sexta-feira, dezembro 04, 2009

Sócrates e a economia


ECONOMIA

2006
O ministro das finanças Teixeira dos Santos, parece dar-se por satisfeito com os dados sobre a economia nacional do ano transacto, apresentados hoje pelo INE. Um crescimento do PIB de apenas 0,3%, não deixa o ministro incomodado apesar do enorme desvio para os 2,4% previstos inicialmente. Não entrámos em recessão como muitos vaticinaram, ficámos a 3 décimas, o que pelos vistos, é quanto basta ao senhor ministro.
Num ano em que a EDP, PT, Galp os Bancos e Financeiras arrecadaram lucros monumentais, o País divergiu de todos os países da zona euro. Os preços “regulados” destas empresas fornecedoras de energia e telecomunicações permitiram-lhes obter lucros fabulosos. Todos sabemos como as pequenas e médias empresas se encontram sufocadas economicamente. A factura que liquidam da energia, telecomunicações, e carburantes são cada vez mais pesadas para a sua vivência diária. E quando necessitam de crédito conhecem bem os seus custos. Enquanto meia dúzia de grandes empresas engordam de modo absurdo, as pequenas e médias empresas que contribuem, elas sim, para o crescimento económico nacional desesperam lutando pela sobrevivência.
A economia nacional não arranca e a taxa de desemprego continuará a aumentar, enquanto o governo submeter as pequenas e médias empresas à asfixia em que se encontram.

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Sócrates não cabe em si de satisfação pelos “sinais favoráveis” que diz vislumbrar na economia do País. Como “Mestre Sala” do grande desfile de sucessos económicos nacionais, com que vai entretendo o Zé contribuinte, anuncia a cada hora, mais um “sinal favorável”. Ele é o plano, que já foi choque tecnológico, ele é o Bill Gates, o MIT, a OTA, o TGV, os novos Investimentos, as Opas e Contra-Opas, ele são os fabulosos lucros dos bancos, PT, EDP, Galp, etc, etc.
Para o primeiro-ministro tudo isto são “sinais favoráveis” da economia. Como se a economia real portuguesa girasse à volta de anúncios de intenções, ou de projectos megalómanos, que apenas ou sobretudo favorecem super-empresas estrangeiras, ou de mudanças de capital entre empresas, que não geram nada de novo a não ser uma diminuição de concorrência, ou ainda dos super lucros das grandes empresas que exploram as telecomunicações, os transportes e carburantes, a energia e os créditos.
No ano em que estas empresas apresentam os maiores lucros de sempre, é precisamente o ano em que Portugal apresenta o mais baixo crescimento económico de sempre, de apenas 0,3% do PIB. O que levaria a parar para pensar, creio bem, um qualquer primeiro-ministro mais preocupado no País do que na sua própria imagem.
A economia nacional gira sobretudo em volta das pequenas e médias empresas, o seu estado é o reflexo do estado da nossa economia.
Todos sabemos como elas se encontram sufocadas economicamente. A factura que liquidam da energia, telecomunicações, transportes e carburantes são cada vez mais pesadas para a sua vivência diária. E quando necessitam de crédito conhecem bem os seus custos. Enquanto meia dúzia de grandes empresas engordam de modo absurdo, as pequenas e médias empresas desesperam lutando pela sobrevivência. A preocupação maior do governo deveria residir em medidas que provocassem a motivação de todas estas empresas, através de benefícios fiscais, apoio técnico, redução de impostos, promoção de produtos sobretudo no estrangeiro e redução das suas despesas de exploração regulando com eficácia o preço da energia, telecomunicações, créditos e carburantes.
Não compreende Sócrates, que a razão do desenvolvimento se encontra nas nossas pequenas e médias empresas espalhadas pelo País, e que da sua pujança e força advirá o nosso crescimento económico sustentado.
Infelizmente a continuar por este rumo a economia nacional jamais convergirá com a UE e aproximar-se-á, cada vez mais das economias típicas dos países subdesenvolvidos, dos países do terceiro mundo.
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UM - O Primeiro-ministro (PM) acredita que a economia portuguesa está a atravessar um momento de “mudança e viragem”. José Sócrates garante que há indicadores positivos que apontam para a recuperação e representam um sinal de confiança para os investidores e para as instituições internacionais.
DOIS - A perda de competitividade da economia, o elevado nível de endividamento das famílias e empresas e o esforço de consolidação orçamental do Estado vão impedir uma recuperação rápida da economia portuguesa e colocar o País a crescer abaixo das projecções do Governo até 2009, antecipa o Fundo Monetário Internacional (FMI). (DN25.10.06)

