A AGENDA DO DINHEIRO E A DAS RUAS
Na véspera da cúpula de Bruxelas, o BC europeu sinalizou a natureza estrita do que seria a prioridade do encontro encerrado nesta 6ª feira. A instituição dirigida pelo italiano Mario Draghi, não por acaso ex-vice presidente do Goldman Sachs para Europa, tratou de resgatar os bancos e deixou a sociedade nas mãos dos mercados. Draghi cortou juros e ofereceu liquidez ilimitada ao crédito interbancário, o que é importante, mas não resolve impasses estruturais da UE. A começar pelo facto de que o banco central que ele dirige não é um instrumento de soberania da sociedade sobre os mercados, muito ao contrário. Ao aderirem ao euro, os Estados não dispõem mais de uma autoridade monetária capaz de emitir dinheiro e administrar a dívida pública; por lei, o BCE é proibido de comprar títulos oficiais, excepto emprestando dinheiro a bancos para que o façam, com lucro. O mundo não teria vencido a crise de 1929 se essa fosse a regra. Ela subordina o financiamento público (leia-se, investimento estatal, políticas sociais e de emprego e a taxa de juro) à chantagem especulativa dos 'livres mercados'. Essa é uma das causas da crise actual que a cúpula do euro, longe de corrigir, radicalizou. Não por acaso, o encontro, cercado de expectativas, dissipou-se em conflitos e tensão. Não se ouviu em Bruxelas qualquer menção a palavras como crescimento, democracia e trabalho. Faz todo sentido: o lugar para discutir isso, cada vez mais, é a rua.
Marcadores: BCE, os mercados
1 Comments:
Com protagonistas daqueles só podemos esperar o pior, e não vai ser bonito de ver o resultado.
Cumps
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