terça-feira, novembro 23, 2010

Que futuro?


Não há sessão parlamentar nos últimos tempos em que os parlamentares socialistas não lancem este desafio às bancadas da oposição – os senhores criticam as nossas propostas mas infelizmente não apresentam uma outra qualquer solução alternativa. E na verdade não tem havido uma resposta convincente dos partidos parlamentares, do PC ao CDS, a este desafio. A oposição parece não ser capaz de objectivar uma alternativa credível que nos tire do atoleiro em que nos encontramos. Para desgraça dos cidadãos, o sistema político parece encontrar-se bloqueado e incapaz de forjar uma alternativa de desenvolvimento económico e social que dê esperança aos portugueses num futuro melhor. O que se diz é que os tempos futuros vão ser piores e austeros para todos. Os jovens de hoje irão viver uma vida mais difícil que os seus pais e os portugueses terão que se conformar com esta “realidade”.
Este negativismo dos governantes e economistas que os apoiam compreende-se. A situação económica e financeira de Portugal é demasiado grave. À crise internacional junta-se o despesismo corrupto institucional que devora todos os anos o equivalente a 10% do PIB. Os governantes, responsáveis e beneficiários directos deste despesismo parasitário, são naturalmente incapazes de alterar ou inverter convictamente o mundo obscuro, disfuncional, irracional, despesista em que se converteu todo o aparelho de estado. Por outro lado, como fiéis seguidores da “modernidade” neoliberal convertida como pensamento único na Europa comunitária, adoptaram este modelo económico que consideram como a única via de desenvolvimento. Torna-se assim compreensível, que os defensores deste “pensamento único”, fiéis às suas convicções, mas conscientes dos resultados desastrosos das políticas neoliberais responsáveis pela crise, sejam levados a considerá-las como fatalidade histórica inultrapassável a que nos teremos de habituar. Não admitindo diferentes políticas económicas que as velhas receitas neoliberais e confrontados com a crise que atravessamos tornam-se logicamente incapazes de qualquer visão optimista do futuro.
Uma resposta política as estas falácias tem que ser dado. Os portugueses terão que encontrar uma nova alternativa política fora do actual e bloqueado quadro partidário existente. Uma alternativa política com novas soluções não é apenas possível mas desejável e de inegável urgência.

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