sábado, julho 02, 2011

Cleptocracia financeira

viCman
A única preocupação da União Europeia, nestes tempos de crise, tem consistido na procura de soluções que satisfaçam os interesses das instituições financeiras abaladas com a crise financeira especulativa que rebentou em 2008 e com todas as sequelas a ela associadas. O agravamento das dívidas públicas dos países periféricos é uma delas. Das sucessivas reuniões da senhora Merkel, do senhor Sarcozy e do senhor Trichet, parecem não terem surgido soluções satisfatórias. Em seus discursos fala-se dos mercados, de como assegurar os pagamentos das dívidas públicas, de cortes sociais e de “reformas” laborais. Não se fala dos cidadãos nem do chamado projecto social europeu. Alias, a palavra social, parece só por si, causar alergia aos actuais líderes europeus. Só há palavras para a “consolidação financeira”, o mesmo é dizer que só há palavras para a satisfação dos interesses financeiros da cleptocracia financeira.
Cleptocracia financeira de uma voracidade, insaciável, bárbara, sem piedade, sem limites, obrigando países, através dos seus governantes, meros agentes serventuários, à sua própria imolação. O que está a acontecer agora com a Grécia, mas em breve outros países se seguirão é de uma violencia sem limites. A Grécia, em 2011 deverá privatizar o monopólio de apostas e lotarias OPAP, o Postbank, a empresa de gestão de águas de Salónica (a segunda cidade do país) e as empresas de gestão portuária de Pireu e Salónica. De 2012 a 2015 seguem-se as privatizações da empresa de águas de Atenas, refinarias, empresas eléctricas, o ATEbank, a gestão dos portos, aeroportos, auto estradas, direitos de exploração de minas, propriedades imobiliária e terrenos estatais. Uma verdadeira razia, retirando ao povo grego a gestão social de todos os sectores estratégicos indispensáveis ao desenvolvimento de uma economia ao serviço da sociedade. Um verdadeiro saqueio, a que haverá de acrescentar a imposição de novo aumento generalizado de impostos e novos cortes sociais. E tudo isto, na certeza de que em 2015, a Grécia estará em piores condições económicas e financeiras do que se encontra hoje. Com mais dívida, com mais recessão e com a miséria do seu povo. E então, o que acontecerá depois? Ninguém se atreve a antever o futuro sombrio da Grécia e da UE. Primeiro, será preciso que a cleptocracia financeira arrecade o espólio grego depois, será o que Deus quiser. É esta a dimensão política dos senhores que governam hoje a Europa! Empurrar com a barriga os problemas para a frente.
É a cleptocracia financeira que hoje governa a UE. Não existe qualquer tipo de solidariedade entre os países da UE. Ao contrário, o que existe é um individualismo exacerbado em cada um dos países que a constituem, procurando cada um deles tirar vantagens económicas e financeiras ludibriando os demais. Recorrendo à chantagem se necessário. Como classificar a “ajuda” a Portugal quando se cobram juros de 5 e 6% quando, os países que o financiam recorrendo aos “mercados” para esse empréstimo, obtém juros de 2 e 3%? Para esta UE tudo é negócio.
O que está a acontecer na Grécia, Portugal e Irlanda é um problema demasiado sério para a União Europeia que não deveria ser tratado apenas como simples problemas de dívida, operações e encaixes financeiros. É um problema político que deveria merecer soluções políticas. Infelizmente quem governa a Europa não são políticos mas mercenários ao serviço da cleptocracia financeira; incapazes portanto de gerar soluções políticas que defendam melhores condições de vida e de bem-estar dos povos europeus.

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

E quanto a esses tipos que governam a Europa..quando chegar a altura da bernarda...põem-se a andar e nós cá ficamos todos á batatada....

11:25 PM  
Anonymous Anônimo said...

E quanto à Grécia..imagine que o vizinho se lembra de outros tempos ...

11:26 PM  

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