segunda-feira, julho 14, 2008

O ESTADO DA NAÇÃO

O estado da Nação (I)
Corrupção Institucionalizada
Há não muitos meses atrás, prometia Sócrates e Teixeira dos Santos que Portugal, face às medidas levadas a cabo pelo governo, se encontrava em condições de responder a qualquer crise económica exterior.
Agora, poucos meses volvidos, afirma Sócrates precisamente o contrário, responsabilizando a crise internacional pela crise económica que o País atravessa.
Trata-se, evidentemente, de uma manobra política tentando enjeitar responsabilidades que lhe cabem a si por inteiro. Claro que a crise económica internacional acelerou e trouxe à tona da água, a profunda crise económica e social em que nos encontramos mergulhados. Mas a “nossa crise” tem raízes profundas, estruturais, perdura e vem-se agravando de há longos anos para cá. Sobretudo a partir de 1995, e tem como causa a Corrupção Institucionalizada que os líderes políticos instauraram no País.
Mas o que é isso de Corrupção Institucionalizada?
Quando se criam órgãos do Estado, quer na Administração Central quer nas Autarquias, não por racionalidade e, ou eficácia de gestão, mas tendo como objectivo primeiro criar o órgão ou a empresa por si mesmo e dar remunerações e benefícios principescos a gestores e administradores das suas clientelas partidárias, a isto só poderá chamar-se Corrupção Institucionalizada. É o que acontece com as Comissões, Autoridades, Gabinetes, Agências e um sem fim de outros órgãos do Estado, e paralelamente com as empresas municipais nas Autarquias. Destroem-se as Direcções Gerais e os Departamentos Municipais para darem lugar a estas novas entidades sem qualquer racionalidade ou benefício para o País e para os cidadãos. Será que porventura, com estas mudanças, com estas “reformas”, os cidadãos viram melhorar os serviços prestados pelo Estado e pelas Autarquias? Será que a Segurança, a Justiça, a Educação ou a Saúde melhoraram? Trata-se, evidentemente, de uma “operação politico-administrativa” economicamente desastrosa.
Mas o desastre económico e financeiro não advém apenas dos custos de exploração exponenciais destes novos órgãos, mas dos custos financeiros colaterais provocados pela incompetência da generalidade dos gestores e administradores nomeados para eles por compadrio político. Esta nova elite de políticos gestores, conhecem bem, que foram nomeados pela sua fidelidade partidária e não pela sua competência de gestão. Entendem bem que o governo lhes perdoará todos os erros e disparates económicos que praticarem nos seus cargos mas, por outro lado, conhecem melhor ainda, que não podem falhar no apoio político que lhe prestam. Desastres económicos em operações financeiras, como os investimentos das Águas de Portugal no Brasil e Angola (agora tornados públicos pelo Tribunal de Contas) ou os da Portugal Telecom no Brasil, serão sempre desculpáveis. A infidelidade política essa, nunca o será.
Os custos financeiros e económicos para o País provocada pela má gestão e incompetência desta nova classe de gestores políticos, será seguramente elevadíssima.
Acreditamos que se contabilizarmos os custos financeiros do País provocados pela Corrupção Institucional esta não deverá ser inferior a 10% do PIB, cerca de 16.000 mil milhões de euros. É esta a verba que deveria circular pela economia nacional e que, todos os anos, é retirada do seu circuito normal. É esta a razão pela qual a economia nacional não poderá crescer e afirmar-se naturalmente como devia, independentemente das condições mais ou menos favoráveis da economia internacional.
E, como não será previsível que a nossa classe política abdique voluntariamente de tais privilégios, será certo que o futuro que nos aguarda consistirá inexoravelmente no agravamento da situação económica e social do País, com novos aumentos de impostos e mais cortes nas Funções Sociais do Estado, independentemente da evolução económica internacional.
O estado da Nação (II)
A economia e os economistas do “sistema”

Por alguma razão, todos os nossos badalados e mediáticos economistas, desde Ferreira do Amaral, Miguel Beleza, Manuel Bessa, Eduardo Catroga, Augusto Mateus, Silva Lopes, António Borges, César das Neves, Mira Amaral ou Teodora Cardoso, todos eles, em suas análises económicas sobre a economia do País, apresentam a mesma unicidade de respostas. O País vive com um Despesa Pública exagerada e haverá que “reformar” a Administração do Estado. Estas preconizadas “reformas” são coincidentes, todas elas, em dois únicos objectivos. De um lado, a exigência da redução das despesas nas Funções Sociais do Estado, por outro, na necessidade do aumento de impostos. Segundo eles, estas medidas tornam-se indispensáveis à diminuição do Défice Público e ao relançamento da economia nacional. Recorde-se a recente critica a uma só voz, da redução do IVA de 21% para 20% e da pretensa redução do imposto sobre os produtos petrolíferos.

