quarta-feira, dezembro 14, 2011

Os “mercados” já não toleram o Estado Social

Josetxo Ezcurra
As empresas de rating, as três agências de qualificação (Fitch Ratings, Moody’s y Standard & Poor’s) gozam de uma desmedida e escandalosa importância pois da nota de confiança que atribuem a um país depende o juro que ele pagará para obter crédito dos mercados. Quanto mais baixa a nota, mais alto será o juro.
Estas agências não só costumam equivocar-se, em particular em suas opiniões sobre as “subprimes” que deram origem à crise actual, senão que, num contexto como o de hoje, representam um papel execrável e perverso. Como é óbvio que todo o plano de austeridade, de cortes no seio da zona euro se traduzirá numa queda do índice de crescimento, as agências de qualificação baseiam-se nisso para degradar a nota do país. Consequência: este deverá dirigir mais dinheiro ao pagamento da sua dívida. Dinheiro que terá que obter aumentando impostos e cortando ainda mais nas suas funções sociais. Com o qual a actividade económica se reduzirá inevitavelmente assim como as perspectivas de crescimento. E então, de novo, as agências degradarão a sua nota...
Este infernal ciclo de “economia de guerra” explica por que razão a situação da Grécia se degradou tão drasticamente à medida que o seu governo multiplicava os cortes e impunha uma férrea austeridade. De nada serviu o sacrifício dos cidadãos. A dívida da Grécia baixou ao nível dos “bonos” de lixo.

Deste modo os mercados obtiveram o que queriam: que os seus próprios representantes acedessem directamente ao poder sem terem que submeter-se a eleições. Tanto Lucas Papademos, primero- ministro da Grécia, como Mario Monti, Presidente do Conselho de Itália, são banqueiros. Os dois, de uma maneira ou de outra, trabalharam para o banco Goldman Sachs, especializado em colocar homens seus nos postos de poder.
Estes tecnocratas deverão impor, custe o que custar socialmente, na lógica de uma “democracia limitada”, as medidas (mais privatizações, mais cortes, mais sacrifícios) que os mercados exigem. E que alguns dirigentes políticos não se atreveram a tomar por temor da impopularidade que isso acarreta.
A União Europeia é o último território no mundo em que a brutalidade do capitalismo é ponderada por políticas de protecção social. Isso, ao que chamamos Estado Social. Os mercados já não o toleram e querem demoli-lo. Essa é a missão estratégica dos tecnocratas que acedem aos orçamentos dos Estados mercê de uma nova forma de tomada de poder: o golpe de Estado financeiro. Apresentado aliás como compatível com a democracia.
É pouco provável que os tecnocratas desta “era pós-política” consigam resolver a crise (se a sua solução fosse técnica, já a tinham resolvido). Que se passará quando os cidadãos europeus constatem que os seus sacrifícios foram em vão e que a recessão se prolonga? Que níveis de violência alcançarão os protestos? Como se manterá a ordem na economia, nas mentes e nas ruas? Se estabelecerá una tripla aliança entre o poder económico, o poder mediático e o poder militar? Se converterão as democracias europeias em “democracias autoritárias”?

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3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Quanto à última parte do Post...

...parece que andam prá'í aos tiros aos pórticos dos IPs...lá pró Algarve...
...Ah...mas não tardou muito e toca de pôr uma brigada de GNR de vigia em cada um...

é assim mesmo!!!
Faz lembrar... aqui há uns anos atrás lá pelas Áfricas ...andavam por lá uns tipos aos tiros e vai daí toca a ir a tropa toda para lá...

... o pior é se os donos das caixas dos multibancos...e das ourivesarias...e da malta que vai a sair de casa depois de jantar para ir ao cinema e acaba a passear na mala do carro...
....também vão pedir GNR à porta..??!!

Credo que eu não sou deste tempo...

11:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro Blogger...

....tem alguma ideia se as Agências de Rating....costumam participar nas cimeiras da UE..?? e nas reuniões do G20...

...é que não consigo vê-las nas fotos de família...??

11:17 PM  
Anonymous Anônimo said...

O estado social tem sido usado como capa.....logo....os mercados acordaram....e.....corta,corta,corta....anda muita gente preocupada com o estado social sem necessidade...porque sera ?

11:47 PM  

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