domingo, janeiro 23, 2011

a derrota do euro


Poderá desmoronar-se a moeda da Europa? E se tal acontecesse. O que ocorreria? Sean O’Grady imagina um futuro em que os Estados membros voltam atrás.

Berlim, 29 de Setembro de 2013. Ângela Merkel volta a ser eleita chanceler com uma vitória retumbante e sem precedentes. “ A mulher que salvou a Alemanha” brilha diante de uma multidão de seguidores, à porta de Brandenburgo. Depois de umas palavras de agradecimento e num gesto teatral, a chanceler Merkel retira uma nota do bolso de 100 novos marcos. Agita-a mostrando-a à multidão. As pessoas gritam expressando a sua aprovação. Todos compreendem a mensagem. O pesadelo do euro terminou. Em realidade já tinha acabado dois anos antes.
Os acontecimentos do dia 16 de Setembro de 2011, “o dia da morte do euro”, dificilmente poderiam ter um início menos dramático. Porque o golpe final da credibilidade do euro não resultou de um outro dia de agitação nem de uma outra grande cimeira, mas da decisão dos juízes do Tribunal Constitucional Alemão em Karlsruhe.
Os mercados de valores de Paris, Frankfurt e Londres e desde logo em todo o mundo, registaram as suas piores quedas desde a década dos anos trinta. Era inevitável uma outra profunda depressão económica. As dificuldades em vender euros que se viveu nas semanas anteriores, converteu-se em pânico generalizado. Inclusivamente aqueles que não possuíam conhecimentos financeiros deram conta que o velho euro não valia nada, porque o seu valor era indeterminado. Qualquer coisa se resgataria quando o euro se convertesse nas moedas nacionais novamente instituídas. Mas, para muitos aforradores da UE e credores das dívidas do governo irlandês, grego, espanhol, português e italiano e dos títulos bancários, tornava-se impossível estimar quanto. O que se sabia era que seria menos.
Desde a primeira crise da dívida soberana da Grécia, em Maio de 2010, começou a “pensar-se o impensável”. Depois dos resgates sucessivos da Irlanda em 2011, de Portugal em Dezembro e da Espanha em Janeiro de 2012, o fundo de resgate da UE secou, ficou sem um cêntimo quando Sílvio Berlusconi pediu mais.
Agora, os líderes da UE aplicavam o seu “Plano B”. A chanceler Merkel tinha insistido em fazê-lo, uma vez que “a paciência da Alemanha se tinha esgotado”. Primeiro, o “novo euro” substituiu automaticamente o antigo e esta nova moeda tinha um valor 80% inferior ao anterior. Todas as dívidas e os depósitos se ajustariam em consequência e os seus valores se desvalorizariam drasticamente.
Mas não acabava aqui a dor daqueles que se encontravam com as economias mais débeis. Porque o novo euro era simplesmente uma ponte até à reabilitação das antigas moedas nacionais. De facto, o novo euro era simplesmente uma “unidade contabilística”, um pacote de moedas nacionais que se haveriam de reabilitar completamente, mas que por agora se mantinham bloqueadas no novo euro com valor fixo, ainda que na maioria dos casos com um valor bastante baixo que voltaria a desvalorizar-se muito em breve.
Quando se restabeleceram em 1 de Janeiro de 2013, as novas moedas nacionais, o novo euro cambiava-se livremente pelos novos dracmas, as novas libras irlandesas, os novos escudos, os novos francos belgas, as novas pesetas, etc. O problema era que os cidadãos destes países verificaram que com o maço de notas que agora tinham compravam menos que com os novos euros e muito menos ainda do que com os euros originais. Em alguns casos, haviam perdido 50% ou mais do seu poder aquisitivo.
Ainda assim, na Alemanha, Finlândia, Holanda e alguma outra nação, inverteu-se o empobrecimento. De repente, os consumidores encontraram-se numa situação melhor quando foram gastar os seus novos marcos, marcos finlandeses, schillings e guilders. O novo franco “fort2”de França tentou manter o seu valor contra o novo marco, com resultados contraditórios.
Na última conferência de imprensa em Maio de 2012, um esgotado presidente Sarkozy apelidou os especuladores de moeda e os jornalistas de “pedófilos idiotas” adiantando, “cavalheiros, já não terão Sarko para as vossas investidas”. Perdeu as eleições frente a Dominique Strauss-Kahn, o antigo director do FMI, que regressou a França para conquistar o Eliseu. O lema de DSK foi: “Nunca acredite no euro”.

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Bom cenário..só que irreal porque não vai acontecer..

Se ( quando )o euro acabar aqueles personagens já estarão a milhas....e nós por cá todos contentes ....finalmente...na cultura da couve e do alho porro...com sardinha por três como antigamente...

é que ...amendoim....mandioca...e outros produtos tropicais... já nós despachamos...de borla...por atacado...por esse mundo fora...

12:04 AM  

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