terça-feira, novembro 09, 2010

O FMI e a Dívida Pública


Políticos, banqueiros, politólogos e outros “analistas” repetem-se nas suas considerações sobre a Dívida Pública e o FMI fazendo crer que, a continuarem a subir os juros da dívida pública, a entrada do FMI em Portugal será a única alternativa para “salvar” o país da crise. Agravando deste modo drasticamente as já severas medidas de austeridade inscritas no orçamento de estado para 2010, recentemente aprovado pelo PS e PSD. Mas, um mal menor no seu entender. Não tendo o governo “coragem” (condições políticas) para impor tais medidas, necessário se torna recorrer ao FMI. Na verdade, quem determina a entrada do FMI em Portugal é ele próprio. A data e a hora da sua intervenção, será por si e só por si determinada.
A decisão da entrada do FMI será tomada quando, e só quando ele próprio concluir que o capital dos credores de Portugal, as oligarquias financeiras que compraram a dívida pública portuguesa, está deveras ameaçado, que Portugal não tem dinheiro para assegurar o pagamento das dívidas que contraiu. O FMI não vem assim para “ajudar” o país, mas muito simplesmente para garantir o retorno financeiro dos credores internacionais a quem o governo de Sócrates entregou a dívida pública nacional. Pouco lhe importa que as medidas de austeridade provoquem uma recessão económica ou que se agravem as condições de vida dos portugueses. Pelo contrário, ele procurará fazer tão só uma operação financeira, retirando rendimentos aos cidadãos portugueses para o entregar aos credores internacionais.
O governo de Sócrates é o único responsável pela infeliz situação em que o país se encontra. O drástico agravamento da Dívida Pública e a opção de a entregar a credores internacionais só a si se devem. Na verdade, em 2004, mais de metade da dívida pública encontrava-se em mãos de nacionais, ao contrário de 2010, em que os nacionais detém apenas 15%. Esta política foi conscientemente assumida. Recorde-se o ataque aos certificados de aforro. Por outro lado, em 2004, a dívida pública não ia muito além de 50% do PIB (abaixo da média dos países europeus) enquanto hoje ela é superior a 91% do PIB. Este agravamento astronómico em tão curto espaço de tempo é deveras surpreendente.

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