e defesa do interesse público, os governos deles saídos seriam os primeiros a respeitar os compromissos assumidos e a zelar pela dignidade, pela palavra, pela honra do próprio Estado.