domingo, outubro 07, 2012

"Regresso aos mercados"

São uma falácia as afirmações do governo quanto à melhoria das condições de financiamento do país. Segundo o governo, Portugal estará em condições de ir ao mercado em Setembro do próximo ano colocar dívida pública. Eu creio que nem o governo confia no que diz, uma vez que se acreditasse no que propagandeia não se tinha apressado a colocar em leilão o prolongamento por mais dois anos de parte da dívida que amortizará precisamente em Setembro de 2013. 
 Na verdade, não existe nenhum dado ou facto recente que apoiem ou dêem crédito aos desejos do governo de regresso aos mercados em Setembro do próximo ano. Bem pelo contrário. Os bancos estrangeiros continuam a retirar dinheiro que emprestaram ao país, quer ao Estado quer à banca portuguesa. De acordo com os dados do Boletim Estatístico do Banco de Portugal de Agosto, o valor da dívida de curto prazo nas mãos de investidores estrangeiro atingiu, em Junho, o nível mais baixo de sempre: 276 milhões de euros, que representam 2% do total da dívida de curto prazo quando, antes de 2008, os estrangeiros detinham 87%. Ou seja, nesta altura a banca portuguesa é quem tem em mãos a quase totalidade dos títulos, isto é, 98%. E na dívida de longo prazo, apesar de ainda ser maioritariamente detida por investidores estrangeiro, houve uma quebra de 15 mil milhões de euros na primeira metade do ano, detinham 84% da dívida portuguesa de longo prazo quando hoje detêm apenas 52%. 
 Os investidores estrangeiros à medida e logo que atingem a maturidade os seus investimentos em dívida pública portuguesa retiram-nos de imediato sem qualquer novo reinvestimento. Fogem rápido e a sete pés, continuando praticamente assim ausentes dos leilões de dívida portuguesa. Os bancos portugueses são as únicas entidades financeiras que continuam a comprar a dívida portuguesa. Com o financiamento que obtêm do BCE, uma vez que também aos bancos nacionais está cortado o financiamento estrangeiro. No primeiro trimestre do ano, a exposição das instituições financeiras internacionais aos bancos portugueses teve uma quebra de 20%, ou seja 4,2 mil milhões de euros. Situava-se no final de Março em 17 mil milhões de euros, segundo dados divulgados pelo (BIS). Por sua vez o recurso dos bancos portugueses ao BCE alcançava no final de Junho 60,5 mil milhões de euros, mais 1,8 mil milhões de euros que no final de Maio, uma subida de 3,07% num mês. Desde o início do ano, as cedências de liquidez concedidas aos bancos nacionais pelo BCE aumentaram em 31,5%. 
 São portanto infundadas as expectativas de regresso aos mercados propagandeadas pelo governo e pelo seu sinistro ministro das finanças.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pelo que leio...estamos tramados....

...e quando o BCE fôr á falência...quem é que nos emprestará o dinheirinho...??

5:16 PM  
Anonymous Anônimo said...

Timor ofereceu-se para adquirir dívida Tuga....

11:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

Viva Timor....

12:56 AM  

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