Economia ao serviço de quem?
Dizem-nos, que atravessamos uma grave crise económica e que, para sair dela, teremos que fazer grandes sacrifícios. O Estado, a quem incumbe assegurar o bom funcionamento económico do país, através do seu poder legislativo sobre tudo e todos, através dos seus múltiplos agentes, não se cansa de o repetir.
Para que a economia saia da crise em que mergulhou, dizem-nos, será preciso que os 20% de pobres da população tornem as suas miseráveis vidas mais miseráveis ainda e que os pequenos empresários e trabalhadores por conta de outrem, que vivem apenas com o rendimento do seu trabalho, sofram reduções dos seus salários e condições sociais mais restritivas, isto é, reduzam a qualidade das suas parcas condições de existência. Numa palavra, agravem as suas próprias economias familiares.
Para que a economia saia da crise em que mergulhou, dizem-nos, será preciso que os 20% de pobres da população tornem as suas miseráveis vidas mais miseráveis ainda e que os pequenos empresários e trabalhadores por conta de outrem, que vivem apenas com o rendimento do seu trabalho, sofram reduções dos seus salários e condições sociais mais restritivas, isto é, reduzam a qualidade das suas parcas condições de existência. Numa palavra, agravem as suas próprias economias familiares.
Para que a economia funcione melhor será necessário assim, que a economia familiar de 85% da população funcione pior. Num Estado Democrático, em que as maiorias são soberanas, agrava-se a economia de 85% da população com o objectivo único de desagravar a economia do país. Daqui só poderá retirar-se uma conclusão – o bem-estar e as melhores condições económicas da maioria da população não fazem parte da economia do país, que aqui se identifica com a economia da minoria dos outros menos de 20% da população. A economia que pretende sair da crise é assim a economia do sistema, a economia de uma minoria da população. Poderosa seguramente, porque ocupa os lugares de topo da Administração do Estado, gere o Estado e dita as Leis, detém o poder económico e financeiro do país e se apropria da maioria do rendimento nacional. Única responsável pela crise financeira e económica que ampliou os já graves e difíceis problemas económicos nacionais. Ao colocar os rendimentos de que dispunha no obscuro mundo da especulação financeira comprando, deslumbrados pelas ganâncias fáceis, todo o tipo de produtos financeiros especulativos responsáveis pelo colapso financeiro que se verificou.
As poupanças que os portugueses colocaram nos bancos foram arrastadas pelas oligarquias financeiras para a especulação financeira e não para a produção. Verificada a descapitalização dos bancos os gestores do Estado apressaram-se a capitalizá-los com o dinheiro dos impostos. A crise provocada pela ganância desmedida, pelas aventuras especulativas de uma minoria da população está agora a ser paga pelos restantes 85% que em nada contribuíram para o descalabro financeiro. Mais, as suas poupanças foram abusivamente usadas na especulação financeira pelos detentores da economia do sistema, transformando capital produtivo em capital especulativo, com todas as consequências de que daí resultaram.
Marcadores: crise financeira, econmia do sistema
2 Comments:
Enquanto uns apertam cintos, outros usam suspensórios. Só é pena que quem os aperta muito dificilmente tem culpa de seja lá o que for. E os outros... enfim...
Cumpr,
Caro Blogger....o seu artigo é um espanto....de análise...de boa visão...concordo !!!
O Estado separado do Povo....uma economia sem população ...excelente observação e é ao que se assiste....
Há dias via numa TV qualquer... um programa que apresentava o tipo da mulher portuguesa.......empresária, casada, com dois filhos que à tarde tinha de ir buscar ao Colégio, de carro privado....e depois ainda tinha de ter tempo para o jantar.....
Acha que esta gente que fala para o Povo conhece o País...? e mais ainda conhece as pessoas que são portuguesas...???!!
Vou mas é ver se ainda há lugares no cruzeiro do Queen Mary para assistir ao Fim do Ano na Madeira...
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