Na sua retaguarda, dando eco às suas formulações analíticas, encontramos os “jornalistas” pretensos peritos em áreas económicas, que se multiplicam nas televisões e nos diferentes outros órgãos da comunicação social, em comentários e entrevistas, todos e todas elas, em sagrada comunhão com tão sábias receitas.

São economistas que vivem do “sistema” e para o “sistema”. Na generalidade fazem a sua vidinha trocando os lugares dos ministérios com os lugares na administração das grandes empresas e vice-versa, numa total promiscuidade política. São economistas necessários e indispensáveis a este “sistema” político de corrupção institucionalizada em que vivemos.
Não será portanto de estranhar, que as receitas que saem daquelas cabeças não ponham em causa o “sistema” e, ao contrário, contribuam antes para a sua perpetuação.

Torna-se evidente para o mais comum dos cidadãos, que a qualidade e a extensão dos serviços prestados pelo Estado são maus e reduzidos se comparados com a receita dos impostos que pagamos. É comum ouvir dizer-se que pagamos impostos como na Suécia mas não temos nem de perto nem de longe serviços sociais e apoios estatais semelhantes.
Na verdade, face aos impostos que pagamos, os serviços prestados pelo Estado são maus e estão muito aquém do desejável. Na Justiça, na Educação, na Segurança, na Saúde, no apoio aos idosos, aos deficientes, às famílias, aos reformados, aos desempregados. Enfim, pagamos a mais ao Estado e recebemos a menos do Estado.
Andámos a apertar o cinto, com aumento de impostos e cortes nas funções sociais do Estado, com a promessa do Éden. Afinal o futuro que hoje já vivemos tornou-se mais sombrio e um inferno para muitos portugueses.
O “sistema”, que os nossos políticos tão bem souberam erguer ao longo dos últimos anos, absorve toda e qualquer receita proveniente de qualquer aumento de impostos ou de qualquer receita proveniente de cortes nas funções sociais do Estado. É um polvo gigantesco, que de ano para ano, se torna cada vez mais voraz e insaciável e que vem consumindo o esforço e o trabalho da esmagadora maioria dos portugueses.

Os nossos economistas do “sistema” deveriam compreender que, face ao atraso económico e social do País, não são admissíveis mais cortes sociais ou mais aumento de impostos e que a redução da Despesa Pública nunca deveria ser alcançada por esta via.

A redução da Despesa Pública indispensável e necessária para o relançamento da economia nacional, exige a extinção da grande maioria dos órgãos do Estado criados nos últimos anos, (comissões, autoridades, agências, inspecções, fundações, conselhos, auditorias, institutos, centros, fundos, gabinetes, etc, e a integração destes serviços em Direcções Gerais após um verdadeira reforma da Administração Pública. Extinção igualmente da esmagadora maioria das empresas municipais criadas à semelhança e com os mesmos propósitos daqueles órgãos do Estado. Extinção dos governos civis e redução do numero de deputados. Redução das remunerações e demais regalias dos gestores públicos. Nomeação dos cargos públicos e gestores públicos por avaliação de curriculum em concursos universais e não por nomeação política. Aplicação de uma taxa de IRC às instituições financeiras semelhante à aplicada às pequenas e médias empresas. Colocar a Administração Pública a funcionar deixando os serviços de encomendar por sistema “estudos” a empresas privadas e assim poupar as verbas astronómicas que hoje são gastas em “aquisição de serviços”. Inculcar uma cultura de poupança nos serviços públicos e não de esbanjamento de recursos a que hoje assistimos.
Estamos certos, que com tais medidas se obteriam recursos capazes de relançar a economia nacional, melhorar de modo efectivo os serviços prestados pelo Estado, não apenas na Saúde, Educação, Segurança ou Justiça mas também as restantes funções sociais prestadas pelo Estado à generalidade da população e em particular à mais desfavorecida.
Quanto aos nossos economistas, não será seguramente este o caminho que lhes convém, pelo que jamais ouviremos das suas bocas quaisquer propostas semelhantes.