2007
Esta gente socorre-se a cada momento de qualquer falácia política, na presunção de que o que é dito hoje, amanhã já estará esquecido. Não há memória neste discurso, o facto político é consumido e no próprio dia em que é lançado assim é descartado e esquecido.
E todos os dias são criteriosamente estudados e lançados pelo governo novos factos políticos, que a comunicação social acolhe servilmente, favorecendo aquele propósito.
A economia nacional não arranca e a taxa de desemprego continuará a aumentar, enquanto o governo submeter as pequenas e médias empresas à asfixia em que se encontram.
Os custos da sua exploração continuam a agravar-se, com custos de energia (electricidade e gás), telecomunicações, transportes, combustíveis, créditos bancários, seguros, etc, cada vez maiores. Por outro lado as pequenas e médias empresas suportam uma pesadíssima carga fiscal (as empresas com lucros superiores a 250 milhões de euros registaram em 2004 uma taxa efectiva de IRC de 14% enquanto as médias empresas com lucros entre 150 e 5 milhões a taxa efectiva foi superior a 20%).
Mas não fica por aqui o fadário das pequenas e médias empresas; elas têm que suportar eternamente as dívidas de maus clientes uma vez que a Justiça está paralisada e um IVA exorbitante de 21%.
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Em 2006 o Governo e até o governador do Banco de Portugal falaram sucessivas vezes sobre a melhoria da situação económica. Comentadores houve a anunciar a retoma, mas sexta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas divulgou as contas e afinal o PIB só cresceu 1,3%, tanto como no ano de 2004, que ficou marcado pelo semestre de governação de Santana Lopes. E Santana e Bagão até se podem queixar da conjuntura externa, porque enquanto no Governo de Sócrates as exportações revelam bom desempenho, contribuindo para o grosso do crescimento, em 2004 a procura externa teve uma contribuição negativa. Feito um exercício simples, se a procura externa do Governo de Santana tivesse o mesmo comportamento do de Sócrates, Bagão e Santana poderiam ter brilhado com um crescimento de 3,6% !!! (CM)
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Esta obsessão irracional de Sócrates pela redução do Défice, que se tornou já num panfleto de propaganda politica do governo e não num objectivo natural e necessário de um qualquer governo, não tendo em conta, desprezando mesmo o factor desenvolvimento económico, não pode deixar de ser, além de irracional, estúpida e absurda.
A redução do Défice sem crescimento económico é um disparate que se traduz em atraso no desenvolvimento económico e social do País, e num agravamento gratuito das condições de vida dos cidadãos. A redução do Défice só faz sentido quando contribui para o crescimento e o desenvolvimento económico.
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Ninguém se iluda. Estamos na verdade a enterrarmo-nos no pântano. A política que vem sendo seguida pelo governo é absolutamente contrária ao desenvolvimento económico. As “reformas”ensaiadas, tão elogiadas pelos “fazedores de opinião” na comunicação social e pela generalidade da classe politica, são pseudo reformas, desajustadas e mais prejudiciais do que benéficas ao desenvolvimento económico e social do País. Avizinham-se dias mais difíceis ainda, porque a lógica da política económica deste governo a isso conduz.
Não referem as causas verdadeiramente responsáveis por este descalabro, os aumentos de impostos (IVA sobretudo), os custos de produção das empresas, exorbitantes quando comparados com o resto da Europa, auto-estradas caríssimas, custos das telecomunicações, da energia, do crédito bancário, dos combustíveis e de outros serviços prestados pelos monopólios (que contrastam com os super lucros que vêm obtendo), indispensáveis à vivência das empresas ou ainda por uma Justiça inoperacional que igualmente afecta a vida económica nacional. O País afunda-se inexoravelmente e cada vez mais, neste pântano socialista, fruto das políticas irresponsáveis deste arrogante, ignorante e incompetentíssimo governo.

2009
-O poder de compra dos trabalhadores por conta de outrem registou em Portugal durante o ano passado a maior descida dos últimos 22 anos, calcula a Comissão Europeia. Segundo os dados divulgados pelo Eurostat, Portugal encontra-se já abaixo da Eslovénia e da República Checa, estando a Grécia bastante acima do nosso país.

- O desemprego passou a barreira dos 500.000, o que já não acontecia há mais de 20 anos.

