sexta-feira, março 07, 2008

Modernização ou retrocesso social?


Enquanto o liberalismo político clássico colocou a Educação entre os direitos do homem e do cidadão, o neoliberalismo, promove uma regressão da esfera pública, na medida em que aborda a escola no âmbito do mercado esvaziando, assim, o conteúdo político da cidadania, substituindo-o pelos direitos do consumidor. É como consumidores que o neoliberalismo vê alunos e pais de alunos.

O Estado neoliberal é mínimo quando deve financiar a escola pública e máximo quando define de forma centralizada o conhecimento oficial que deve circular pelos estabelecimentos educacionais, quando estabelece mecanismos verticalizados e antidemocráticos de avaliação do sistema e quando retira autonomia pedagógica às instituições e aos actores colectivos da escola, entre eles, principalmente, aos professores. Centralização e descentralização são as duas faces de uma mesma moeda: a dinâmica autoritária que caracteriza as reformas educacionais implementadas pelos governos neoliberais.

Na perspectiva neoliberal, os pobres são culpados pela pobreza; os desempregados pelo desemprego; os corruptos pela corrupção; os professores pela péssima qualidade dos serviços educacionais. O neoliberalismo privatiza tudo, inclusive também o êxito e o fracasso social. Ambos passam a ser considerados variáveis dependentes de um conjunto de opções individuais através das quais as pessoas jogam dia a dia seu destino, como num jogo de baccarat. Se a maioria dos indivíduos é responsável por um destino não muito gratificante é porque não souberam reconhecer as vantagens que oferecem o mérito e o esforço individuais através dos quais se triunfa na vida. É preciso competir, e uma sociedade moderna é aquela na qual só os melhores triunfam. Dito de maneira simples: a escola funciona mal porque as pessoas não reconhecem o valor do conhecimento; os professores trabalham pouco e não se actualizam, são preguiçosos; os alunos fingem que estudam quando, na realidade, perdem tempo, etc

A resposta neoliberal é simplista e enganadora: promete mais mercado quando, na realidade, é na própria configuração do mercado que se encontram as raízes da exclusão e da desigualdade. É nesse mercado que a exclusão e a desigualdade se reproduzem e se ampliam. O neoliberalismo nada nos diz acerca de como actuar contra as causas estruturais da pobreza; ao contrário, actua intensificando-as.

Os governos neoliberais não só transformam materialmente a realidade económica, política, jurídica e social, também conseguem que esta transformação seja aceite como a única saída possível e dolorosa para a crise.



7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oh...diabo...atão não querem lá ver que o ministro em Chaves perante uma manifestação popular declarou que se for preciso defender novamente a liberdade do 25 A ....cá estará de novo o Partido Socialista....

...e falou em A e B...uns vivos outros não...olhe não percebi nada....

......atão não querem lá ver que os rapazes estão a andar mais depressa do que eu pensava....

...eu que pensava que .....como dizem...... estariam calmamente a governar com maioria absoluta e tudo.....


...Ora por esta é que eu não esperacva ...para já....claro.....

12:08 AM  
Anonymous Anônimo said...

Ao menos antigamente os rapazes não iam às escolas saber quem é que iria de carro ...ou a pé....

.....pura e simplesmente iam buscar o A...e o B...e pronto....sem disfarce...

...agora.....se calhar são novas formas de gestão....

12:11 AM  
Anonymous Anônimo said...

Finalmente posso ser democrata e fazer o meu próprio partido...

......é que já não é necessário número mínimo de militantes.....

12:30 AM  
Anonymous Anônimo said...

Excelente Post, rigoroso no diagnóstico e profundo na análise, de clareza sublime.

O tema é aliciante só que ....o neoliberalismo está condenado, pela sua própria natureza - a curto prazo....como é desejável , sem que contudo não deixe profundas marcas de desgosto nas sociedades -em particular na nossa, quem não estava preparada para nada...quanto mais para este choque profundo de intrínseca guerra social.

Um abraço...!

1:28 AM  
Anonymous Anônimo said...

80 ou 100 mil professores de um vez só...na rua a dizerem que não querem esta política...é obra....

...ainda se não se soubesse o que é que os professores pensavam....vá ...que não vá...agora assim...não há mais possibilidade de continuar como antes ....e .....diálogo significa: sim....sim....sim.....sim....

...Conclusão...!?

10:32 PM  
Blogger joao marques de almeida said...

Dois dos pilares da ideologia neoliberal e na verdade também neo-fascista, ou seja, a questão do peso pluma do Estado e do milagreiro mercado foi aqui muito clara e didacticamente desmascarada.
Nada mais a acrescentar
Quanto aos comentários da Ministra à manifestação dos professores e as aleivosias do Santos Silva, são demonstrações do nervosismo com que os rapazes já andam, sinal seguro que se vão espetar numa das próximas curvas.
Joao

12:32 AM  
Anonymous Anônimo said...

Será possível que esteja convocada uma reunião .....para daqui a uns dias de professores...??

...terá isto alguma semelhança com uma tal peregrinação...... do ...reumático...já aqui há alguns anos....?...noutra época...?

..ainda dizem que a malta não aprende....ora a boina é a mesma..!

.....já se sabe o que não se aprendeu aqui...aprendeu-se na loja ao lado....

1:00 AM  

Postar um comentário

<< Home