segunda-feira, junho 25, 2012

A receita de dona Angela

De acordo com dona Angela Merkel – a pronúncia recomendada é ‘Anguela’, dura como a sua alma – austeridade significa o Estado cortar tudo, e que se dane a gentalha. Ao sabor de sua convicção, a União Europeia tem aplicado a receita por tudo que é canto.
Os resultados, a gente começa a conhecer: os bancos são e serão salvos, as pessoas que se arrumem. Penso nisso tudo quando leio sobre o que está acontecendo na Grécia, em Portugal, na Irlanda, na Espanha, e que daqui a um suspiro vai acontecer na Itália.
É mais ou menos o que durante décadas aconteceu aqui, na América Latina: um bando de sabichões disfarçados de sábios dizem o que deve ser feito, e ponto final. As consequências de suas sapiências são pagas pela ralé, pela gentalha, por isso que nas estatísticas merece o nome de população, e nos discursos, o nome de povo.
A radical receita dos neoliberais, entronizada por dona Angela e seus pares, se impôs. E, com ela, se impôs o fim do futuro de gerações de europeus.
Estão todos – em Portugal, na Grécia, na Irlanda, na Espanha – entre a angústia e o desamparo. O futuro foi-se embora.
Os bancos estão sendo salvos. Resta saber para quem.
Eric Nepomuceno
 (Ler texto completo em cartamaior)