16 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Meu caro...peço-lhe um favorzito....

...ponha-nos um ZÉ Povinho...

...que é o nosso reduto ...de que já estamos a precisar

...quanto aos rapazes...tenha piedade deles que não sabem o que dizem...e temos de ter paciência com o que fazem.....

Um abração....

3:16 PM  
Blogger José Lopes said...

Estas verdades são incómodas e são muitos "os acomodados" à sombra dos nossos impostos e das mordomias que giram em torno do poder, pelo que os visados, economistas e comentadores do regime, nunca irão preconizar essas medidas e pelo contrário teimarão em fragmentar e desmantelar o Estado multiplicando os tachos em EP's, IP's, AA, Reguladores, Gabinetes de estudos , comissões disto e daquilo e pareceres a rodos.
Cumps

4:06 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olá,,,

O Sr Berlusconi...acha que os paises consumidores de petróleo deveriam reunir-se e fixar um prêço máximo para o dito....e....se não fôr aceite...então há que desenvolver um programa intensivo de construção de centrais atómicas para produção de energia...

O que é que se dizia há tempos neste Blogg?!

12:24 AM  
Anonymous Anônimo said...

Porque será que nunca se viu tanta lapela com emblema de chapéuzinho....em tudo quanto é importante e ocupante de cargos de ....alta responsabilidade....


Puxa....vida....

O Tonito era cá um cooperativista,,,,e deixou moda...!

12:27 AM  
Anonymous Anônimo said...

E o escândalo anunciado há poucos dias na TVI, através de entrevista onde o gestor da TAP foi confrontado com a desmontagem de factos e números de tráfego por ele invocados para provar a futura saturação da Portela?E foi ainda pela TVI feita a demonstração de há uma solução barata, de ampliação apresentada por Joâo Soares, para estacionar aviões,rebatendo o último argumento apresentado para justificar um novo aeroporto!
O «Rei vai cada vez mais nú!»
E segue-se o TGV só para ganhar mais meia hora nas viagens.
E quem vai pagar os encargos de exploração e manutenção destes equipamentos e dos submarinos? vl

6:07 AM  
Anonymous Anônimo said...

Olhe já nem sei se o Tonito deixou por cá os cooperativistas ou os corporativistas....

Se calhar os dois....

11:34 AM  
Anonymous Anônimo said...

Agora está na moda é dizer que o Estado não paga nada ...quem paga são os privados...

Lá isso é verdade....a concessão é feita a privados e depois.....como os mesmos privados não oferecem a electricidade....( podiam ser candidatos a a alguma comemda de benemérito....mas não...! quem a vai pagar, assim o gasol somos nós....mesmo sem saber quanto é que vamos pagar...porque isso logo se vê....

...tem razão o rapaz...o Estado não paga nada....

E como nós não somos Estado....só o somos quando sujeitos tributários...de resto .....somos consumidores....!

11:40 AM  
Anonymous Anônimo said...

O que mais me orgulha é que nós estamos sempre na vanguarda...sempre foi assim....nos descobrimentos...na expansão da fé....no desenvolvimento do Brasil...por isso fomos para lá ...a correr....nas conquistas da liberdade.....na condução dos destinos da Europa.....e agora em plena revolução energética....na definição dos novos aviões....

....creio que por isso é que se vai fazer o aeroporto novo já preparado para receber os novos aviões movidos a nova energia....( faz-me lembrar as novas formas de organização ....a exigirem profundas reformas....)

11:46 AM  
Anonymous Anônimo said...

Ontem estive a ver um Programa de TV....e nem sei como é que se pode gastar tanta energia....por esse País fora..com tanto paleio de xacha....

....assim o pitrol nunca mais baixa !!

11:49 AM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Blogger...por falar em estado da Nação...parece que vai por aí grande burburinho....por causa não sei quê....e que mais...e de listas para deputados e....autarcas....e Parlamento na Europa....

O caro Blogger que sabe tudo.....talvez me possa ajudar.....diga-me ....como é que se vai para isso...?

.....Será preciso fazer alguma inscrição nalgum lado....nos postos da segurança social...ou do desemprego...ou em alguma empresa de Outsourcing e de recrutamento de pessoal...???

Pelo menos ter bilhere de identidade deve ser preciso....o que não sei é se será necessário mais algum cartão....