- Portugal está menos competitivo no xadrez económico mundial. Desceu dois lugares, de 37.º para 39.º, na tabela da competitividade, elaborada pelo Institute for Management Development (IMD).

-Portugal diminuiu o seu índice de “desenvolvimento humano” ao cair uma posição, situando-se agora em 29º lugar no ranking das Nações Unidas que analisou dados de 177 países. Na Europa fomos ultrapassados pela Eslovénia, Grécia e Chipre. Atrás de nós apenas a Hungria, Polónia e Bulgária.

-Em Portugal o nível de vida desceu de 74,7% para 73,9%, entre 2004 e 2008.

-Portugal, de entre os 15 países da zona euro (Bélgica, Alemanha, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Itália, Chipre, Luxemburgo, Malta, Holanda, Áustria, Portugal, Eslovénia e Finlândia), encontra-se em último lugar no que se refere ao valor do PIB (2007) por habitante.Portugal tem um índice de 76 quando a média dos países da zona euro é de 110. Contudo em 2005 Portugal tinha um índice de 77 e em 2007, 76, regredindo portanto. A Roménia tinha apenas 35, a Polónia 51, a Letónia 49, a Lituânia 53, e assim por diante. O que significa que enquanto estes países vão progredindo, Portugal vai regredindo.

-Através de vários estudos do Eurostat e de pequenas notícias nos jornais ou suplementos económicos, ficámos a saber que os portugueses ganham menos 40% do que a média europeia e que o fosso salarial entre os mais ricos e os mais pobres em Portugal voltou a bater recordes, estando quase duas vezes acima da média europeia a 15. Ainda antes das alterações às reformas aprovadas pelo Governo, já somos o terceiro país onde as pessoas trabalham mais anos e se reformam mais tarde da Europa a 25.

- Portugal está no grupo de países com piores gestores, diz o Diário Económico (16.07.07) citando um estudo realizado pela Mckinsey junto de quatro mil empresas, nos EUA, Ásia e Europa. (DG)
-Os portugueses, afinal, gastaram mais 95 milhões de euros na compra de medicamentos em apenas dois anos – entre 2005 e 2007. Esse aumento dos custos para os doentes representa um crescimento da despesa em 14 por cento, o que contraria as medidas anunciadas e implementadas pelo Ministério da Saúde, com a redução do preço dos medicamentos de marca, em seis por cento, e dos genéricos em 30 por cento, medidas que estão em vigor.

-A Administração Pública portuguesa demora em média 152,5 dias para acertar as contas com os seus fornecedores. O atraso destes pagamentos pela Administração Pública portuguesa, são o pior resultado entre a totalidade dos países da União Europeia

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

As causas da crise estão bem determinadas:sobrevalorização em 25% quando da entrada no euro,retirando competitividade ás exportações e promovendo um desproporcionado consumo face á produtividade;muito mais baixa produtividade face á média europeia;custos de trabalho excessivos face aos dos nossos competidores nos mercados externos( alguns nem custos sociais tem...);custos elevados da dívida pública;excesso de despeza do Estado, causada pela má gestão e desperdício e por certo aumento desmezurado da despeza social;Justiça ineficaz;um serviço nacional de saúde excessivamente igualitário, onde os ricos não pagam e com uma qualidade acima das possibilidades decorrentes do nosso baixo PIB per capita;dispendioso rearmamento das forças armadas;crise no sistema de ensino,com baixa rentabilidade face aos custos,e agravada pela nova «escola alternativa», vulgo formação profissional e novas oportunidades, onde se dão diplomas sem a existência de real aproveitamento técnico e cultural;corrupção na decisão e na execução;tecido empresarial habituado a sobreviver sem pagar impostos e contribuições;ambiente de falta de incentivo ao trabalho e á criativiade;excesso da conflitualiade inter pessoal e grupal nas empresas e reapartições, por falta de disciplina e liderança;massa salarial excessiva face ao PIB na função pública;falta de incentivos á mobilidade laboral;ambiente cultural que despromove a qualidade de desempenho social e profissional e os indespensáveis valores,optando pelo relativismom moral e pelo apagamento das instituições, a começar pela família, Igreja,Estado,escola, etc;excesso de influência dos media, originando negativa auto imagem baixa confiança.

Note-se um grande perigo:com a destruição da agricultura, do ruralismo e das pescas,com o abandono das aldeias,o país ficou sem rectaguarda económica,fundiária e social,ficou sem o tal fundo que desde sempre limitava as consequências sociais da amplitude das crises!

VL

11:16 PM  

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