Portugal afunda-se...

Custa-me ver um presidente da república fazer o papel do “bom missionário” quer quando elege a “inclusão” como tema de salão ou como agora nas comemorações do 25 de Abril, em tom apaziguador e paternalista, apela para uma “vivência democrática” um pouco mais participada. Mais uma vez, Cavaco Silva, como tem sido comum deste que assumiu a presidência, alheia-se dos graves problemas nacionais e refugia-se na ladainha que agrada a todos e não aborrece ninguém.

Os graves problemas que o País atravessa exigiam uma outra postura do seu máximo representante.

O Défice de 2006 foi de 5,3% do PIB, um défice enorme se nos recordarmos que contou com as receitas de um IVA de 21% e demais impostos; o Serviço Nacional de Saúde está em fase de extinção, mais caro e menos prestativo, ainda que hipocritamente o governo pretenda fazer crer que se trate de uma reestruturação para bem do utente; as novas medidas para a Função Pública, são um autêntico desastre nacional, com elas não resultará menor despesa pública como se propagandeia, antes pelo contrário, e restará no final piores serviços públicos e seguramente mais caros; a Justiça continua sem funcionar, mantendo-se os atrasos processuais o que constitui um factor gravemente prejudicial ao desenvolvimento económico; na Educação mantém-se o completo desgoverno das “universidades privadas”, mantendo-se a promiscuidade vigente desde há alguns anos, entre políticos e universidades, com prejuízo efectivo do ensino ministrado; na Segurança elevam-se as estatísticas dos crimes graves sem que se vislumbre qualquer medida efectiva para o seu combate; na Comunicação Social assiste-se à tentativa do governo pelo seu controlo; o Desemprego continua a aumentar, mês após mês, sem que se vislumbre qualquer medida que inverta tal situação; o combate à Corrupção é travado pelo Partido Socialista quando trava as próprias medidas propostas pelo seu militante João Cravinho.

Dificilmente o português consciente irá perdoar ao seu presidente, o abandono da missão de vigilância e alerta da acção governativa, que constitucionalmente lhe incumbe.