quarta-feira, dezembro 29, 2010

Pacóvios ingénuos


Sejamos claros. Os portugueses não foram chamados a pronunciarem-se sobre a adesão do país à União Europeia. Não referendaram a entrada no euro como não referendaram as cartas constitucionais da UE, antes ou depois do Tratado de Lisboa. Não referendaram tão pouco os sucessivos alargamentos da UE, que em 1986 tinha 12 países e já vai em 27.
Uma elite política, uma classe política, uma casta política, nascida do 25 de Abril de 1974, acantonada nos partidos da área do poder que nos têm desgovernado, são os únicos responsáveis pela nossa entrada no euro e do modo como nele entrámos. Fizeram-nos crer que a nossa entrada no euro só nos trazia coisas boas. Um desenvolvimento económico convergente, salários igualmente convergentes com os dos restantes países europeus, uma abertura de fronteiras económicas para onde poderíamos exportar os nossos produtos agrícolas e industriais. Não nos avisaram contudo, que para o acesso a estas “benesses” teríamos que encerrar fábricas da nossa indústria, abater barcos da nossa frota de pesca, abandonar os campos agrícolas, olivais, vinha e muitos outros produtos como a beterraba açucareira que abastecia 20% do consumo nacional. Pelo contrário, fizeram-nos crer que toda essa obsessão destrutiva constituía "modernidade e progresso" e até nos ofereciam avultadas compensações monetárias para, como idiotas chapados, sermos os coveiros da nossa própria economia. Entretanto, na igual medida em que deixámos de produzir começamos a importar o que antes criávamos. E não faltou dinheiro. Os bancos dos mais poderosos países da UE emprestavam-nos todo o que queríamos, a juros baixos, a 2, 5, ou 10 anos, conseguindo deste modo criar a procura indispensácel à exportação de todos os seus excedentes, objectivo primeiro das suas maquinações. Reavendo na operação, todo o dinheiro que nos haviam emprestado e constituindo-se credores.
Em vez do escoamento para a UE dos nossos produtos da indústria de calçado, lanifício e vestuário, no que ingenuamente acreditámos, tivemos afinal que aceitar a importação de iguais produtos de países fora da UE mas, também das maças da Argentina, das laranjas da África do Sul, etc.
Na grande feira em que se constituiu afinal a UE fomos enganados, como pacóvios ingénuos, pelos seus mais ardilosos e poderosos feirantes, bem acompanhados na trama por seus comparsas nacionais.

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2 Comments:

Blogger Fenix said...

Depois de todos estes estragos, sugiro que a UE se assuma como um grande país, "unido na diversidade" e fomente a igualdade entre todos os seus cidadãos.

10:42 PM  
Anonymous Anônimo said...

Enquanto a UE for governada por funcionários do Pawerpoint....e do jact service....vou mas é emigrar lá prós lados do Tibet....

Acudam que andam à solta os sugas....

12:09 AM  

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