...bom e ....saber ler e escrever qualquer coisa ...fazer contas....bom se souber alguma coisa ....agradeço !!!

12:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Haja Deus...

Ainda bem que temos um Governador de um Banco de Portugal para nos dar ideias sobre o Estado da Nação...

....se estamos à espera dos Deputados e do Governo na AR...bem estamos lixados....

....caro amigo vou mas é beber umas cervejolas...enquanto é tempo !!!!

10:53 PM  
Anonymous Anônimo said...

Parece que ...finalmente se ouve por cá .....que a UE ( União Europeia)...terá que rever os níveis do déficit...dos Países...assim um bocadito aflitos...quer dizer...Portugal...!?

Só não percebo é porque é que já não se foi a Bruxelas dizer isso mesmo....há muito mais tempo..!??

10:56 PM  
Anonymous Anônimo said...

Quanto a revisão de salários...nem pensar ....dizem os comentadores...actualização de salários só por aumento de produtividade...

Porra.!!...que raio de teoria andaram a meter na cabeça destes iluminados modernos...nestas faculdades actualizadas...onde se ignoram os factos da História...

...Bom em boa verdade se não fosse assim também nunca havia cacetada....

...Nem nos EUA...carago...onde acabam de ser tomadas medidas de auxílio à malta tesa...e sem casa...

11:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Por cá é que é bom....até aqui a culpa era dos que estiveram antes....agora a culpa é dos estranjas internationais que arranjaram uma crise dos diabos.....

....isto é o que se chama passar nos intervalos da chuva....

....Que sorte...!!!

2:11 AM  
Anonymous Anônimo said...

Olá,

Estou entrando em contato novamente para tratar da Parceria Comercial mencionada via e-mail em 10/07/08.
Continuamos interessados no site.

Aguardo um retorno para iniciarmos a negociação.

Grata e à disposição,
Stephanie Sarmiento
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Phone: 11 3178 2514

3:01 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vou falar de coisas muito sérias. Não estou a brincar. Sinto-me profundamente injustiçada com as declarações do Dr. Paulo Portas.
Toda a gente gosta de criticar, sem saber bem o que dizem, talvez um dia sejam julgados.

Tenho andado há muito tempo com vontade de fazer voluntariado, mas ainda não arranjei nada dentro do que possa fazer. Já fui a várias paróquias mas ninguém me chamou. Já me inscrevi na cruz vermelha e também não tive resposta, nem sequer me disseram porquê. Acho que vocês deviam saber isto, porque o Dr. Paulo Portas anda a dizer que só se deve "ajudar quem ajuda". Ora como as pessoas querem ajudar e não podem, isso não é justo. Um sobrinho meu também se inscreveu como voluntário e também não o chamaram.

Sinto-me profundamente injustiçada com as declarações do Dr. Paulo Portas de que "as pessoas que recebem rendimentos do estado não fazem um esforço suficiente para poder trabalhar." " Há um Portugal que trabalha no duro e há outro Portugal em idade de trabalhar que vive à conta do estado." " O Portugal que trabalha vê ao lado pessoas em idade de trabalhar receberem beneficios do estado e que fazem pouco esforço para melhorar a sua própria situação" È estranho que uma pessoa que era boa aluna que tirava 18 e 19 valores na faculdade não sirva para trabalhar. Com o país nestas condições, com trabalho precário, pergunto ao Dr. Paulo Portas como uma pessoa pode arranjar trabalho temporário, e depois ficar sem trabalho, não ter ninguém, e depois como come e bebe? Como diz o ditado "mais vale pouco mas certo, do que muito e incerto."
Eu não gostei nada de receber beneficios do estado, porque sou muito nova. Apanhei uma depressão e tive que ir ao médico, porque uma pessoa ser pensionista com uma pensão de miséria não é justo.
O Dr. Paulo Portas acha que as pessoas têm que aceitar tudo e ele é que está bem.
Pergunto ao Dr. Paulo Portas o que acha de trabalhar numa lavandaria a passar a ferro, de pé, às vezes até à meia noite para ganhar 400 euros como eu estive!!!
Isto é de calar toda a gente, por isso é que o CDS não me respondeu.
Com o meu voto o CDS não conta mais.
Noutra empresa onde estive tinha que ouvir o meu chefe a tratar mal o meu colega porque era de cor.
ISSO È PROFUNDAMENTE INJUSTO.

7:25 PM  

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